Tecnologia evolui meios de pagamentos na administração pública
Gilberto Stori Junior*
A Tecnologia da Comunicação e Informação
tem sido uma grande aliada na evolução de diversos processos que impactam a
sociedade e a administração pública, e nos meios de pagamento essa realidade
não tem sido diferente.
Ao longo dos séculos, muitos
instrumentos para transações entre consumidores e vendedores foram utilizados.
Começou com a troca de mercadorias, o escambo, utilizado por mais de 8 mil
anos. O dinheiro em papel só surgiria em 1661. Mas, se olharmos para a história
recente, considerando os últimos 80 anos como referência, a evolução foi consideravelmente
rápida.
Em 1946, surge o Charge-It,
representando o primeiro cartão; em 1961 aparece o conceito dos wearables
(dispositivos vestíveis); em 2008 as famosas moedas digitais (bitcoins) e em
2014 cresce o uso dos mobiles payments. Já em 2020, vemos o surgimento do Pix
(pagamento eletrônico instantâneo), hoje uma das principais formas de pagamento
no Brasil.
O sucesso do Pix se comprova por meio de
números. Em apenas um ano de implantação no Brasil, completado em 16 de
novembro de 2021, conforme o Banco Central, o sistema já contabilizava mais de
348 milhões de chaves cadastradas e 1,6 bilhão de transações neste período.
Quando são analisados números de dezembro do ano passado, é possível ver que o
Sistema de Pagamentos Instantâneos foi responsável pela movimentação de R$
622,4 milhões no país, apresentando um crescimento de 451% quando comparado a
janeiro do mesmo ano.
Essa preferência do público pelo uso do
Sistema de Pagamentos Instantâneos foi sentida pelos órgãos públicos, que
iniciaram de maneira gradativa a implementação do Pix para a quitação de
tributos, sendo uma possibilidade mais prática e rápida ao cidadão.
O Instituto das Cidades Inteligentes
(ICI) contribuiu no processo de desenvolvimento dessa realidade para os
curitibanos, possibilitando o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano
e Taxa de Coleta de Lixo (IPTU-TCL) da Prefeitura de Curitiba em 2022. A adesão
até o início de abril do referido ano era de 23% dos cidadãos optando pela
ferramenta Pix. Assim, estima-se que desde 14 de fevereiro, foram realizadas
18.688 operações, com R$ 3,9 milhões movimentados.
Nesse contexto, precisamos atentar para
a velocidade e para a experiência de compra do consumidor. Pois é ela quem
influencia a inovação por meio da tecnologia. O estudo Pace Pulse, feito pela
FIS em parceria com Ipsos, mostra que 52% dos entrevistados afirmaram ter
utilizado pagamentos online em 2021, 49% adquiriram sua mercadoria por meio de
aplicativos e 40% optaram por pagamentos sem contato (Near
Field Communication – NFC), comprovando a aceitação do método digital para
realizar compras e pagamentos, o que denota uma flexibilidade do brasileiro
para o uso das novas ferramentas.
Desta forma, ao analisarmos os hábitos
de utilização dos meios de pagamento, devemos refletir para qual rumo deve
seguir o avanço desta transformação digital não só no setor privado, mas também
na administração pública, considerando que as pessoas muito em breve já não
utilizarão mais o dinheiro de papel e até mesmo o cartão físico. Na Suécia, por
exemplo, o dinheiro de papel sairá de circulação até 2030.
O desafio principal é permitir ao
consumidor ou cidadão meios de pagamento ágeis e práticos nas mais diferentes
frentes, como tributos municipais, transporte público, estacionamento rotativo,
entre outros.
Vale ressaltar que essa análise não tem
fim em si mesma, pois de maneira holística essas inovações e avanços estimulam
a economia e a sustentabilidade financeira do próprio poder público,
proporcionando condições de prestar serviços de qualidade para a sociedade.
Portanto, fica uma importante reflexão aos gestores de negócios, sejam eles
públicos ou não.
*Gilberto Stori Junior é jornalista (PUCPR), com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas (Uniandrade) e certificação em Vendas e Gestão Comercial aplicada a produtos e serviços financeiros (PUCRS). Atua na área de Serviços do Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).
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