Cães "salsichas" têm 25% mais chance de ter hérnia de disco
Doença de cachorro influencer do Reino Unido
levanta alerta sobre casos
Créditos: reprodução/Instagram
O simpático cachorrinho Bosco, o Rei dos
Galhos, como é conhecido em Londres, capital do Reino Unido, tem quase 200 mil
seguidores no Instagram,
onde seus tutores publicam fotos e vídeos dele carregando grandes galhos de
árvore na boca enquanto passeia pelos principais parques da cidade.
Na última semana de junho, os tutores
perceberam limitações nos movimentos de Bosco e imediatamente o levaram ao
veterinário. O cão foi diagnosticado com o grau 5 da doença do disco
intervertebral (DDIV) - ou hérnia de disco - e, no intervalo de duas horas,
perdeu totalmente os sentidos das patas traseiras. No dia 29 de junho, ele
passou por cirurgia de emergência, porém, infelizmente, às 17h do dia 5 de
julho, o Rei dos Galhos não aguentou as complicações da operação e faleceu,
causando grande comoção entre seguidores do mundo todo.
A coluna vertebral dos animais de
companhia é uma estrutura anatômica que, além de dar sustentação ao corpo,
serve como meio de proteção para a medula espinhal, estrutura nervosa que
conecta o cérebro às demais estruturas do tronco. A degeneração do disco
intervertebral (DIV) é um processo natural associado à idade do animal e que
pode, ou não, levar à DDIV. “Isso ocorre quando há a degeneração do disco
intervertebral, que pode ser causada por alterações bioquímicas e/ou
biomecânicas, caracterizado principalmente pela desidratação do núcleo pulposo,
que pode levar ao colapso do anel fibroso e à ocorrência da hérnia de disco”,
explica o médico veterinário, doutor em Ciências Veterinárias e professor do
curso de Medicina Veterinária da Universidade Positivo (UP), Luciano Isaka. “Na
hérnia de disco ocorre o deslocamento do núcleo pulposo desidratado em direção
ao canal medular, causando compressão da medula espinhal, podendo levar até à
perda de movimento dos membros e outras disfunções corpóreas do animal”,
completa.
Segundo o especialista, a DDIV ocorre
com mais frequência em animais condrodistróficos, ou seja, cães com
característica física de comprimento longo e baixa altura, como Beagle, Lhasa
Apso e Dachshund, que é a raça de Bosco. “Isso pode ser explicado por conta da
sobrecarga sofrida pela coluna, principalmente no ponto médio, devido ao baixo
centro de gravidade presente nessas raças, associado ao corpo alongado. Essa
característica anatômica ocorre pelo fechamento precoce da cartilagem
epifisária, fazendo com que o crescimento dos membros termine antes do animal
finalizar o desenvolvimento", detalha Luciano, ressaltando estudos que
demonstram que animais condrodistróficos podem apresentar os primeiros sinais
de DIV a partir de 3 meses de vida e ter já todos os discos intervertebrais
acometidos em torno de um ano de idade, enquanto cães de outras raças podem
sofrer com esse mesmo fenômeno perto dos 8 anos de vida.
Ao contrário do que muitos devem
imaginar, mesmo com essa predisposição para DDIV de cachorros dessas raças, é
improvável que o fato de Bosco carregar os galhos pesados na boca tenha sido um
agravante para o diagnóstico do Dachshund. “Não há estudos que relacionam
carregamento de peso com essa lesão nos cães, apenas a indicação de que
exercícios físicos em excesso podem predispor a condição. Mas não vejo essa
relação no caso específico do Bosco, pois, na maioria das vezes, pacientes que
fazem muito exercício físico e mordem objetos pesados são diagnosticados com
outro tipo de lesão cervical”, alerta o veterinário, que relembra uma edição da
década passada da Revista Veterinary
Clinics of North America: Small Animal Practice, dos Estados
Unidos, que revelou que os Dachshunds podem representar até 25% dos casos e têm
12,6 vezes mais chances de desenvolver a condição, comparados às outras raças.
Luciano recomenda que o diagnóstico da
doença seja realizado por meio de exames neurológicos associados a exames de
imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética. “Além de
encontrar o local da coluna onde está a lesão, é possível identificar também o
tamanho e extensão do trauma”, aponta o doutor, que explica que o tratamento
depende dos sintomas apresentados pelo paciente, podendo ser realizado de
maneira clínica, com uso de medicações e cuidados de manejo, ou, em casos mais
graves, por meio de cirurgias descompressivas. “O tratamento cirúrgico consiste
na remoção do disco intervertebral degenerado do canal medular, a fim de
eliminar a pressão exercida sobre a medula e, consequentemente, aliviar a dor e
restaurar a função motora do animal”, esclarece.
O tratamento e a recuperação dos
pacientes acometidos pela DDIV dependem da deterioração neurológica e da
extensão da lesão medular. “Quando a lesão medular é associada a um grave
comprometimento do suprimento vascular, pode ocorrer a mielomalácia hemorrágica
progressiva, uma condição rara caracterizada pela necrose do segmento medular
que acaba sendo fatal para o paciente, como aconteceu com o Bosco”, finaliza
Luciano.
Sobre a Universidade
Positivo
A Universidade Positivo é referência em Ensino Superior entre as IES do Estado do Paraná e é uma marca de reconhecimento nacional. Com salas de aula modernas, laboratórios com tecnologia de ponta e mais de 400 mil metros quadrados de área verde no campus sede, a Universidade Positivo é reconhecida pela experiência educacional de mais de três décadas. A Instituição conta com três unidades em Curitiba (PR), uma em Londrina (PR), uma em Ponta Grossa (PR) e mais de 70 polos de EAD no Brasil. Atualmente, oferece mais de 60 cursos de graduação, centenas de programas de especialização e MBA, cinco programas de mestrado e doutorado, além de cursos de educação continuada, programas de extensão e parcerias internacionais para intercâmbios, cursos e visitas. Além disso, tem sete clínicas de atendimento gratuito à comunidade, que totalizam cerca de 3.500 metros quadrados. Em 2019, a Universidade Positivo foi classificada entre as 100 instituições mais bem colocadas no ranking mundial de sustentabilidade da UI GreenMetric. Desde março de 2020 integra o Grupo Cruzeiro do Sul Educacional. Mais informações em up.edu.br/
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