Muito além do laço de sangue: família sob a ótica dos sentimentos
Divulgação FreePik
Por
Beatriz Breves*
No sentido
tradicional, ao consultar o dicionário Aurélio, família significa: “1. Pessoas
aparentadas, que geralmente vivem na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e
os filhos. 2. Pessoas do mesmo sangue (...) 5. Grupo de indivíduos que
professam o mesmo credo, tem os mesmos interesses (...)”. Sem dúvida, essas são
definições que representam o significado de relação familiar. Entretanto, se
pensarmos em família sob a ótica dos sentimentos, o significado se amplia e vai
além da condição social que se institui entre as pessoas.
Fato é que a família, se compreendida
pelo viés do sentir, transpõe o viés biológico material e constitui, como sendo
o seu elemento principal, o vínculo formando entre as pessoas. E isto porque o
vínculo não só une, mas, também, teria por função auxiliar na construção da
identidade e, assim, oferecer algum sentido à existência. Família é amor,
paixão, harmonia, raiva, discórdia, culpa, ódio, remorso, amizade, desarmonia,
solidariedade, conquista, derrota, vitória, enfim, sentimentos e sentimentos
que colorem a vida das pessoas.
Tem a chamada "família
original", aquela que, se tornando geradora de outros núcleos familiares,
na continuidade da vida, replica a cultura e seus valores. Tem a família de
amigos, trabalho, profissão, tem até a família por tradição. Sem falar da que é
formada por amigos ou mesmo aquela que agrupa animais e seres humanos. Enfim, a
familiaridade, pelo viés dos sentimentos, se forma, não pelos laços de sangue,
mas pelos laços afetivos, melhor, pelo sentimento de pertencimento que une os
seus integrantes.
E essa, talvez, seria a razão de que,
desde os primórdios da história, independente da forma como seja ou tenha sido
instituída, a família culmina por se tornar o grupo ideal para o ser humano
aprender a se relacionar, a respeitar, enfim, a evoluir como gente. Até porque,
o núcleo familiar, mesmo caminhando entre avenças e desavenças, é um grupo que
está sempre aberto a acolher a pessoa que a ele é ligada por um vínculo, ou
seja, pelos sentimentos.
*Beatriz Breves é psicóloga, psicanalista, física e psicoterapeuta. Sua especialidade é a Ciência do Sentir e os mais de 500 sentimentos listados durante 35 anos de pesquisa.
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