Detector automático de Fake News deve funcionar nestas eleições
Pesquisadores agora trabalham em versão que
ajuda identificar posts falsos em redes sociais e aplicativos de troca de
mensagens
Foram sete
meses de trabalho para “ensinar” o computador a interpretar textos. A fakenewsbr.com
é uma plataforma de verificação que identifica informações falsas de forma
automática. O coordenador
do projeto, professor Francisco Louzada, do Centro de Matemática e Estatística
Aplicada a Indústria (CeMEAI), explica que o sistema usa
algoritmos de inteligência artificial para identificar padrões comuns em
notícias mentirosas. “Identificamos
palavras, expressões e estruturas comuns em notícias falsas. O texto mentiroso
costuma apelar para a emoção do leitor, é opinativo e carrega um tom de
urgência. Esses padrões, junto com algumas palavras que costumam sempre
aparecer em textos enganosos, são os sinais que o computador localiza e
classifica”, detalha.
A ferramenta
ainda funciona de forma experimental, mas já pode ser consultada por qualquer
pessoa pelo endereço fakenewsbr.com.
Em menos de um mês vai estar pronta para a operação definitiva. “Há uma expectativa de que as eleições
deste ano sejam marcadas por muitas mentiras na internet. Essa ferramenta pode
ajudar o brasileiro a separar as verdades das mentiras antes de tomar sua
decisão”, acredita Louzada.
A inovação foi
apresentada a peritos criminais de todo o Brasil durante o XXVI Congresso
Nacional de Criminalística, realizado pelo Sindicato dos Peritos Criminais do
Estado de São Paulo (SINPCRESP).
O professor
explica que o sistema consegue ‘entender’ a informação, para identificar
mentiras mesmo que o texto apareça reescrito ou editado em sites diferentes. “Mesmo os sites campeões de fake news
publicam cerca de 60% de conteúdo verdadeiro, como forma de confundir o leitor.
O algoritmo analisa o texto completo e identifica as informações principais.
Isso permite encontrar mentiras em qualquer notícia, mesmo quando essa fraude
aparece em um pequeno trecho do texto”, explica Louzada.
Para treinar a
inteligência artificial, os pesquisadores alimentaram o banco de dados com mais
de 7 mil notícias já verificadas e classificadas entre verdadeiras e falsas.
Depois foram selecionadas outras 99 mil notícias para a verificação. Essa
segunda etapa foi uma espécie de “treino” para a máquina. O resultado foi de 96%
de acerto, em média.
Ferramenta ainda funciona de forma experimental, mas já
pode
ser consultada por qualquer
pessoa
Ataques de
hackers
Francisco
Louzada conta que o site passou a ser alvo de ataques de hackers, que tentaram
sobrecarregar o servidor com milhares de consultas simultâneas, feitas por
robôs. Houve lentidão, mas os invasores não conseguiram atingir o objetivo de
deixar o sistema fora do ar. “A
plataforma foi hospedada em um servidor mais robusto e seguro para enfrentar o
período eleitoral, ele deve ter grande demanda”, revela.
Redes sociais
O
fakenewsbr foi desenvolvido para analisar notícias completas. A equipe de
cientistas e desenvolvedores agora trabalha na análise de textos curtos, de
publicações em redes sociais. “O
texto mais longo traz uma informação completa, mas posts de redes sociais, além
de curtos, podem ter palavras abreviadas. Também encontramos postagens com
textos completamente verdadeiros, mas que indicam links para notícias falsas.
Em alguns meses essa verificação também estará disponível”,
completa o especialista.
Francisco
Louzada é coordenador do fakenewsbr.com
e professor do CeMEAI
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