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Escritórios buscam seu papel em meio a tsunami de mudanças no trabalho

Por Rogério Santos, UBlink (*)

O modelo híbrido de trabalho parece ter chegado para ficar, mas ainda está longe de ser unanimidade. Nos últimos dias, as discussões sobre o tema foram reacendidas após Elon Musk – homem mais rico do mundo e CEO da Tesla – defender o trabalho presencial e divulgar que os funcionários da fabricante de carros elétricos deveriam passar pelo menos 40 horas no escritório ou deixar a empresa. Por outro lado, resultados obtidos por muitas companhias, desde o início da pandemia de covid-19, sinalizam que produtividade não está, necessariamente, atrelada à presença nos escritórios.

Se não existe fórmula mágica de distribuição do tempo dos funcionários a ser adotada pelas ocupantes de escritórios, qual o papel do mercado imobiliário na definição da resposta para cada equação? Mais do que nunca, o setor precisa entender, com profundidade, as demandas de cada inquilino e propor a melhor solução, em relação às áreas ocupadas, de acordo com as necessidades da empresa em relação à frequência de empregados, no escritório, e à interação das pessoas.

Cada companhia tem suas regras próprias de distribuição da parcela trabalhada dentro e fora do escritório. Há aquelas que decidiram deixar alguns setores totalmente remotos e reduziram o espaço alugado. Outras, apesar de optarem pelo rodízio de funcionários, definiram que a distância entre as pessoas aumentaria, continuando com a mesma área total locada. Houve também inquilinos que mantiveram os metros quadrados ocupados, mas preferiram distribuir os espaços menores em vários escritórios, espalhados pela cidade, para diminuir o deslocamento dos funcionários.

Aceleradas pela pandemia, as mudanças no mundo do trabalho foram acompanhadas também de algumas distorções. Exemplo disso são pessoas que se aproveitam do novo modelo para manter “amantes” profissionais, ou seja, usar parte do tempo destinado ao home office para prestar serviços a outras companhias. Esse movimento tem ganhado tal proporção que já existem até páginas na internet de incentivo e orientação dessa prática, caso do site www.overemployed.com.

Mas deixando os desvios de finalidade de lado, vale lembrar que, diferentemente do que avaliações catastróficas apontavam no início da pandemia, o trabalho remoto decorrente da necessidade de isolamento não culminou no fim da demanda por áreas corporativas e na devolução em massa de escritórios. O que mudou foi o perfil da procura, conforme as especificidades de cada ocupante.

Com o avanço da vacinação, a adoção do modelo híbrido de trabalho passou a fazer parte da cultura e da rotina de muitas empresas – tanto grandes corporações quanto startups no início da jornada. Na UBlink, boa parte de nossos funcionários vão ao escritório três vezes por semana, e trabalham de casa ou de outro lugar durante dois dias. Se a proximidade no escritório facilita a construção e a disseminação da cultura da startup, o trabalho remoto permite que nossos colaboradores remanejem para suas questões pessoais o tempo que seria gasto no trânsito.

O formato híbrido tem se mostrado o mais satisfatório para conciliar expectativas de fundadores e colaboradores da UBlink. Aos poucos, cada empresa tem encontrado qual é o seu modelo de trabalho. E, para atender ao formato escolhido, o mais indicado pode ser alugar grandes lajes corporativas, contratar espaços em coworkings ou locar saletas em diferentes bairros. Cabe ao mercado imobiliário ser proativo e oferecer a melhor área a ser ocupada de acordo com a nova realidade dos inquilinos.

(*) Rogério Santos é um dos fundadores da UBlink, startup de locação, compra e venda de imóveis

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