Sustentabilidade na arquitetura da construção civil: planeta depende da aplicação de soluções inteligentes que diminuam impacto ao meio ambiente
Quando se fala de arquitetura na
construção civil, isso é ainda mais notório, visto que as atividades modificam
o espaço e o meio ambiente. Então, como ser sustentável nas aplicações e, de
fato, diminuir os impactos nos recursos naturais? Por definição, “arquitetura
sustentável” é aquela que causa menos impacto ao planeta. Alguns defendem que,
por si só, já seria uma contradição, afinal, arquitetura, urbanismo e
paisagismo consistem em modificar o espaço natural, adaptar às condições de
vida e ao desenvolvimento humano. Para tanto, áreas são desmatadas para
construção e ampliação de espaços urbanos. Então, a palavra-chave seria mesmo
“minimizar” o impacto no ambiente natural causado por uma construção civil.
Isso porque, nesse setor - da produção
ao descarte de materiais -, as atividades são vetores de poluição e desgaste do
meio ambiente. Por isso, o termo é amplo e as soluções, mesmo não sendo
definitivas, são muito importantes (até mesmo indispensáveis) em determinadas
etapas, além das escolhas na hora de projetar. Pode-se destacar, em primeiro
lugar, a observação e o cumprimento das leis de zoneamento, e uso e ocupação do
solo. A legislação está sempre se adequando e se adaptando da melhor maneira
possível para preservar áreas sensíveis e atender às demandas do município,
evitando desgaste e poluição de áreas de nascente, preservação, fundos de vale
etc.
Num segundo momento, é preciso se
atentar à escolha de técnicas construtivas e materiais que geram menos impacto
e entulhos, como as estruturas de parede de concreto e a utilização de
alvenaria racionalizada para reduzir a geração de resíduos. Por isso, o melhor,
atualmente, são as apostas das construtoras em projetos com tecnologias para
reutilização de água pluvial para irrigação de jardins, utilização de lâmpadas
de LED e outros equipamentos eletrônicos que economizam energia, além de fazer
uso de sensores de movimento para acionamento de lâmpadas, evitando permanência
de luzes acesas desnecessariamente.
Já no projeto arquitetônico, o desafio é
encontrar soluções para a utilização do terreno da melhor forma possível, com
implantação inteligente, que reduza a movimentação de terra e libere a maior
área possível de solo natural para permeabilidade. A observação do entorno e
das condições climáticas na escolha da implantação do edifício pode privilegiar
fontes de iluminação e ventilação naturais, como a orientação da torre com
melhor insolação para áreas privativas e comuns, pintura de telhas na cobertura
com cores claras para aumentar a reflexibilidade da luz solar, esquadrias
dimensionadas para garantir ventilação dos ambientes de modo a reduzir a
necessidade de ventilação artificial, e o uso de cores na fachada que leva em
conta o desempenho térmico do empreendimento, refletindo em menor consumo de
energia.
Cabe aos profissionais de arquitetura,
engenharia, construtoras e todos os envolvidos com a cadeia de construção
civil, privilegiar e difundir cada vez mais essas atitudes em seus projetos. A
demonstração das técnicas alternativas é mais apreciada quando vivenciada na
prática e, claro, demonstradas as vantagens propostas. Isso porque, quanto
maior a procura, mais o mercado irá oferecer essas soluções, principalmente os
produtos que envolvem tecnologia específica como captação e reuso de águas
pluviais, uso de aeradores em torneiras, bacias sanitárias com duplo
acionamento, entre outros. A tendência é de que esses materiais sejam
amplamente fabricados, popularizados, tornando-se cada vez mais acessíveis. Um
exemplo bem claro são as lâmpadas de LED, uma tecnologia inovadora que reduz
consideravelmente o consumo de energia, que foi se tornando cada vez mais
acessível e, hoje, é praticamente uma unanimidade.
Diante de tudo isso, acredito que a
principal mensagem que devemos guardar é que sustentabilidade é atitude, que
pode e deve estar presente em todo o nosso comportamento cotidiano. Pequenas
ações do dia a dia de cada pessoa atuando individualmente, porém,
simultaneamente às ações dos setores públicos e privados, como evitar
desperdícios, reduzir o consumo, assim como o tratamento de nossos resíduos,
educação ambiental e respeito ao ambiente natural nos levam a uma vida
sustentável. Atuar de maneira sustentável, portanto, é imprescindível para que
a sustentabilidade deixe de ser um conceito ou uma opção para se tornar nossa
realidade. O planeta agradece.
Crédito: Divulgação Yticon |
Cristina Cardoso é arquiteta e responsável pelos projetos dos apartamentos decorados da Yticon, construtora do Grupo A.Yoshii.
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