Com peças únicas, que contam histórias e são feitas com resíduos têxteis para corpos reais, AZ Marias fará a terceira participação no São Paulo Fashion Week
Marca liderada por Cíntia Félix já esteve em
duas outras edições do evento e, agora, prepara uma nova apresentação virtual
AZ Marias: moda com resíduos têxteis
divulgação
Prestes a fazer a terceira participação no São Paulo Fashion Week (SPFW) –
ainda sem uma data definida – a AZ Marias (azmarias.com.br) tem muito a mostrar
no mundo da moda. Idealizada e criada por Cíntia Maria Faustino Félix, de 35
anos, a marca tem se consolidado dentro do conceito slow fashion, com peças únicas, feitas de
resíduos têxteis e que contam histórias.
Foi por conta do
projeto Sankofa, que visa dar visibilidade, apoio e suporte a empreendedores
racializados, que a AZ Marias conseguiu espaço dentro de uma das maiores
semanas de moda do mundo. A primeira participação foi por meio de um fashion film, que apresentou
as peças da coleção Nzinga.
Os
produtos foram criados em homenagem à memória da Rainha Nzinga da Matamba, que
foi uma diplomata, militar e estrategista angolana. Amada pelo seu povo, ela
era odiada pelos invasores portugueses e conseguiu frear o poder colonial de
Portugal em Angola. Com essa coleção, a marca buscou mostrar a força e a
resiliência.
Em novembro do ano
passado, a segunda aparição da marca no evento foi de maneira presencial, com
um desfile com peças que homenagearam Lélia Gonzalez. Co-fundadora do Instituto
de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro, do Movimento Negro
Unificado e do Olodum, ela foi pioneira nos estudos sobre a Cultura Negra do
Brasil, além de se destacar como autora, política, professora e filósofa. Os
anos 70 também tiveram destaque na apresentação.
Agora, Cíntia tem
elaborado o desfile que apresentará, em formato digital, na terceira
participação da marca no SPFW, o que deve acontecer entre junho e julho deste
ano.
Fabricação
A
AZ Marias carrega em suas peças a afroancestralidade histórica, mas também vem
cheia de outros conceitos. “Nós temos todo o cuidado de usar uma matéria-prima
que já está pronta, que é a melhor que existe, porque já passou pelo processo
fabril e pode proporcionar melhor qualidade de vida ambiental. Mas, nós também
nos preocupamos com a mão de obra. Todas as costureiras que entram na AZ são
prestadoras de serviços e nós as ajudamos quando estão precificando o trabalho
com um valor muito baixo e ainda auxiliamos em outras questões, como na criação
de um MEI. Nós queremos que elas sejam agentes de mudança”, afirma Cíntia.
Além
disso, as roupas são criadas tendo como ponto de partida os corpos reais, se
baseando em manequins que vão do número 40 ao 52. “Somos mulheres vestindo
outras mulheres e que são brasileiras, com bastante quadril, bumbum, barriga… E
queremos mostrar que dá para fazer ótimos produtos para todas elas”, conclui.
Vendas
Atualmente, o público
encontra no site www.azmarias.com as
roupas da primeira coleção, a Nzinga. As peças só são produzidas conforme são
vendidas. E, antes de soltar uma nova coleção, é feita uma pré-venda para ver
qual será a aceitação do público e quais produtos serão comercializados.
Quando esse levantamento for feito, Cíntia deverá disponibilizar os drops dos anos 70 e de Lélia Gonzalez. “De um lado, temos a dificuldade de produzir em maiores quantidades, o que seria importante para ampliarmos a marca e as oportunidades para muitas profissionais que investem no trabalho, porque não temos investimento de uma startup. De outro, quem compra sabe que aquela peça foi pensada com total carinho e dedicação para vesti-la, nos mínimos detalhes. Esse é o momento da AZ Marias”, finaliza Cíntia Félix.
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