Número de sites brasileiros aprovados em todos os testes de acessibilidade tem queda em relação ao ano passado e é ainda menor que 1%
A quarta edição da pesquisa sobre a experiência de uso de sites por pessoas com algum tipo de deficiência no país identificou uma piora na acessibilidade dos sites brasileiros, situação que ainda está longe de ser a ideal. A pesquisa foi conduzida pela BigDataCorp em parceria com o Movimento Web para Todos.
Os organizadores avaliaram 21 milhões de sites ativos no país na
data da pesquisa, número 25% maior do que na última edição em 2021, e
identificaram que 0,46% dos sites tiveram sucesso em todos os testes de
acessibilidade aplicados, contra 0,89% da edição anterior.
“Os resultados de 2022 mostraram que os números gerais pioraram praticamente em todos os sites em
geral. A maior explicação para isso é o crescimento da quantidade de sites
ativos, principalmente de sites pequenos para os quais a preocupação com
acessibilidade não está no topo. Também vale mencionar que, conforme aumenta a
complexidade dos sites e da navegação, a tendência de testes falharem fica cada
vez maior”, afirma Thoran Rodrigues, CEO da BigDataCorp.
"Esse aumento na quantidade de sites sem acessibilidade é
decepcionante e reforça que há ainda um longo caminho a percorrer no trabalho
de conscientização sobre a importância da acessibilidade digital", comenta
Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos.
"Sabemos que a maioria desses sites pequenos é gerada a
partir de plataformas que constroem, de forma automática, páginas web e que
quem opta por esse tipo de serviço não consegue eliminar as barreiras porque
não tem autonomia técnica para isso. Diante desse cenário, esperamos que essas
empresas assumam sua responsabilidade na oferta de soluções com acessibilidade
nativa, pois isso geraria um impacto positivo muito grande social e
economicamente", enfatiza Simone.
A quantidade de sites que apresentou alguma falha de
acessibilidade em parte dos testes aplicáveis também aumentou, e continua
alarmante: 99.54% nesta análise, contra 96,79% no estudo anterior. Já o
percentual de sites que obteve sucesso em todos os testes, exceto no teste de
linguagem de marcação do W3C (consórcio internacional que desenvolve padrões
para a web), caiu de 20,74% em 2021, para 7,43% neste ano.
No quesito descrição de imagens, o cenário não está diferente.
Houve um aumento considerável no número de sites que apresentam falhas neste
critério: 84,21% contra 71,98% no ano passado.
Por outro lado, o estudo registrou pequenos avanços em relação à
acessibilidade nos campos de formulário e botões. No ano passado, 70,84%
apresentaram problemas, já neste ano o número caiu para 53.46%. Reinaldo
Ferraz, especialista em Desenvolvimento Web do W3C Chapter São Paulo e do
Ceweb.br|NIC.br, analisa que os números refletem uma situação esperada e
reforça que a quantidade de erros ainda é grande, impactando diretamente a
acessibilidade.
Em relação aos sites do Governo, o estudo vinha apontando anualmente
uma constante queda nas barreiras de acessibilidade para pessoas com
deficiências. Porém, nesta edição, este cenário mudou -- para pior. Do total de
sites .Gov pesquisado, 99,79% apresentaram alguma falha. Nas pesquisas de 2021,
2020 e 2019, os índices foram de 89,46%, 96,71% e 99,66%, respectivamente.
Por sua vez, ainda que timidamente, as empresas de e-commerce
vinham apresentando melhorias em questões de acessibilidade nos anos de 2020 e
2021, com 1,30% e 1,46%, respectivamente, de seus sites acessíveis para este
público. Entretanto, neste ano, apenas 0,06% dos sites de e-commerce não
apresentaram falhas.
Evolução do estudo de acessibilidade em sites ao longo dos quatro
anos
Ferraz destaca que os erros de conformidade com a marcação do
código HTML ainda continuam apresentando os maiores indicadores nos quatro anos
da pesquisa. “Isso mostra que poucas páginas estão em conformidade com o padrão
estabelecido para o desenvolvimento de páginas e esses erros têm impacto direto
na acessibilidade.”
