Congresso Nacional e a Eficiência dos Gastos
Por Carlos Rodolfo Schneider - empresário,
membro do Conselho Político e Social da Associação Comercial de São Paulo -
ACSP e do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação da
Confederação Nacional da Indústria - CNI
A América Latina, de maneira geral, tem
tido dificuldades de avançar para novo patamar de renda. Relatório do Banco
Mundial sobre a região aponta o impacto da queda dos investimentos públicos em
infraestrutura, há quatro décadas, sobre a competitividade, o crescimento e a
desigualdade. E destaca a eficiência dos gastos como alternativa para aumentar
a disponibilidade de recursos. As ineficiências em transferências direcionadas,
aquisições públicas e funcionalismo são estimadas em 4,4% do PIB,
correspondentes em média a 16% dos gastos dos governos. O documento também
aponta caminhos importantes, como uma economia de até 22% que poderia ser
obtida nas compras públicas, com o simples aprimoramento de procedimentos, sem
a necessidade de alterar as legislações correspondentes. Bem como o potencial
da infraestrutura digital, relativamente barata, para aumentar a produtividade,
conectando áreas rurais e ampliando o acesso ao ensino à distância.
No Brasil, uma ideia que talvez mereça
reflexão é a de separar uma parte da competente equipe da Secretaria da Receita
Federal, independentemente de nesse momento aparentemente estar desfalcada,
para criar a Secretaria da Despesa Federal, que se encarregaria de reduzir os
gastos públicos pelo aumento da eficiência. Surtiria o mesmo efeito do aumento de
impostos para equilibrar as contas, com a vantagem de extrair menos recursos da
sociedade. E a experiência poderia ser replicada nos Estados e até nos
municípios.
Na contramão da maior eficiência do
gasto público também está o crescente protagonismo do Congresso na gestão do
orçamento. O que ajudou a levar, na definição do economista Márcio Garcia, a um
mix distorcido de políticas macroeconômicas, com a fiscal expansionista e a
monetária contracionista, quando deveria ser o contrário.
A crescente ingerência do Congresso no orçamento público vem de uma característica intrínseca do nosso sistema político e de contas públicas, que permite discutir direitos sem as correspondentes obrigações. A grande maioria dos agentes se sente no direito de pressionar por gastos, sem a responsabilidade ou até a preocupação pelo equilíbrio das contas públicas.. O Congresso precisa sair da zona de conforto e entender que não existe almoço grátis, nem governo grátis.
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