Laboratórios associados à SBP vão rastrear câncer de colo de útero na população indígena
Em parceria com o Ministério da Saúde,
Sociedade Brasileira de Patologia participa da iniciativa em 34 Distritos
Sanitários Especiais Indígenas para agilizar exames que detectam a doença em
mulheres de 25 a 64 anos
São Paulo, junho de 2022 - Um acordo de Cooperação Técnica entre
a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e a Secretaria Especial de Saúde
Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, publicado no Diário Oficial da União
neste mês, pretende proporcionar às mulheres indígenas, de 25 a 64 anos,
condições de agilizar os exames Papanicolau que detectam precocemente o câncer
de colo de útero.
Até 2030, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) pretende erradicar o câncer de colo de útero globalmente. “O Brasil está
distante de alcançar esse prognóstico favorável, apesar de essa ser uma doença
evitável, por isso laboratórios associados à SBP que agilizam a análise dos
exames coletados são bem-vindos”, diz a médica patologista Katia Leite,
presidente da SBP.
De acordo com o Instituto Nacional do
Câncer (INCA), em 2020, foram 16.590 casos de câncer de colo de útero no
Brasil. Em 2019, 6.596 mulheres morreram vítimas da doença. Além disso, o
câncer de colo de útero é mais incidente na região Norte com 26,4 casos por 100
mil habitantes.
A população feminina indígena atendida
pela parceria SBP e SESAI abrangerá 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas
(DSEI), assistidas pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS), que
abrange populações em áreas de Alagoas (AL), Sergipe (SE), Amapá (AP), Altamira
e Norte do Pará (PA), Alto Rio Juruá (AC), Alto Rio Purus (AC e AM), Alto Rio
Negro (AM), Alto Rio Solimões (AM), Araguaia (GO e MT), Bahia (BA), Ceará (CE),
Minas Gerais (MG), Espírito Santo (ES), Interior Sul (SP, PR, SC e RS), Vale do
Javari (AM), Kayapó (PA e MT), Leste de Roraima (RR), Litoral Sul (RJ, SP, PR,
SC, RS), Manaus (AM), Guamá-Tocantins (PA), Maranhão (MA), Mato Grosso do Sul
(MS), Médio Rio Purus (AM), Parintins (AM, PA), Pernambuco (PE), Porto Velho
(RO e AM), Potiguara (PB), Cuiabá (MT), Rio Tapajós (PA), Médio Rio Solimões e
Afluentes (AM),Tocantins (TO), Vilhena (RO e MT), Xavante (MT), Parque Indígena
do Xingú (MT) e Yanomami (RR, AM).
Como tudo começou
O início dessa parceria entre a SBP e
Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) começou em 2021, quando um
projeto-piloto, envolvendo ambas as entidades, teve como foco a região Norte do
Brasil. Na ocasião, foram coletadas duas mil amostras de Papanicolau entre as
mulheres indígenas das aldeias atendidas por 19 DSEI.
O sucesso desse projeto-piloto motivou a
SESAI a estender o Acordo com a SBP por mais um ano, desta vez, com a ampliação
do número de Distritos indígenas beneficiados. “Trata-se de profissionais
sérios, interessados no atendimento apropriado às populações indígenas.
Concordamos na continuidade e em ampliar o atendimento”, explica a Dra. Katia
Leite
A coleta é realizada por agentes de
saúde nos próprios SESAIs, unidades de atendimento, que as enviam aos
laboratórios voluntários para a análise dos exames citológicos, gratuitamente.
Hoje essa rede é composta por 13 laboratórios participantes nas principais
regiões do Brasil. “Depois fazemos a leitura e enviamos os laudos de volta num
período curto, entre 15 a 20 dias”, acrescenta a médica patologista. No caso de
resultados positivos para câncer de colo de útero, existe o compromisso e a
garantia que as mulheres serão encaminhadas para tratamento hospitalar, como
ocorreu em 2021, quando as mulheres indígenas foram atendidas no hospital de
Manaus (AM).
Sobre a SBP
Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) tem o objetivo de promover a integração e educação continuada dos médicos especialistas da área, priorizando sempre a comunicação e o aprimoramento técnico-científico. Desde o início de suas atividades, a associação promove, a cada dois anos, o Congresso Brasileiro de Patologia, que em 2022 chega a sua 33ª edição. A SBP também produz o jornal “O Patologista”, um informativo com notícias sobre a especialidade, com periodicidade trimestral.
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