Delegação vai representar o Brasil em evento internacional contra abuso infantil na internet
Evento da organização 'We Protect' marca
entrada do país a grupo seleto de nações que combatem juntos os crimes sexuais
em ambiente virtual
Aministra da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos, Cristiane Britto, vai liderar a delegação brasileira que vai
a Bruxelas, na Bélgica, no próximo dia 30, para participar da Cúpula Global de
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes na Internet (We Protect Global Alliance).
Na ocasião, o Brasil deve anunciar
adesão a uma força-tarefa internacional – composta por governos, empresas de
tecnologia e membros da sociedade civil – com o objetivo de realizar ações
coordenadas para identificar e combater grupos criminosos que atuam em ambiente
virtual.
Para a ministra, será uma oportunidade
para o Brasil apresentar as ações que vêm sendo realizadas nos últimos anos,
mas, principalmente, para trocar experiências e conhecer iniciativas que vêm
surtindo efeito em outros países.
“O abuso de crianças para a venda de
material pela internet, bem como a própria exploração sexual de adolescentes em
ambiente virtual, é um crime que explodiu nos últimos anos. No Brasil temos
inúmeros casos. Precisamos mostrar aos criminosos que a rede mundial não é
terra sem lei e, para isso, vamos unir esforços com amplo apoio internacional”,
afirma.
O encontro ocorre entre os dias 1º e 2
de junho. Além do debate principal, estão previstos eventos paralelos e agendas
bilaterais entre a comitiva brasileira e representantes de nações parceiras no
enfrentamento à violência contra crianças.
Compõem a Cúpula Global 98 governos; 70
organizações da sociedade civil; 55 empresas de tecnologia – entre eles Google,
Microsoft, Amazon, Apple e Meta (Facebook); e nove organismos internacionais –
como Unicef, Interpol e União Internacional de Telecomunicações.
Abusos no Brasil
A preocupação do Governo Federal se dá
porque uma em cada cinco crianças e adolescentes entre nove e 17 anos vê
material sexual indesejado online. É o que aponta o relatório ‘Segurança online
de crianças e adolescentes: minimizar o risco de violência, abuso e exploração
sexual online’, publicado em 2019 pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Lazer (Unesco) e a União Internacional de Telecomunicação
(UIT).
Além disso, no Brasil, em 2018, foram
registradas cerca de 60 mil denúncias de pornografia infantil na internet
(ONG Darkness to Light).
Dados do Disque 100 indicam que, somente em 2021, foram registradas mais de 1,5
mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes em ambiente
virtual.
“O que mais nos preocupa é a subnotificação. Neste exato momento há alguma criança sendo molestada em ambiente virtual e a situação pode nunca ir a público, por medo ou vergonha dessa criança. Muitos acabam com sequelas para toda uma vida, até mesmo com ideias suicidas. Nosso país precisa dar um basta”, diz o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício Cunha.
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