STF dá prazo para Governo de SP explicar atraso na criação da Polícia Penal
Ação do PSB afirma que o governo se omite ao
não regularizar a função, incluída na Constituição há dois anos.
A ministra
Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um prazo de 10 dias para que
o governador Rodrigo Garcia justifique por que o Governo de São Paulo ainda não
colocou em trâmite alterações legais para criar a Polícia Penal no organograma
do governo. Paralelamente, duas propostas de emenda à Constituição do Estado de
São Paulo, protocoladas por deputados, também estão paradas na Assembleia
Legislativa de São Paulo (ALESP). A manifestação da ministra é uma resposta à
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) proposta pelo Partido
Socialista Brasileiro (PSB) na terça-feira (24/05).
Em dezembro de
2019, o Congresso alterou a Constituição, instituiu as polícias penais e
determinou que os Estados alterem suas legislações para criar as carreiras no
serviço público. O presidente
do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional (SIFUSPESP), Fábio Jabá,
explica que a omissão do Estado se configura porque os atuais agentes
penitenciários já deveriam ter sido transformados em policiais penais. “O Congresso entendeu que é fundamental
que o país tenha uma força policial especializada para cuidar de toda a
população carcerária. Hoje, em São Paulo, temos uma situação improvisada, em
que a Polícia Militar precisa colaborar com a segurança de muralhas e escoltas
de presos, mesmo que já exista uma carreira específica para isso prevista na
Constituição", explica. Só São Paulo, Bahia e Rio
Grande do Sul ainda não criaram suas polícias penais.
A ação do PSB
afirma que o governo estadual não enviou proposta de alteração constitucional,
primeiro passo para a criação da carreira. Depois cabe ao Estado aprovar a
criação da instituição por lei complementar e, por fim, incorporá-la na
estrutura do Estado com uma Lei Orgânica da Polícia Penal. Mesmo com duas PECs
protocoladas por deputados estaduais, a tramitação está parada.
Rosa Weber dá 10 dias para o governador de São Paulo
explicar falta
de regulamentação da profissão
(Rosinei Coutinho/SCO/STF)
Trabalho já é
policial
O
dirigente sindical explica que o trabalho desenvolvido pelos agentes já tem
natureza policial. “Os
presos nos chamam de policiais. Nossos colegas são mortos porque os detentos
nos consideram policiais e inimigos, mas não temos proteção jurídica, não temos
armas. Com a regularização da Polícia Penal, vamos ter autonomia administrativa
para estruturar o sistema penitenciário, melhorar treinamentos, criar equipes
especializadas em cada função, o que vai melhorar a qualidade do serviço
prestado à sociedade”, afirma.
Privatização de presídios
A
avaliação do sindicato é que o Governo não tomou nenhuma medida ainda por causa
da intenção de privatizar unidades prisionais paulistas em cogestão com a
iniciativa privada. “A
intenção do governo é substituir os atuais agentes penitenciários por
terceirizados dessas empresas", acredita o dirigente
sindical.
Prazo para agir
Se a ação
for acolhida pelo STF, o governador Rodrigo Garcia terá que apresentar prazos
para protocolar os projetos de lei na Assembleia Legislativa.
Fábio Jabá é presidente do SIFUSPESP
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