6 Tendências da Telemedicina no Brasil em 2022
Por Natália Cabrini
Recentemente, completamos dois anos desde que a lei que autoriza a
prática de telemedicina no Brasil foi aprovada pelo congresso. A legislação foi
uma resposta à alta demanda por atendimentos à distância, a fim de cumprir as
orientações de distanciamento social impostas pela pandemia do COVID-19. Mas,
será que a telemedicina no Brasil continuará em alta mesmo após a pandemia?
Com a crescente adoção do modelo entre os pacientes, médicos e
seguradoras de saúde, a demanda por serviços de telemedicina,
que já apresentava expressivo crescimento, certamente, continuará aumentando em
2022 e nos anos seguintes. Segundo estudos recentes realizados pela Global
Market Insights, a telemedicina deve movimentar US$ 131 bilhões até 2025. O
dado reflete como este mercado segue em ascensão e se consolida como uma
categoria fundamental para todo o ecossistema da saúde, fomentando, inclusive,
outros setores que tenham relação direta com o uso de tecnologias neste
segmento. Diante deste cenário, relacionamos as seis principais tendências para
a telemedicina no Brasil, em 2022, a fim de salientar a importância dos
investimentos em tecnologias disruptivas para o desenvolvimento da área da
saúde.
1 - Aumento contínuo na demanda por cobertura de telemedicina
Diante destas transformações, muitas pessoas passaram a enxergar a
telemedicina como uma primeira linha de cuidado, com boa relação de custo x
benefício para doenças de menor risco, bem como para consultas de
acompanhamento. Como resultado, em 2022, teremos empresas de planos de saúde
colaborando com provedores para ampliar o acesso a este modelo de cuidado,
aumentando, por exemplo, o investimento em tecnologias que sejam necessárias
para oferecer o suporte adequado às consultas, como plataformas audiovisuais,
sistemas para integração de prontuários, plataformas de receitas digitais e
ferramentas de suporte à decisão clínica.
2. Incentivo aos médicos e pacientes por meio do plano de saúde
As rápidas mudanças de hábito provocadas pela pandemia continuarão em
ritmo de crescimento após a crise e ganharão a adoção predominante da
sociedade. Neste sentido, à medida que os programas de reembolso se expandem,
os médicos serão incentivados a explorar novas maneiras de utilizar a
telemedicina para cuidar de quadros médicos mais complexos (como diabetes),
idosos com mais de 65 anos e aqueles que, tradicionalmente, não têm fácil
acesso a cuidados de saúde de qualidade.
Atualmente, os planos de saúde já oferecem aos usuários, médicos e
provedores de serviços alternativas para consultas virtuais ou presenciais, a
partir da rede assistencial, conforme aponta a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS).
3. Crescimento das indústrias adjacentes da telemedicina
Conforme a demanda por telemedicina cresce, o mesmo acontece com os
periféricos e dispositivos necessários para oferecer suporte a estes serviços.
Plataformas de telemedicina e ferramentas que transmitem os dados do paciente
ao médico (in-home monitoring), por exemplo, também se tornarão um grande
negócio em um futuro próximo.
Além das consultas virtuais individuais, entre médicos e pacientes, a
telemedicina expandiu-se para modelos diretos ao consumidor, como entrega em
domicílio de prescrições e dispositivos médicos de uso doméstico. Desta forma,
a demanda dos pacientes também está impulsionando o crescimento da
telemedicina, uma vez que as instituições de saúde buscam ampliar ou aprimorar,
cada vez mais, os serviços de telemedicina, com enfoque nas expectativas e na
experiência do paciente.
4. Maior integração de Inteligência Artificial
Outra ferramenta que tem se destacado e ganhado força nos mais diversos
setores econômicos e sociais é a Inteligência Artificial (IA). No setor de
saúde, podemos imaginar, no futuro, a IA sendo utilizada por médicos para
elaborar planos de cuidado com base em vários data points e projeções. Afinal,
a IA pode contribuir na redução do potencial de erro no atendimento ao paciente
internado, agilizar a entrada de pacientes por meio de chatbots, questionários
de triagem iniciais e outras ferramentas, reduzindo, assim, as filas de espera
online e ajudando os médicos a realizar a triagem dos pacientes com mais
eficiência e agilidade.
5. Necessidade de maior diligência na segurança cibernética
No atual cenário tecnológico, qualquer estratégia de telemedicina deve
considerar a segurança cibernética. O setor de saúde é um dos grandes
alvos dos cibercriminosos, devido à grande quantidade de dados sensíveis de
pacientes coletados e armazenados. Neste sentido, veremos, a partir de agora,
um foco significativo em ações que tenham como objetivo garantir a segurança
dessas informações.
Em vigor no Brasil desde setembro de 2020, a Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD) exerce exatamente a função de proteger os dados pessoais e
garantir que as empresas respeitem suas determinações. Neste contexto, será
cobrada uma responsabilidade ainda maior das instituições de saúde com relação
ao controle e a segurança dos dados dos pacientes - incluindo dados em
trânsito.
6. Tecnologia de suporte à decisão clínica otimiza as consultas via
Telemedicina
A inovação e o aprendizado contínuo são mais do que mandatórios neste
momento. A medicina baseada em evidência e o
acesso a dados e informações confiáveis emergem como importantes agentes para os
próximos anos e auxiliam na otimização das consultas via telemedicina.
Além disso, a uniformização de protocolos clínicos e a disseminação de
conteúdos baseados em evidências entre todos os profissionais é sempre um
grande facilitador. Nesse contexto, é importante oferecer nas consultas
virtuais o suporte adequado para que o profissional de saúde possa acessar
conteúdos de qualidade e atualizados sobre sua especialidade e outras
informações que julgar necessárias, mas, sempre, considerando a decisão
diagnóstica de acordo com a expertise profissional.
A aceitação e a utilização da telemedicina
foram aceleradas por necessidade, nos últimos anos. Entretanto, a tendência é
que a crescente busca por consultas médicas virtuais siga aquecida e se
desenvolva de forma orgânica nos próximos anos. Para que isso seja possível, é
fundamental que o investimento em tecnologias como as citadas anteriormente
seja proporcional à demanda apresentada pelo modelo de teleconsultas,
garantindo um crescimento equivalente e o desenvolvimento simultâneo destes
dois segmentos.
Natália Cabrini é Diretora de Estratégia de Mercado e Vendas, da Wolters Kluwer, Health para América Latina.
Nenhum comentário