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Ailton Krenak é eleito para a Academia Mineira de Letras

ESCRITOR OCUPARÁ A CADEIRA N° 24, QUE JÁ FOI OCUPADA POR HENRIQUE DE RESENDE, SYLVIO MIRAGLIA E EDUARDO ALMEIDA REIS

 

Ailton Krenak - Foto Neto Gonçalves

Com 36 votos do total de 39 votantes, o escritor Ailton Krenak foi eleito como o novo ocupante da cadeira de número 24 da Academia Mineira de Letras, vaga desde o falecimento do escritor e jornalista Eduardo Almeida Reis. A eleição aconteceu na tarde desta terça-feira, dia 14 de junho, na sede da AML.

Tendo como patrona Barbara Eliodora, a cadeira 24 foi fundada por João Lúcio. Por ela também passaram Cláudio Brandão, Henrique de Resende, Sylvio Miraglia e Eduardo Almeida Reis.

O jornalista Rogério Faria Tavares, presidente da Academia Mineira de Letras, destacou que a chegada de Ailton à AML é um momento histórico, inédito no país: "A arrebatadora eleição de Ailton Krenak para a Academia se abre a uma inegável dimensão simbólica. Ela é uma reverência justa e devida à potente e fascinante cultura dos povos indígenas, uma das matrizes formadoras da nacionalidade. Além disso, a presença de Ailton Krenak na cena cultural brasileira é luminosa e inspiradora. Seus livros conquistaram a todos pelo vigor de sua mensagem e pela beleza de suas palavras, sendo, hoje, traduzidos para mais de treze países. São textos que nos alertam sobre como a Humanidade está lidando com o Meio Ambiente e com o seu próprio futuro. Sua visão de mundo é poderosa, abrangente, inclusiva. Ler com atenção o que Ailton Krenak escreve é fundamental para compreender alguns dos dramas mais agudos que vivemos hoje."

 

Sobre o novo acadêmico Ailton Krenak

Ailton Alves Lacerda Krenak, mais conhecido como Ailton Krenak, é um pensador, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro da etnia indígena crenaque. É também professor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pela Universidade de Brasília (UnB).

Nascido em 1953 no município de Itabirinha, no estado de Minas Gerais, na região do Médio Rio Doce, aos dezessete anos de idade Ailton mudou-se com sua família para o estado do Paraná, onde se alfabetizou e se tornou produtor gráfico e jornalista. Na década de 1980, passou a dedicar-se exclusivamente ao movimento indígena. Em 1985, fundou a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena, que visa promover a cultura indígena. À época da Assembleia Nacional Constituinte, uma emenda popular assegurou a participação do grupo no processo de elaboração da nova Carta Magna, momento em que Ailton assumiu ativo papel na defesa dos direitos de seu povo.

Em 1988, participou da fundação da União dos Povos Indígenas, organização que visa representar os interesses indígenas no cenário nacional. No ano seguinte, participou da Aliança dos Povos da Floresta, movimento que visava o estabelecimento de reservas naturais na Amazônia - onde fosse possível a subsistência econômica através da extração do látex da seringueira, bem como da coleta de outros produtos da floresta. Aí, retornou a Minas Gerais, onde passou a dedicar-se ao Núcleo de Cultura Indígena.

Desde 1998, a organização realiza, na região da Serra do Cipó, em Minas Gerais, um festival idealizado por Ailton: o Festival de Dança e Cultura Indígena, que promove a integração entre as diferentes tribos indígenas brasileiras.

Em 1999, sua obra O Eterno Retorno do Encontro foi publicado no livro A Outra Margem do Ocidente, organizado por Adauto Novaes.

Em 2000, foi o narrador principal do documentário Índios no Brasil, produzido pela TV Escola. Dividido em dez partes, o vídeo aborda a Identidade, as línguas, os costumes, as tradições, a colonização e o contato com o branco, a briga pela terra, a integração com a natureza e os direitos conquistados pelos indígenas até fins do século XX.

Entre 2003 e 2010, Ailton Krenak foi assessor especial do Governo de Minas Gerais para assuntos indígenas, durante as gestões de Aécio Neves e António Anastasia.

No ano de 2014, Ailton foi um dos palestrantes do seminário internacional Os Mil Nomes de Gaia, ocorrido no Rio de Janeiro sob organização de Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo do Museu Nacional, e Deborah Danowski, filósofa da PUC-Rio.

Em abril de 2015, durante a Mobilização Nacional Indígena, convocada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – Apib, foi lançado um livro da coleção Encontros, da Azougue Editorial, que reúne diversas entrevistas concedidas por Ailton Krenak, entre 1984 e 2013. Os textos foram organizados pelo editor Sérgio Cohn e contam com apresentação de Viveiros de Castro.

No dia 18 de fevereiro de 2016, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) concedeu a Krenak o título de Professor Doutor Honoris Causa, um reconhecimento pela sua importância na luta pelos direitos dos povos indígenas e pelas causas ambientais no país. Nesta mesma universidade, Krenak leciona as disciplinas "Cultura e História dos Povos Indígenas" e "Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais", ambos em cursos de especialização.

Em 2018, foi um dos protagonistas de uma série na Netflix chamada Guerras do Brasil, que relata com detalhes a formação do Brasil ao longo de séculos de conflito armado, começando com os primeiros conquistadores até a violência na atualidade.

Em 2020, conquistou o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano concedido pela União Brasileira dos Escritores (UBE).

Em dezembro de 2021, a Universidade de Brasília concedeu a Ailton Krenak o título de Professor Doutor Honoris Causa.

Tem vários livros publicados. Sua obra está traduzida para mais de treze países. Atualmente vive na Reserva Indígena Krenak, no município de Resplendor, no estado de Minas Gerais.

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