Arredios e solitários: comportamento de alunos ainda é desafiador após período de isolamento
Volta atípica à sala de aula ainda demanda um
novo e importante papel da comunidade escolar
Alunos estão mais
arredios, solitários e com dificuldade de socialização, fruto do período de
dois anos de isolamento vivenciados por conta da pandemia da Covid-19. A
afirmação da Nota Técnica do Todos Pela Educação, “O retorno às aulas
presenciais no contexto da pandemia da Covid-19”, de 2020, é o entendimento
também de alguns discentes e outros profissionais do setor.
É justamente o que
afirma a coordenadora pedagógica do Colégio COC de Campina Grande do Sul/PR,
Franciele Cordeiro: “o afastamento dos alunos da escola durante o período de
pandemia causou muitos prejuízos para os estudantes, não só em relação ao
processo de aprendizagem, mas, também, ao desenvolvimento social e emocional”.
Para ela, a escola
agora assume um importante papel, de protagonista, no sentido de retomar todas
essas rupturas, provocadas essencialmente pelo isolamento. “A escola é um
ambiente que permite o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis e é
fundamental para a aprendizagem tanto acadêmica quanto social. O período
escolar é caracterizado pelas novas descobertas de modo constante; tudo se
constitui em aprendizagem potencial, a presença do professor, a atenção e a
interação são insubstituíveis para essa readaptação à vida escolar”, defende.
Pensando nessa retomada
e para romper os danos provocadas pelo isolamento, o Colégio iniciou a
realização de atividades focadas na ressocialização, intercalando ensino e
convivência. Um exemplo, são as oficinas de Matemática e de Português.
“Criamos, aqui, um ambiente de convívio bastante estreito e até mesmo nossas
propostas de ensino, que parecem não terem essa pretensão, acabam tendo a
função de aproximar os colegas [entre si] e também os colegas dos professores.
As oficinas são realizadas no período de contraturno e, além de sanar dúvidas,
aproximam e tiram [os alunos] do isolamento”, compartilha o diretor do COC,
Elton Beraldo.
Colégio
promove ações de estímulo ao convívio social
O desafio é gigante:
uma pesquisa do Instituto Ayrton Senna, em parceria com a Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo, divulgada no fim de maio deste ano, ouviu 642
mil estudantes de todo o estado de São Paulo e mostra que 70% dos alunos relataram
quadros de depressão ou ansiedade quando foram consultados, por conta do
retorno ao ensino presencial.
“A volta à vida
presencial é necessária para o fortalecimento dos vínculos, reconhecimento de
si e do outro nas relações sociais e de comunicação”, reforça Franciele.
Tecnologia continua e,
aliada ao presencial, impulsiona aprendizagem
Em 2020, segundo dados
do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 44 milhões de
crianças e adolescentes passaram da sala de aula para o ambiente virtual devido
à pandemia da Covid-19. Neste ano, com a flexibilização das medidas sanitárias
e a retomada gradativa das atividades, a volta às aulas exigiu de toda a
comunidade escolar, pais e alunos também, nova adaptação.
Para Elton Beraldo, a
tecnologia que contribuiu para a manutenção das aulas remotas e continua sendo
importante, embora seja agora coadjuvante, ao lado do protagonismo do ensino
presencial.
“Quando bem utilizada,
a tecnologia pode agregar muito ao aprendizado dos alunos”, diz o coordenador
do COC, escola que utiliza lousas digitais para apresentação do conteúdo em
sala e sistema que permite compartilhar com os pais todo o conteúdo, desde as notas
até o tempo em que o filho dedicou aos estudos.
O uso das ferramentas
tecnológicas ajuda também os professores que, com maior tempo para os alunos,
tornam o desafio da volta às aulas bem menos impactante. A Nota Técnica de
Todos Pela Educação também trata do tema e incentiva o uso da tecnologia, desde
que bem dimensionada. “O uso adequado e estruturado da tecnologia na Educação,
quando aliado ao trabalho docente, pode impulsionar a aprendizagem dos alunos.
Além disso, o mundo contemporâneo cada vez mais hiperconectado exige o
desenvolvimento de conhecimentos e competências específicas que precisam ser
trabalhados na escola”, aponta o texto.
Elton e Franciele, por
fim, estimulam a participação de todos, especialmente da família, para que a
escola seja uma extensão da casa. “Pais convictos, transmitem essa sensação aos
filhos. É importante estar motivando e conversando em casa sobre a escola e
todos os pontos positivos de estar nela. O período longe da escola deixou
marcas, especialmente nos jovens”, diz. “A rede de apoio família e escola,
neste momento de retorno, é imprescindível para garantir o sucesso dos
estudantes”, enfatiza a coordenadora pedagógica.
SERVIÇO
Sobre o COC: https://cocberaldo.com.br/
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