Pós-Licença: a realidade e rotina de uma mãe na volta ao trabalho
*Por Rubiana Cruz, consultora em Gestão de
Pessoas da Guiando
Rubiana Cruz Divulgação |
Tornar-se mãe é ser
apresentada a uma realidade paralela. Hoje em dia, grande parte das mulheres
tendem a protelar a decisão da maternidade até uma certa idade em que não podem
mais esperar ou acreditam que realmente chegou a hora. No entanto, também em
boa parte das vezes, esse momento corre junto com o “auge e maturidade”
profissional.
Depois do dilema “estou
realmente pronta?” vem a decisão de superar essa etapa. E durante a gravidez,
uma mãe de primeira viagem acredita que as pessoas ao seu redor são exageradas
quando dizem que a vida vai mudar. Acontece que ela muda. E muito! Na chegada
do bebê – e também da licença-maternidade – todas as emoções são vividas ao
mesmo tempo e os avisos clichês são lembrados a todo instante: “você nunca mais
vai dormir”, “não esquenta, depois piora”, entre outros.
Acontece que, neste
momento, é preciso estar bem consigo mesma para superar o turbilhão de
desafios. Mente, corpo e coração, precisam estar serenos e em sintonia, caso
contrário, este é o início do looping. Além disso, a maternidade não é linda em
todo o seu contexto, como dizem. As redes sociais enganam quando mostram que
bebê e mãe têm uma relação de sintonia maravilhosa desde sempre. Para as mamães
“blogueiras” parece tão fácil, não é? Mas, para as reais não é bem assim.
A realidade no universo
corporativo
Enquanto são
decodificados todos os significados de tipos de choros, os hormônios ainda
estão voltando a se equilibrar e as mães se preparam para retornar à rotina de
antes, inúmeras perguntas surgem. Quem é você agora? As necessidades de antes
ainda são as mesmas? Os planos de desenvolvimento profissional continuam os
mesmos? Como será a retomada?
Segundo uma pesquisa da
Fundação Getúlio Vargas, 50% das mulheres brasileiras perdem o emprego após a
gravidez. Ou seja, metade das mães com sonhos e planos para o pós-licença
maternidade encaram uma dura realidade ao retornar aos seus trabalhos: a do
desemprego.
Para as que conseguem
retornar, há outro cenário: a volta às responsabilidades profissionais,
compromissos, agendas, projetos e, além disso, elas precisam conciliar com tudo
com o estágio em que seu bebê se encontra.
E como as empresas veem
esse aspecto? Muitas não estão preparadas para lidar com essa nova mulher.
Nesta etapa, possivelmente as mulheres valorizarão mais uma flexibilidade de
jornada, home office, auxílio babá ou creche, benefícios que antes não faziam
tanto sentido às suas realidades. É nesse momento, inclusive, que as
profissionais que não se sentem apoiadas decidem transitar de carreira ou
preferem ficar disponíveis 100% para o bebê até determinada idade.
Parceria, humanização e
o sucesso dos negócios
As empresas que apoiam
e acolhem mulheres nessa “hora mágica”, tendem a ser mais inclusivas e alcançar
maiores resultados. E o que as empresas que têm o mindset voltado às pessoas podem fazer?
Escutar! O primeiro passo é ouvir as necessidades - não só voltadas às mães,
mas o que é imprescindível àquela PESSOA, na sua integralidade.
Cada vez mais, como
profissional de “Gente” percebo que a escuta define a rota, especialmente se
fizermos ações personalizadas, pois as pessoas são únicas e têm necessidades
diferentes. Se as empresas voltarem seu olhar para o que faz sentido para as
suas pessoas, descobrirão que elas te entregarão o melhor do seu potencial e,
por consequência resultados incríveis. Essa atitude de gestão e cultura não tem
preço para as pessoas e para as organizações.
Como mãe e profissional
que acaba de retomar ao trabalho, posso afirmar que uma empresa que foca nas
pessoas e nos resultados não se importa se essa mulher - e agora mãe - está
fazendo suas reuniões com a câmera desligada enquanto troca a fralda suja do
bebê ou ainda se precisa negociar o horário daquela discussão em pauta porque a
criança não “seguiu a sua agenda”.
Para essa empresa, o
que realmente importa é o que você entrega e como pode contribuir para o
negócio. E, sinceramente, como profissional, o que importa é saber que me sinto
confortável, segura e respeitada pelo meu momento de vida. No fruto dessa minha
estação, engajamento e disponibilidades noturnas é o que não me faltam para
estar cada vez mais “dentro” desse lugar!
*Rubiana Cruz é formada em Psicologia com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e Coach pela SBC. Atua como Consultora da área de Gestão de Pessoas da Guiando
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