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Vício em Criptomoedas existe? Psiquiatra alerta sete sinais para se preocupar

Transtorno pode ser equiparado à obsessão por jogos de azar e uso excessivo de celulares. Além de problemas financeiros, obsessão por criptomoedas pode causar prejuízos à saúde.

Crédito: Canva

São Paulo, abril de 2022 - Promessa de enriquecimento rápido e fácil como “renda alternativa” em tempos de crise econômica, em qualquer lugar do mundo, a qualquer dia ou hora, sem estar sob a observância ou regras de nenhum banco ou governo, são algumas das promessas das criptomoedas; qualquer forma de moeda digital ou virtual que use criptografia para a realização de transações e sem autoridade central de emissão ou regulação.

Tais características tornam a moeda mais volátil se comparada a mercados tradicionais, e essa volatilidade leva os traders (como são chamados os negociadores) a um estado de quase hipnose, ao passarem dias e noites analisando ação de preço e padrões de gráficos de diversas criptomoedas a fim de ganhar cada vez mais.

Falando de aspectos de saúde mental, o “trader” pode desenvolver um transtorno patológico de compulsão ou dependência. Associações Médicas e estudiosos tem buscado separar estes “vícios” em químicos e não químicos. Entenda-se por não químico aqueles que estão associados a meios tecnológicos, games, jogos de azar ou compras. “O mercado de criptomoedas tem todos os elementos necessários para uma pessoa desenvolver uma dependência. A possibilidade de enriquecimento rápido promove fortes emoções e ativa a circuitaria cerebral ligada a reforço positivo. Para as pessoas vulneráveis pode ser um grande risco”, explica o psiquiatra e diretor técnico da Clínica Revitalis, Sergio Rocha.

Ainda de acordo com o especialista, dadas as devidas proporções, a negociação de criptomoedas pode ser comparada ao ciclo de apostas de jogadores em cassinos. A diferença é que no mercado de ações e criptomoedas isso fica disfarçado sob um manto de negociação profissional. Mas os sintomas e perdas são absolutamente semelhantes a qualquer dependente de outras substâncias ou comportamentos.

Nesse cenário, hospitais ao redor do mundo e profissionais da saúde perceberem um aumento de internações para tratar da obsessão pelo mercado de criptomoedas. O Dr. Sérgio Rocha alerta que pessoas dependentes de jogos de azar são as que mais tentam o suicídio se comparadas a qualquer outra dependência ou compulsão. A maioria absoluta das pessoas que enveredam nesse mundo acumula enormes perdas e dívidas, o que gera um sentimento de impotência e vergonha, além da derrocada financeira.

Observando mais de perto a obsessão pelo mercado de criptomoedas, percebe-se que ela pode ser o resultado de uma soma da ludopatia - entendida como um tipo de transtorno psicológico caracterizado pelo vício em jogos de azar – e Nomofobia – acrônimo surgido na Inglaterra a partir da expressão “no-mobile” (sem celular, em tradução livre ao português) e que hoje se refere ao medo de ficar sem computador ou internet.

Estudo divulgado pela Digital Turbine, mostra que 20% dos brasileiros não ficam mais de 30 minutos longe do celular. Outra pesquisa diz que o Brasil ocupa o 4º lugar do ranking de pessoas viciadas em celular.

Segundo Rocha, em muito pouco tempo desenvolvemos uma enorme interação e relação de dependência com novas tecnologias para nos mantermos atualizados e socialmente ativos, migrando em massa para esse ambiente, ficando viciados em likes e visualizações.

“O efeito de estímulos ligados ao prazer, do reforço positivo resultado de reconhecimento social virtual também promove liberação de neurotransmissores e ativação de redes neurais específicas. Uma vez ativadas elas ajudaram a reforçar o desejo de interagir com o estímulo cada vez mais”, afirma.

Vale lembrar que um dos fatores que ajuda a aumentar o número de usuários de qualquer objeto ou substância é a facilidade de acesso a mesma. A universalização dos jogos por meio da internet com certeza contribuiu para o aumento do número de pessoas adictas em jogos assim como também aumentou a gravidade dos que já tinham a doença desenvolvida.

Abaixo os sinais que podem indicar o desenvolvimento da obsessão pelo mercado de criptomoedas:

1.    Estreitamento de repertório pessoal;

2.    Necessidade cada vez maior de interagir com o estímulo de escolha em detrimento de claras perdas em outras áreas da vida.

3.    Troca de atividades, pessoas e crenças que antes eram muito valorizadas, pelo objeto da compulsão em questão;

4.    Sensação de distanciamento de amigos e familiares;

5.    Perda de concentração em atividades não relacionados à obsessão;

6.    Aumento progressivo de investimentos em criptomoedas;

7.    Súbitos pedidos de empréstimos ou apoio financeiro. 

 

Sobre a Clínica Revitalis

Fundada em 2013 , no Rio de Janeiro, mais precisamente na reserva biológica de Araras-Petrópolis, no Rio de Janeiro, a clínica conta com 82 leitos de internação e preza pela excelência no que se refere ao tratamento de saúde mental. Em 2017, abriu uma filial em Botafogo, na capital fluminense. Atualmente é referência no tratamento de transtornos em saúde mental para o público infantojuvenil. Entre os serviços ofertados pela clínica estão a internação, o Hospital-Dia, o ambulatório e a eletroconvulsoterapia (ECT). A clínica busca oferecer uma solução completa em saúde mental focando a excelência no tratamento através da combinação de valores humanos e competência técnica.

Sobre o Dr. Sérgio Rocha

Médico especialista em Psiquiatria, fez residência médica pela Marinha em 2006. Em 2007 fez pós graduação latu sensu em Psiquiatria pela PUC-Rio, sendo convidado em 2009 para ser professor de psicofarmacologia e coordenador da pós-graduação em Psiquiatria da PUC-Rio, atuando assim até 2017. Também é mestre em Neurociências pela IAEU, BAR -- Espanha (2015), especialista em Dependência Química pela UNIFESP (2017) e pós graduado em Psicopatologia Farmacêutica pela Santa Case de São Paulo (2019). Atuou na Clínica Revitalis como Diretor Técnico desde sua fundação em 2013.

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