Audiências de conciliação do Papre Imobiliário reduzem ações na Justiça em Minas Gerais
Serviço já solucionou cerca de 3 mil casos que envolvem empresas do mercado imobiliário
Lowell Revert/Foto Carlos Olimpia
Em quase cinco anos de atividades, o Posto de Atendimento
Pré-Processual (Papre) imobiliário vem obtendo resultados significativos para as
empresas do setor em Minas Gerais. Nesse período, a unidade, idealizada pela
CMI/Secovi-MG (Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do
Mercado Imobiliário de Minas Gerais), contabilizou 7.261 solicitações; dessas,
cerca de 3 mil foram solucionadas entre as partes, resultando em acordos ou
débitos quitados. Só no primeiro semestre deste ano, foram 349 atendimentos,
sendo que é comum as partes entrarem em acordo antes mesmo da conclusão do
processo.
Iniciativa inédita no Brasil, fruto de uma parceria com o
Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o serviço contribui para a
celeridade dos processos judiciais e representa uma alternativa na
possibilidade de conciliação em ações envolvendo empresas do mercado
imobiliário. "Hoje, o mercado imobiliário de Minas Gerais tem mais
segurança jurídica em eventuais conflitos do setor. No Papre, são necessários
cerca de 10 dias entre a entrada no sistema e a realização da audiência no
processo, o que acelera, consideravelmente, os acordos, com benefícios para
todas as partes envolvidas", aponta Lowell Revert, gerente executivo da
CMI/Secovi-MG. “Conseguimos proporcionar mais agilidade na solução de conflitos
do setor e todos os acordos obtidos por meio da conciliação têm força de
decisão judicial, uma vez que são homologados pelo juiz coordenador.”
Segundo Letícia Madureira Horta Canabrava, advogada e sócia
do escritório Barbosa, Castro e Mendonça Advogados Associados —que atende
diversas imobiliárias na solução de conflitos e responde pela assessoria
Jurídica da CMI/Secovi-MG—, a iniciativa vem desafogando o Judiciário.
"Quanto mais conseguirmos evitar judicializar as situações, melhor. O
Papre acelera muito a resolução de processos judiciais e evita desgastes
maiores. O prazo de resolução das demandas é muito mais curto que no
Judiciário", afirma.
Ela também destaca a economia com ações na Justiça. "As
pessoas acabam gastando muito com processos, que podem ser, muitas vezes,
resolvidos à base da conversa sadia entre as partes. A conciliação é uma oportunidade
de cada um colocar seu ponto de vista", comenta. O problema mais frequente
nas negociações, segundo ela, é a inadimplência. "A instabilidade
econômica do país vem afetando grande parte da população. A possibilidade de
acordo sempre existe, mas as pessoas precisam estar abertas ao diálogo e
entender que todas as partes têm de ceder", comenta.
Para a advogada, o atendimento virtual, iniciado em virtude da pandemia de Covid-19, trouxe ainda mais agilidade para o processo. "Tenho percebido uma maior adesão das pessoas para participar das audiências, já que o serviço digital possibilita resolver os conflitos de forma adequada e segura, sem precisar sair de casa", avalia. As audiências de conciliação são realizadas por meio de videoconferência e, em cada processo, os envolvidos recebem e-mail, mensagem por WhatsApp e carta-convite para a sessão, com prazo de cinco dias para aceitar ou não a proposta.
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