Tipos de problemas |
Abril 2020 |
Maio 2021 |
Maio 2022 |
|||
Têm |
Não têm |
Têm |
Não têm |
Têm |
Não têm |
|
Formulário (forms) Verificação da
acessibilidade de campos de formulário e botões |
55,19% |
44,81% |
70,84% |
29,16% |
53,46% |
46,54% |
Links Verificação se links abrem em nova janela sem
avisar ao usuário |
93,65% |
6,35% |
77,28% |
22,72% |
87,30% |
12,70% |
Imagens Verificação se imagens têm texto alternativo |
83,36% |
16,64% |
71,98% |
28,02% |
84,21% |
15,79% |
Verificação de marcação do HTML com a ferramenta do W3C |
97,22% |
2,78% |
90,66% |
9,34% |
95,78% |
4,22% |
Metodologia
A BigDataCorp utilizou o processo
de captura de dados da internet extraídos de visitas a mais de 30 milhões de
sites brasileiros (ativos e inativos), dos quais são obtidas informações
estruturadas e seus links. Foram desconsiderados os sites inativos, ou seja, os
que estavam fora do ar ou que não responderam a visitas por quatro semanas
seguidas. Também foram desprezados os que, por oito semanas consecutivas, não
fizeram qualquer alteração em seu conteúdo. Assim, foram considerados neste
estudo 21 milhões de sites brasileiros. É importante destacar que foram aplicados
apenas os testes válidos para cada tipo de site de acordo com o conteúdo nele
publicado. A ferramenta coletou os sites e verificou em todas as páginas se
existia, por exemplo, formulários e imagens, e se estão de acordo com os
critérios selecionados para a verificação. Mais detalhes sobre a metodologia
utilizada neste estudo estão no site do Web para Todos.
A BigDataCorp é a plataforma de
dados da era digital. Líder na América Latina, opera um dos maiores processos
de coleta e estruturação de dados do mundo, capturando informações públicas de
mais de 1,5 bilhões de sites globalmente. São mais de 100 petabytes de
informação tratadas diariamente para atender empresas de todos os segmentos e
portes. Para auxiliar nas mais diferentes demandas, os dados capturados dão
origem a três diferentes produtos: o BigBoost, API de consulta de dados de
pessoas, empresas e produtos; o BigID, um serviço completo de validação de
identidade e prevenção à fraude; e o BigMarket, uma plataforma para estudos de
mercado através de dados alternativos. A BigDataCorp é brasileira, foi fundada
em 2013 e possui escritórios no Rio de Janeiro, onde está localizada sua sede,
e em São Paulo. Conheça mais sobre a empresa acessando o site da BigDataCorp.
Sobre o Movimento Web para Todos
O Movimento Web para Todos tem o
propósito de mobilizar, educar e transformar a sociedade para a construção de
uma web acessível, inclusive para as mais de 45 milhões de pessoas com algum
tipo de deficiência no Brasil. Foi idealizado em 2017 pela empreendedora Simone
Freire, fundadora da Espiral Interativa, agência especializada em comunicação
inclusiva, em parceria com o W3C Brasil, consórcio internacional que desenvolve
padrões para a web em todo o mundo, e reúne atualmente mais de 30 organizações
parceiras.
O Movimento promove, por meio de sua plataforma online, o compartilhamento de experiências, a troca de conhecimento técnico e a oferta de ferramentas e serviços que auxiliam na construção de sites e apps acessíveis. Com o apoio de parceiros estratégicos e um grupo de especialistas em acessibilidade, o Web para Todos também realiza oficinas de capacitação e produz relatórios técnicos sobre acessibilidade na web, com a missão de disseminar dados qualitativos para a sociedade e criar, futuramente, parâmetros comparativos de acompanhamento da transformação digital. Conheça o nosso manifesto: Link.
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