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Guerra por procurações e ocidente colocando cartas na mesa

Especialista em Direito Internacional aponta mudanças e perigos no conflito entre Rússia e Ucrânia

Após quase três meses de conflito entre Rússia e Ucrânia, parte do ocidente acredita que mesmo diante de ameaças, o temor de uma possível terceira guerra mundial é cada vez menor e que o momento é de apoio às forças ucranianas para combater o exército do presidente russo Vladimir Putin. A guerra começou em 24 de fevereiro, desde lá, apenas os Estados Unidos investiu mais de U $3,7 bilhões em ajuda bélica aos ucranianos. Kiev gastou cerca de U $4,3 bilhões, em um total de mais de U $8 bilhões gastos no conflito.

No fim do mês de abril, na maior base dos Estados Unidos na Europa, em Ramstein na Alemanha, 40 países da Otan e aliados se reuniram, onde o secretário de defesa norte-americano comandou um esforço para o envio de mais armamento para apoiar o exército ucraniano. Na ocasião, a Alemanha anunciou que enviaria blindados com canhões antiaéreos Gepard, não foi informada a quantidade de armamento que serão enviados pelos alemães, que acabaram esbarrando na falta de munição para enviar o armamento.

Devido a falta de munição, que é fabricada apenas na Suíça, que não autorizou a exportação para permanecer neutra no conflito, o que fez com que a Alemanha procurasse munição em países como a Romênia, Jordânia e o Brasil que ainda usam o sistema. Recentemente, o Exército Brasileiro havia procurado a Alemanha para revender os blindados e chegou a oferecê-los ao Qatar, que acabou comprando 15 veículos de Berlim para usar na proteção aos estádios da Copa do Mundo deste ano.

Para o advogado especialista em Direito Internacional, Dr. Leonardo Leão, a posição alemã, e os incentivos do governo britânico para que a Ucrânia passe atacar alvos em território da Rússia, marca uma posição de mudança na guerra, o avanço prático de nações que estão se posicionando de forma mais contundente diante da Rússia.

“Alemães e britânicos estão literalmente colocando as cartas na mesa, a visita de dois importantes nomes do governo dos Estados Unidos a Kiev, Lloyd Austin (Secretário de Defesa) e Antony Blinken (Secretário de Estado) apenas reforça essa mudança de posicionamento do ocidente, ou seja, estão de fato acreditando no enfraquecimento de Putin e apoiando a Ucrânia de forma mais literal, essa movimentação foi muito clara nesses últimos dias, aponta Leão.

Ainda segundo o premiê alemão Olaf Scholz, há quase U $2 bilhões reservados na Alemanha para ajuda de Kiev, e esse número pode aumentar.

Guerra por Procuração

Para os russos, o que está acontecendo é uma chamada “guerra por procuração”, entre o ocidente e a Rússia. Nesses três meses de guerra 31 países já ajudaram a Ucrânia, a maioria de forma militar. Nas contas russas, nesse estágio da guerra as forças áreas ucranianas já estariam exterminadas, o que não aconteceu devido ao auxílio externo, mas que o estrago já é muito grande, aproximadamente 150 naves tripulantes da Ucrânia já foram derrubadas. Antes da guerra, a Ucrânia tinha 124 aviões e 120 helicópteros.

Desde o início do conflito Putin tem ameaçado utilizar armas nucleares contra quem apoiasse a Ucrânia, algo que ainda não aconteceu. O próprio presidente norte-americano Joe Biden declarou que os Estados Unidos não iriam participar de forma direta com receio de uma terceira guerra, contudo, com o possível enfraquecimento russo e um papel mais incisivo de britânicos e alemães no conflito, têm demonstrado que na chamada guerra por procuração, o ocidente começa a colocar as cartas na mesa.

“Por enquanto, mesmo diante de inúmeras e severas sanções, a popularidade de Putin na Rússia ainda é grande, assim como a economia russa sobrevive, mas resta saber até quando isso vai acontecer. A perda do navio cruzador Moskva no mar Negro foi um duro golpe para os russos, mas a história nos ensina que nunca se deve acuar Moscou como o ocidente está fazendo”, alerta Leão.

Sobre Leonardo Leão 

É especialista em Direito Internacional, advogado, fundador e CEO/consultor de imigração e negócios internacionais da Leão Group. Mestre em Direito pela University of Miami School of Law, com especialização na University of Miami Division of Continuing & International Education. É pós-graduado em Direito Empresarial e Trabalhista pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Possui MBA pela Massachussets Institute of Business. Tem um vasto conhecimento e histórico comprovado de mais de 15 anos fornecendo conselhos indispensáveis aos clientes que buscam orientações em relação a internacionalização de carreiras e negócios.

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