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Venture Capital: o ecossistema de inovação está sem tempo para desperdício e carece de transformação digital

Por Marcelo Augusto Garcia Gadott

O ano de 2021 foi emblemático para a história das startups, que receberam das Venture Capitals (VCs) o volume de U$S 8,3 bilhões ante US$ 440 milhões em 2016, segundo o relatório "Perspective of Brazil's Digital Landscape", elaborado pela renomada consultoria McKinsey e divulgado no evento Brazil at Silicon Valley, que aconteceu recentemente na Califórnia (EUA). A grandeza de tal investimento impulsionou novos unicórnios - startups que atingem o valor de mercado de US$ 1 bilhão - e fomentou a contratação de inúmeros profissionais. 

Com o papel de enxergar as possibilidades e iniciativas que tenham visibilidade no ecossistema de inovação, uma VC tem o dever de garantir o retorno dos valores aportados por seus investidores em determinado negócio. Isso porque são montantes expressivos, na casa dos milhões, desde investimentos de rodadas pré-seed e seed até rodadas mais robustas de Série A ou B, por exemplo. 

Sabemos que desses valores, porcentagens são direcionadas para produção, distribuição, marketing e contratação de pessoal. Mas o segmento que a maioria das VCs desconhecem e, muitas vezes, não têm a estrutura técnica é o de tecnologia. Prova disso são os recentes movimentos de grandes players desse ecossistema, que apresentaram onda de demissões, demonstrando não só falta de resiliência em momentos de contexto econômico mais desafiador, com uma taxa de juros a 12,75% e baixa expectativa de aumento do PIB, mas amadorismo quando o assunto é escalabilidade.  

A defasagem na área tech também tem provocado muitos processos de pivotagem no mercado, em alguns casos aliada ao desespero de fazer algo para reverter resultados insatisfatórios. Na maioria das vezes, esse cenário é decorrente de ideias mirabolantes que geram desânimo e desistência durante a execução, investimento em tecnologias muito caras e pouco eficientes para a startup, além da falta de um plano de negócio. Para completar o combo, o relatório da McKinsey ainda constatou carência no processo de digitalização de setores que ainda patinam no Brasil em relação à transformação digital e soluções inovadoras, tais como transportes, indústria e bens de consumo básicos. 

Para reverter o cenário desafiador para as VCs e promover a segurança de seus investidores, é necessário apostar em um braço de tecnologia, isto é, um parceiro estratégico com a expertise necessária para realizar uma prévia avaliação do tamanho da jornada tecnológica apresentada pela startup investida. Uma vez que o recurso financeiro for aplicado somente após essa análise, a partir de um direcionamento de projeto, com as devidas diretrizes de viabilização de processos e tecnologias mais indicados para a realidade daquela empresa, somada a um gerenciamento do projeto 360°, a confiança dos investidores vai aumentar.  

A solução de outsourcing nesse caso permite às VCs uma atuação com responsabilidade tecnológica e estratégica diante dos altos volumes aportados. A caminhada lado a lado a uma consultoria especializada em transformação digital vai minimizar as margens de erros, atrasos e desperdícios de tempo e talento. Especialmente em um momento tão delicado para o mercado de investimentos que, diferente de 2021, deve seguir a passos mais lentos neste ano. 

O Brasil carrega o terceiro maior índice de inflação, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e isso também refletirá no tamanho dos valuations. A consultoria McKinsey ainda observa que os investidores estrangeiros serão mais cautelosos, resultando no crescimento desacelerado das startups, e mais exigentes quanto à lucratividade que, por outro lado, deverá ser mais rápida. Por fim, com menor poder de capital destinado às startups, os desafios na atração e retenção de talentos no segmento de tecnologia serão ainda maiores, por isso se faz necessário apostar com assertividade cada moeda dos valiosos bolsos dos investidores das VCs.

** Marcelo Augusto Garcia Gadott é CMO da MAGIT, uma empresa especializada em transformação digital que utiliza a tecnologia para inovar o negócio de diversas organizações, seja na gestão de projetos com squads personalizados, ou no modelo de parceria no gerenciamento de processos terceirizados.

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