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Dias frios aumentam os riscos de AVC: mito ou verdade?

Neurologista explica qual a relação entre as baixas temperaturas e a saúde vascular do cérebro

São Paulo, junho de 2022 - Longe das crendices populares, que por muito tempo influenciaram nos cuidados com a saúde, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Cardiologia existe uma correlação entre as quedas de temperatura e os casos de Acidente Vascular Cerebral. Os estudos, realizados em países diferentes, mostram que durante o inverno o número de pessoas acometidas por um AVC aumenta cerca de 20%, principalmente quando os termômetros registram marcas inferiores a 14°C.

Neurologista pela Santa Casa de São Paulo e neurofisiologista pelo HCFMUSP, Dra. Natália Longo, explica que esta relação acontece porque o corpo precisa exercer um grande esforço para manter a temperatura corporal saudável, em torno de 36°C.

“As baixas temperaturas influenciam diretamente no aumento da pressão que o sangue faz sobre os vasos sanguíneos, que diminuem de calibre com o objetivo de evitar a perda de calor. Isso aumenta as chances de que placas de gordura presentes nas artérias se desprendam e obstruam o fluxo tanto no cérebro como no coração, causando AVCs e infartos”, esclareceu.

Em situações extremas, o corpo entende que precisa proteger os órgãos vitais, mantendo o funcionamento deles como prioridade. Então, quando sentimos frio, o organismo estimula a liberação de substâncias que aceleram o metabolismo. Isso faz com que os vasos mais próximos da pele se contraiam, deixando as extremidades frias, como pés, mãos e orelhas.

Além disso, durante o outono e o inverno, é comum que as pessoas bebam menos água, tornando o sangue mais viscoso e também prejudicando a circulação e aumentando a pressão. Todos esses fatores sobrecarregam o coração, que precisa exercer mais força para bombear o sangue pelo corpo, comprometendo todo o sistema vascular.

Para a Dra. Natália Longo, ter conhecimento sobre essa relação entre o frio e os acidentes vasculares é uma forma de alertar para a mudança de hábitos de vida durante o ano inteiro, já que fumantes, sedentários, obesos, diabéticos, hipertensos e idosos estão no grupo de risco.

“O ideal para garantir a boa saúde do cérebro é manter uma prática regular de atividade física, evitando consumir com exagero comidas gordurosas, alimentos processados ricos em sódio e açúcar. Assim, é possível manter a saúde do coração, o controle da pressão arterial e os índices de colesterol e de glicemia dentro dos parâmetros. Prevenindo não somente o AVC, mas diversas outras doenças”, garantiu.

Tanto para quem faz parte do grupo de risco ou não, existem alguns cuidados que devem ser considerados durante os períodos de frio, como: evitar longas exposições ao frio intenso, evitar choques térmicos, realizar exercícios de aquecimento antes de praticar atividades físicas ou algum esforço, usar roupas mais justas que garantam um isolamento térmico para o corpo e manter pescoço e pés bem aquecidos, além de manter o calendário de vacinas atualizado para evitar qualquer tipo de inflamação.

“Quando falamos de AVC é importante esclarecer que quanto mais rápido a pessoa for socorrida, menores serão os danos ao cérebro e maiores a chances de recuperação. Por isso, é fundamental ficar atento aos sinais do corpo. Caso sinta perda de força ou dormência súbita em um dos lados do corpo, tanto na face como nos membros, tenha a visão ou a fala comprometida e tontura, a pessoa deve procurar por pronto atendimento imediatamente”, alertou a Dra. Natália Longo.

 

Dra. Natália Longo – médica neurologista e neurofisiologista graduada em medicina pela Universidade Federal do Pará. Residência médica de neurologia clínica na Santa Casa de São Paulo. Título de especialista em Neurofisiologia pela Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC). Fellowship no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) em neurofisiologia com ênfase em epilepsia, eletroencefalograma e videoeletroencefalograma.

 

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