Expectativa de grande crescimento
João Carlos Marchesan*
Em função da pandemia
causada pela covid-19, os anos de 2020 e 2021 foram bastante desafiadores,
particularmente para a indústria de máquinas e equipamentos. O cenário sensível
demandou resiliência e interlocução por parte dos setores produtivos com as
diversas instâncias do governo federal, objetivando demonstrar às autoridades
públicas em todas as suas esferas, a relevância que temos para o PIB, para a
geração de emprego e arrecadação de impostos. Também reforçamos as
peculiaridades da cadeia produtiva, a qualidade da mão de obra empregada, a
importância da obtenção de capital de giro e financiamento para a modernização
das máquinas compatíveis com a atividade realizada, entre outros fatores.
A realização da 27 º
edição da AGRISHOW nos demonstrou, entretanto, a pujança do setor de máquinas e
equipamentos como um todo e do agro em particular. Tivemos 520 mil metros
quadrados de exposição a céu aberto, com mais de 800 marcas presentes no
evento, entre nacionais e internacionais, tendo recebido mais de 150 mil
visitantes altamente qualificados, do Brasil e do exterior, oriundos de
mais de 70 países.
Pudemos assistir o que
de mais moderno existe no mundo em tecnologia de máquinas agrícolas, para
atender a necessidade de Agricultura 4.0 digital, a maior revolução do campo.
No entanto, o setor
enfrenta hoje um grande desafio: Precisamos de um Plano Safra 2022/2023
compatível, que leve em consideração que 50% das máquinas agrícolas brasileiras
em uso no campo tem mais de quinze anos. E esse parque precisa ser
modernizado. E esta modernização passa pelo novo plano Safra que está sendo
está sendo elaborado dentro do governo. E para isto nós temos que pensar em
investimentos com juros compatíveis às necessidades do setor produtivo.
Importante notar que o
contínuo aperfeiçoamento das máquinas e implementos agrícolas e o advento da
digitalização na agricultura, constituem importante fator de aumento da
produtividade das lavouras e da competitividade do agronegócio Brasileiro.
Desse modo, nossas sugestões para as linhas de financiamento são baseadas em
alguns pontos fundamentais:
- Previsibilidade e estabilidade
na oferta de crédito;
- Volume de recursos adequados; e
- Juros fixos e compatíveis com a
atividade econômica.
Especificamente com
relação ao Moderfrota, sugerimos uma ampliação do volume de recursos para R$ 32
bilhões. Especificamente com relação ao Pronaf Mais Alimentos, sugerimos um
volume de recursos de R$ 11 bilhões.
Para o Inovagro e
Moderagro, estimamos que sejam necessários no mínimo R$ 8.15
bilhões de Reais .
Nossas sugestões para o
PCA - Programa para Construção e Ampliação de Armazéns pedem um
aporte de recursos da ordem de R$ 15 bilhões, de forma a evitar a ampliação do
déficit de armazenagem no Brasil.
A positiva indicação de
um novo recorde de safra no país, demonstra que o Brasil consegue responder a
contento à demanda mundial crescente por alimentos. Mas, por outro lado,
pressiona ainda mais o déficit de armazenagem de grãos no país, que está
próximo aos 100 milhões de toneladas e beirando o caos logístico.
Sabemos ainda que
atualmente, menos de 15% da área total cultivada no Brasil utiliza a tecnologia
da irrigação, no entanto, representa mais de 40% dos alimentos produzidos.
Assim, sugerimos que o Proirriga - Programa de Financiamento à Agricultura
Irrigada e ao Cultivo Protegido tenha uma ampliação do volume de recursos para
R$ 5 bilhões.
Só para se ter uma ideia, a China irriga 70 milhões de hectares, os Estados
Unidos 17, e no Brasil 7. Por isso que necessitamos de investimento. Para
continuar produzindo, alimentando o povo brasileiro, e gerando divisas para o
País.
Para crescer devemos
investir, não há outro caminho. Precisamos voltar a acreditar no Brasil, o
nosso potencial é fabuloso, vivemos em um país rico e abundante. Precisamos
voltar a administrar a abundancia e não a escassez. Nesse momento, quero
demonstrar meu otimismo e a fé de que neste ano do bicentenário da
independência, nos renovamos a esperança que os governos, atuais e futuros,
voltem a reconhecer a importância que a indústria tem, para o desenvolvimento
do Brasil.
*João Carlos Marchesan é administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ
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