Em abril, valor médio da Cesta Básica aumenta em todas as oito cidades pesquisadas
Preço da cesta básica variou de 5% a 10,7% no
mês
40 dos 51 produtos pesquisados
aumentaram de preço em todas as capitais.
Aumento da cesta básica em 6 meses
atinge 28% em Salvador.
Maio de 2022 - O valor médio da cesta de
consumo básica de alimentos de abril/22 aumentou
em relação ao mês anterior em todas
as oito capitais analisadas mensalmente pela plataforma Cesta
de Consumo HORUS & FGV IBRE, com aumentos recordes, que variaram de 5% a 10,7%.
As maiores altas foram registradas em Curitiba (10,7%), Belo Horizonte
(9,6%) e São Paulo (7,8%), em relação aos valores de março/22. As capitais Manaus e Fortaleza
apresentaram as menores
altas, com 5,0%
e 5,1%, respectivamente, ainda assim bem
significativas, considerando que a variação se refere ao
período de apenas um mês.
A cesta
mais cara foi a do Rio de Janeiro (R$ 884,97), seguida pelas de
São Paulo (R$ 867,41) e Fortaleza (R$ 766,50). Por outro lado, as capitais Belo
Horizonte (R$ 615,96), Manaus (R$ 648,75) e Brasília (R$ 693,98) registraram os
menores valores.
Tabela 1 – Valores da Cesta de Consumo básica por capital em abril/22
Dos 18 produtos da cesta básica, 13
apresentaram aumento de preço em todas as capitais. Os únicos itens que apresentaram
comportamento de queda no preço em algumas das capitais
foram as carnes bovinas e suínas.
As maiores altas foram no Leite UHT,
Óleo de soja, Margarina, Massas alimentícias, Manteiga, Frango, Café em pó e
grãos, dentre outros listados nas tabelas abaixo. Frutas e legumes continuam
apresentando alta nos preços, mantendo a tendência dos últimos meses, agora
acentuada pela crise de abastecimento dos fertilizantes, em função da guerra, uma
vez que a Rússia é um dos principais exportadores desse insumo para o mundo.
Tabela 2 – Produtos com altas de preços médios da cesta de consumo
básica em todas as capitais em abril/22
Tabela 3 – Produtos com mais altas de
preços médios da cesta de consumo básica em todas ou quase todas as capitais em
abril/22
O preço do litro de leite UHT aumentou entre 8% e 15% em um mês. O aumento do
preço dos insumos tem elevado o custo de produção do leite, especialmente o
milho e a soja, que registraram forte valorização devido à quebra da safra
brasileira. Junta-se a isso a elevada demanda mundial desses insumos, por conta
da guerra, o que tem mantido o preço dessas commodities em alta.
O preço do óleo de soja, por sua vez,
ainda sofre impactos pela quebra de safra devido à estiagem no Sul do Brasil.
Além disso, houve quebra de safra do óleo de palma na Ásia, reduzindo no Brasil
a oferta de óleo de dendê, mais consumido por ser mais barato. Por fim, a
guerra resultou em menor oferta de óleo de girassol, dado que a Ucrânia e a
Rússia respondem por 77% da exportação desse produto. Com a redução de oferta
dos óleos de palma e de girassol, houve aumento significativo da demanda
mundial por óleo de soja, levando seu preço às alturas. Junta-se a isto o
crescente interesse por biodiesel, que tem o óleo de soja como a principal matéria-prima,
devido à alta no preço internacional do petróleo. Todos esses fatores podem ter
contribuído para o aumento do preço no mercado nacional, levando a variações de
preço de até 18,3% no mês.
Já os preços das massas alimentícias
foram impactados devido ao aumento internacional do preço do trigo, decorrente
da guerra entre Ucrânia e Rússia, que são grandes exportadores do produto.
O aumento do preço dos ovos é
consequência, principalmente, de dois fatores. Um deles é a alta procura do
produto, como uma alternativa de proteína mais econômica, em função do aumento
de preço das carnes. Outro fator é o aumento dos custos de produção, em
especial do milho, usado na ração para alimentar as galinhas, que tem
apresentado alta de preços como reflexo de fatores climáticos, como as geadas e
estiagem, que ainda prejudicam algumas regiões.
Os problemas climáticos também têm sido
o principal motivo de aumento de preço do feijão, devido à quebra de safras e
consequente redução da oferta no mercado. Já o aumento do preço do arroz
deve-se, principalmente, ao aumento dos custos de produção, devido à alta de
preços dos insumos utilizados na lavoura.
