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O treinamento está chato! Ninguém aguenta mais vídeo chamadas! O que as empresas na ATD disseram que estão fazendo para mudar isso

Plataformas de micro learning, LMS, vídeo aulas, simuladores de negócio foram as estrelas da feira que aconteceu, em Orlando, nos EUA, na última semana 

Cibele Regis Vacchiano é CEO da XL Consultoria
Divulgação

*Cibele Regis Vacchiano 

Maio de 2022 - A ATD, é a maior feira de Talent and Development do mundo e a última edição que teve palco em Orlando, nos EUA, entre os dias 15 e 18 de maio, impactou mais de 8 mil colegas da área em cerca de 68 regiões do mundo. Foram muitas palestras, muitas dinâmicas e muitos expositores com enorme diversidade de ofertas e de mensagens buscando estimular o ROI do conhecimento aplicado nas organizações e acompanhar as mudanças a que o nosso setor está sujeito.  

Visitamos quase 300 expositores e percebemos a diversidade de componentes que podemos utilizar para gerar insights, provocar mudanças de mindset, aumentar o conhecimento sobre estratégia, negócios, negociação, liderança, finanças, letramento em diversidade e inclusão, autoconhecimento e tantos outros temas que contribuem para aumentar nossa produtividade e trazer mais prosperidade ao nosso planeta. 

A questão é, como combinamos tantos recursos para que sejam efetivos em seu propósito? 

No evento, encontramos dois tipos de profissionais: os profissionais de RH em busca de soluções e novidades e os profissionais de T&D buscando acompanhar as tendências e fazendo network e conexões para compartilhar conhecimento.  

No entanto, e face aos eventos de anos anteriores, sentimos a falta de inúmeras empresas tradicionais que habitualmente se apresentavam na ATD. Efeitos da pandemia? Sabemos que foram tempos desafiantes para todos nós. De qualquer forma foram substituídas – e bem – por inúmeras outras empresas que surgem agora para inovar, ou até revolucionar, a nossa indústria. Momentos de turbulência são sempre desafiantes para uns e oportunidade para outros. 

Mas passemos ao resumo do que lá encontramos. E foram 5 as novidades e tendências que identificamos: 

1 - Do Consultor para a plataforma 

Tradicionalmente a nossa indústria estava assente no know how de consultores que assentavam a sua proposta de valor no seu conhecimento a ser repassado para os profissionais da forma tradicional. Nesta edição da ATD ficou muito claro como essa abordagem está em extinção. Muitas das empresas tradicionais que se apresentavam centradas na figura de um consultor estavam ausentes e o seu espaço substituído por outras empresas – muitas ainda jovens – cujo valor está assente essencialmente em plataformas escaláveis e com acesso controlável. 

Plataformas de micro learning, LMS, vídeo aulas, simuladores de negócios foram as estrelas da feira. 

Em contraste com essa tendência, encontrávamos amiúde alguns stands de empresas expondo muitos livros e manuais, engolidos pela luminosidade de telas que expunham as soluções digitalizadas de treinamento. 

2 - Metodologias escaláveis pelo online – fazer muito em pouco tempo 

Dentro dessas plataformas encontramos várias que prometem escalar o desenvolvimento de forma controlável. 

Se antes tínhamos de contratar um exército de consultores para, em vários meses, treinarem equipes cada vez maiores de executivos, agora encontramos simuladores que proporcionam essa experiência com avatares e feedback individualizado numa sessão totalmente self paced.  

Se antes tínhamos jogos empresariais de tabuleiro que permitiam desenvolver business accumen, agora isso é conseguido de forma online. 

Se antes precisávamos filmar um consultor dando uma aula para dar treinamentos por vídeo aula, agora há softwares que usam personagens virtuais realistas e que oferecem todos os recursos para a produção sem atores e nem terceirização de edição. 

A ideia é casa vez mais escalar a um custo baixo e utilizando a tecnologia para o fazer sem perder efetividade. 

 3 - Medir, medir, medir 

A migração para plataformas permite endereçar uma preocupação histórica de RH e das organizações em geral: A de medir o impacto do esforço em treinamento. 

Ferramentas poderosas de analytics permitem medir que o engajamento quer a evolução da aquisição de conhecimento. Observamos vários LMS’s e ferramentas de micro learning que buscam diferenciar-se não só pela sua capacidade de entregar valor como também pela sua capacidade de o medir. 

 4 - LMS’s / Microlearning 

Plataformas de LMS haviam muitas. E de micro learning também. Eram LMS? Eram Micro Learning? Por vezes ficava difícil identificar. 

Entendendo que cada vez mais o desenvolvimento não deve ter dia e hora marcada, as várias soluções que vimos mesclavam os dois conceitos visando oferecer oportunidades de treinamento a qualquer momento e de diversas formas nas suas plataformas, atendendo aos diferentes perfis de profissional e de forma de aprender. 

 5 - IA espreitando o mundo do T&D 

Solução de IA estavam também presentes, ainda que timidamente. Sabemos que os investimentos nesse sentido são elevados. Mas vimos plataformas que fazem a leitura das preferências dos executivos para direcionar eventos de treinamento e que identificam comportamentos para dar feedback em simuladores de soft skills. 

Esta é uma tendência que tem ainda muito chão, pareceu-nos. 

 6 - Ausência do Metaverso 

Esta foi uma surpresa. Falou-se pouco de metaverso e viu-se menos ainda. Mesmo VR, presente em outras edições, foi mais ausente desta. As causas dessa ausência não nos ficaram claras, mas sabemos que é uma oportunidade que esbarra em obstáculos e desafios de custo e de aplicação. O palestrante Anders Gronstedt citou a evolução do treinamento online que iniciou através do e-learning, utilizando computadores, evoluiu complementariamente para o microlearning e tem migrado para simulações, que já ocorrem em muitas empresas para o treinamento de competências funcionais, mas tem menos alcance por uma limitação de equipamentos necessários. Porém, num futuro próximo, o desenvolvimento de equipamentos de AR performance support mais acessíveis, será possível também escalar essa metodologia. De toda a forma não foi ainda em 2022 que na ATD o Metaverso se fez presente. 

A questão é que a melhor metodologia de ensino corporativo é aquela que estuda o impacto de cada um de todos os elementos online e offline que temos à disposição, acopla-os em uma trilha de desenvolvimento sustentável, desafiadora, gamificada e faz ajustes a cada aplicação. Afinal, desenvolver o conhecimento é como um software que vai sendo aprimorado conforme a utilização. O treinamento é VIVO! 

A nossa indústria passou – e passa ainda – por transformações profundas em resposta às transformações que executivos e empresas sofrem também. Ainda não sabemos muito bem como será feito o ajuste, mas foi muito interessante acompanhar as várias tendências e movimentos para ir criando uma imagem mais clara do cenário que se nos depara. Podemos viver incertezas e dúvidas, mas com toda a certeza não viveremos tédio nos próximos anos. 

* Cibele Regis Vacchiano é CEO da XL Consultoria, empresa de Treinamento & Desenvolvimento de Pessoas, focada em Aprendizado Experiencial que integra uma rede internacional que está presente em 34 países.  

 

Sobre a XL Consultoria - https://xlconsultoria.com.br

A XL Consultoria é uma empresa de Treinamento & Desenvolvimento de Pessoas focada em Aprendizado Experiencial que integra uma rede internacional presente em 34 países. A expectativa da companhia é faturar aproximadamente 150 milhões de reais em 2022. 

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