ESG na prática: Como a construção civil pode impactar a sociedade
* Por Prof. Dr. Júlio Cesar Barbosa
A construção civil é responsável pela
extração de mais de um terço dos recursos naturais extraídos no Brasil e 50% da
energia gerada abastece a operação das edificações, segundo estudo do Conselho
Internacional da Construção (CIB). O setor também é um dos que mais produzem
resíduos sólidos, líquidos e gasosos, além de ser responsável por mais de 50%
dos entulhos, entre construções e demolições. Para uma construção ser
considerada sustentável, os processos precisam ser sustentáveis o que, é claro,
vai além dos produtos e inclui a atuação institucional das empresas.
O tão falado ESG (em português:
governança Ambiental, Social e Corporativa) permeia as relações de forma quase
obrigatória, porém mais do que incorporá-lo no discurso, as práticas precisam
ser claras e de amplo conhecimento entre os próprios colaboradores das
companhias. Afinal, a sustentabilidade começa com a ciência e o conhecimento.
Os profissionais da construção civil tem
uma responsabilidade técnica, social e ambiental com a sua profissão. A
impermeabilização feita corretamente, por exemplo, gera mais do que um
benefício para o imóvel, sobretudo para a vida humana e dos animais. O
Movimento Construção Saudável, organização social sem fins lucrativos, foi
criado em 2019 para ampliar exatamente esse debate, sobre os benefícios de
impermeabilizar de forma correta e as consequências que este tipo de
procedimento, quando bem executado, traz para a saúde das pessoas, em especial,
crianças e idosos.
Originou-se pela ação de quatro
empresas, essa é a prova da maturidade delas, deixaram a concorrência de lado e
se juntaram para dar forma e sentido ao desejo de melhorar a percepção dos
públicos e da sociedade sobre um tema de forte apelo racional e emocional para
saúde humana e as edificações: a impermeabilização inadequada ou a falta dela,
trazendo para os preceitos da governança propósito e aplicabilidade. Assumimos
assim um grande compromisso com a sociedade brasileira: o de propiciar
qualidade de vida pela adoção de conceitos fundamentais ao conhecimento e a
prática da impermeabilização como fator de melhoria da saúde.
Mas você pode estar se perguntando: o
que isso tem a ver com ESG? Respondo prontamente: tudo! ESG não é apenas um
relatório de números. O Movimento é o ESG na prática. Nossa obrigação como
Movimento é gerar conhecimento, propiciar uma prática mais assertiva da
impermeabilização, ampliar a consciência social e melhorar o uso dos recursos.
Entre os principais critérios ESG vivenciados pelo Movimento estão: relações
com a comunidade, engajamento do público interno, políticas de diversidade,
impacto ambiental, preocupação com os parceiros e desempenho de mercado.
A Associação foi criada dentro do
raciocínio da responsabilidade social corporativa de gerar equidade por meio do
conhecimento (Governança). Além de estar alinhada com os princípios do Pacto
Global, em especial, os que tratam da abordagem preventiva quanto aos desafios
ambientais e a promoção da responsabilidade ambiental; e em total consonância
com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 3, que trata do bem-estar
e saúde. O conhecimento e aplicabilidade do conceito minimizam o uso dos
recursos quando aplicados na concepção da obra (Ambiental). A causa é
transversal, tendo em vista que a cadeia do problema está em todos os ambientes
construídos pelo homem e, ao gerar conhecimento sobre o tema, cumprimos o papel
de orientar e informar o cidadão (Social).
Por isso, reforço que é fundamental
estarmos atentos não só ao discurso, mas como ele está sendo colocado em
prática. A sua empresa realmente sabe a importância do ESG? Como é a prática
disso? Mais do que vender produtos e serviços, o ambiente construído deve ser
pensado para o bem-estar e a saúde das pessoas. Somente quando colocamos o
propósito em prática, como uma estratégia social e institucional sólida, é que
iremos impactar e transformar a sociedade de forma significativa. Vamos juntos?
* O Prof. Dr. Júlio Cesar Barbosa é doutor pela ECA-USP em comunicação institucional e relações públicas e diretor executivo do Movimento Construção Saudável.
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