Ativista em prol das pessoas com deficiência pleiteia aumento de verba
Defensora das pessoas com necessidades
especiais luta há cinco décadas por maior destinação de recursos financeiros à
causa
Superintendente da
APRAESPI e fundadora da federação das Associações de Pais e Amigos dos
Excepcionais (APAEs) do Estado de São Paulo, Lair Moura, carrega em seu
currículo, uma longa trajetória em defesa das pessoas com deficiência, ao longo
de 50 anos. São beneficiadas mais de 2.000 pessoas diariamente graças aos
programas nas áreas da saúde, educação e assistência social, que implantou em
Ribeirão Pires e na região do Grande ABC paulista.
Formada em direito e
advogada de ofício, Lair pleiteia constantemente junto às esferas do poder
público aumento no repasse de verbas para o SUS (Sistema Único de Saúde), além
de outras demandas. Sua causa sempre esteve voltada em defender os direitos das
pessoas com algum tipo de deficiência.
Lair compara o SUS com
outros sistemas de saúde ao redor do mundo, como o americano, por exemplo, onde
por lá o cidadão paga (caro) para ter acesso ao atendimento básico, num modelo
colaborativo; e, em virtude da pandemia, com o aumento da demanda por
atendimento, muitos brasileiros que foram tentar a sorte por lá, tiveram de
desfazer dos seus bens, inclusive imóveis, para acertar dívidas com o governo
americano relacionadas à saúde, antes de regressar ao Brasil.
Esse paralelo endossa
como o Sistema Único de Saúde funciona, contudo, precisa de melhoras em
quesitos como redução de filas para consultas e exames, na falta de alguns
medicamentos – precisa de investimento. Ela relembra que, durante a campanha
eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, ao seu atingido com uma faca, o chefe
do executivo teve seu pronto atendimento realizado por uma Santa Casa – o
que salvou a vida dele.
Conhecida popularmente
como Lair da APAE, a ativista defende que deveria existir pelo menos uma
associação por cidade ou em regiões próximas, visando atender mais pessoas com
alguma necessidade especial. “Quando nasce uma criança com deficiência num lar
o desespero é saber se vai ter ou não atendimento. Então, numa cidade onde você
sabe que tem um atendimento especializado, a família já tem mais segurança para
poder cuidar dessa pessoinha que está nascendo e que precisa de um atendimento
especializado, e são muitos”.
Um dos maiores
problemas enfrentados pelas Santas Casas é a falta de recursos financeiros que,
por consequência, se tornaram dívidas milionárias. Lair pleiteia junto ao
conselho de saúde um aumento de 50% nos procedimentos e mais um incentivo,
porque desde 2012 a tabela do SUS não sofre reajustes – são dez anos de
defasagem.
Um novo Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica, o Fundeb, foi aprovado no Congresso
Federal em agosto de 2020, com a promulgação da Emenda Constitucional 108/2020
(PEC 15/2015, na Câmara; e PEC 26/2020, no Senado), e regulamentado em
dezembro daquele mesmo ano. O Fundo tem como objetivo fazer com que haja menos
desigualdade de recursos entre as redes de ensino.
Segundo dados do site
Todos pela Educação, de acordo com um Estudo Técnico da Câmara dos Deputados de
2017, sem a política de fundo, a desigualdade seria de 10.000% e, com as atuais
regras, a distância é de 564%. Ou seja, o Fundeb tem como enfoque principal
promover a redistribuição dos recursos vinculados à educação. No entanto,
somente neste ano, depois de pleitear muito, a atual gestão do governador
Rodrigo Garcia abraçou a causa, e o Estado começou a repassar esse valor para
as escolas conveniadas.
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há cerca de 17,3 milhões de pessoas (8,4% do total) com pelo menos um tipo de limitação relacionada às suas funções. Os dados salientam a profundez que há entre a presença destas pessoas no mercado de trabalho, nas escolas e nas faculdades comparadas àqueles sem nenhum tipo de deficiência – 67,6% desses indivíduos não possuem instrução ou mesmo concluíram o Ensino Fundamental, contra 30,9% sem deficiência. Os que possuem alguma deficiência mental figuram como os mais excluídos em todos os quesitos.
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