Os legumes continuam apresentando altas
expressivas de preços de na maior parte das capitais, pressionados, principalmente, pelo
aumento do preço da cenoura e da batata, que tem sido impactado pelas fortes
chuvas que prejudicaram a colheita nas principais cidades produtoras desde o
fim de 2021. O mesmo vale para explicar a alta do preço das frutas.
Cabe destacar que, mesmo com a
estabilidade dos fatores climáticos ao longo do ano, a guerra também deve contribuir
para que os preços desses produtos, que vêm das lavouras do campo, se mantenham
altos.
“A Rússia é um dos principais
exportadores de fertilizantes do mundo, e o Brasil depende fortemente daquele
país para o fornecimento desse insumo largamente utilizado em lavouras do país,
o que tende a aumentar os custos de produção e, consequentemente, a
pressionar os preços de legumes, frutas e verduras para cima”, diz
Luiza Zacharias, Diretora de novos negócios da HORUS.
A variação acumulada no valor da cesta
básica, nos últimos 6 meses, foi diferente entre as capitais, variando de 9,1%
no Rio de Janeiro e alcançando 28,3% em Curitiba.
Tabela 4 – Valores da cesta de consumo
básica acumulada nos últimos 6 meses
Os alimentos que mais subiram de preço nos últimos 6 meses, em todas as
capitais, estão apresentados na tabela a seguir. Os legumes lideram a lista.
Tabela 5 – Alimentos com maiores
variações de preço nos últimos 6 meses
Quando se considera a cesta
de consumo ampliada, que inclui bebidas e
produtos de higiene e limpeza, além de alimentos, houve um aumento no valor
médio em todas as oito capitais analisadas, repetindo o comportamento da cesta
básica. As capitais que apresentaram valores mais altos da cesta ampliada foram
Rio de Janeiro (R$ 1.818,00) e São Paulo (R$ 1.798,66). As maiores altas no
valor da cesta ampliada foram registradas em Belo Horizonte (12,6%) e Curitiba
(7,7%).
Tabela 6 – Valores da cesta de consumo
ampliada por capital em abril/22
Na cesta ampliada, destaca-se a elevação de preços de praticamente todos os
produtos em todas as capitais. Dos
33 produtos da cesta ampliada, 27 tiveram aumento de preço em todas as cidades.
Ou seja, se considerarmos todos os produtos das cestas básica e ampliada, dos 51 itens pesquisados, 40 aumentaram
de preço em todas as capitais, e os demais apresentaram aumento
na maioria delas.
Tabela 7 – Alimentos com mais altas de
preços médios na cesta ampliada em abril/22
Aumentos expressivos, em todas as capitais, nos derivados do leite, em forte
tendência de alta, e na batata congelada, reflexo do aumento do preço da batata
in natura. Pressão de alta de preços também nos derivados do trigo, como
farinha de trigo, snacks e
salgadinhos e massas instantâneas.
E os aumentos de preços não param nos
alimentos. Produtos de higiene, limpeza e bebidas também tiveram alta
generalizada, impactados, principalmente, pelo aumento do preço do petróleo e
energia elétrica. Confira a seguir.
Tabela 8 – Produtos de higiene e limpeza
com mais altas de preços médios na cesta ampliada em abril/22
Tabela 8 – Bebidas com
mais altas de preços médios na cesta ampliada em abril/22
Em suma, abril de 2022 se apresenta como um mês de forte escalada de preços em
quase todos os produtos pesquisados, em todas as capitais, situação bem
diferente da encontrada nos últimos 6 meses de acompanhamento da Cesta de
Consumo HORUS FGV IBRE.
Sobre a Cesta de Consumo HORUS & FGV
IBRE
A HORUS Inteligência de
Mercado (https://www.ehorus.com.br/) e o Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas - FGV IBRE (https://portalibre.fgv.br/) se
uniram para lançar a plataforma Cesta de Consumo. O serviço monitora a variação
de preço de duas cestas de consumo típicas brasileiras pela análise da leitura
mensal de mais de 35 milhões de notas fiscais: a Cesta de Consumo Básica,
que conta com 22 alimentos básicos com maior presença nas
compras do shopper, e a Cesta
de Consumo Ampliada, contendo mais de 50 produtos
de consumo, incluindo bebidas e itens de limpeza, higiene e beleza.
A plataforma, que pode ser acessada no link https://cestaconsumo.ehorus.com.br/ monitora a variação e o comportamento dos preços nas oito maiores capitais brasileiras em população - Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo -, e os produtos e quantidades analisados variam conforme os hábitos de consumo locais.
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