Futuro do alimento: como criar uma cadeia de suprimentos escalável e sustentável?
É essencial criar uma rede logística que seja
sustentável e consciente do seu compromisso
*Por James Barroso, Go To Market Latam
Director na Infor
Cada vez mais, os consumidores estão
ganhando mais consciência dos seus hábitos alimentares e deram mais importância
para a sustentabilidade por trás da indústria de alimentos. Esse movimento
obriga cada empresa do setor a assumir um compromisso público com metas de
sustentabilidade e quem não o fizer, terá um grande revés em termos de
reputação e imagem perante a opinião pública. Outro desafio é a pressão global
por levar comida na mesa de uma população que cresce em ritmo acelerado.
Segundo o Banco Mundial, havia cerca de
3 bilhões de pessoas no mundo em 1960. Em 1987, em menos de três décadas, a
população global ultrapassava 5 bilhões e a projeção é chegar na marca de 10
bilhões de pessoas até 2050.
Com base nessas projeções, é apropriado
dizer que o rápido crescimento populacional e a mudança de comportamento dos
consumidores, tornaram a implementação de produção sustentável de alimentos
mandatória para garantir o futuro do planeta.
Mas essa diretriz é frequentemente
associada ao setor de alimentos e bebidas e, principalmente, à agricultura. Mas
e a logística? Essa é sem dúvida uma das áreas que mais necessita de uma
mudança de mentalidade dos seus negócios frente aos desafios de
sustentabilidade para criarmos uma cadeia de suprimentos que reduza os
prejuízos para o meio ambiente.
Cadeia de suprimentos sólida e
transparente
Um abastecimento alimentar sustentável
depende de uma rede logística sólida e transparente. E para alcançar esse
objetivo, algumas tecnologias como big data, cloud computing e inteligência
artificial (IA) são fundamentais porque oferecem ganhos sem precedentes de
visibilidade e responsabilidade para a cadeia de suprimentos. Quer alguns
exemplos?
Por meio dos sensores RFID, os gestores
conseguem obter um registro preciso de todos os produtos ao longo de toda a
cadeia de suprimentos e assim, podem divulgar informações sobre a procedência e
valor nutricional dos produtos. Outra vantagem de investir em RFID é a
possibilidade de aumentar sua capacidade de rastreabilidade da cadeia de
fornecimento, desde o campo até a mesa do consumidor. Isso garante maior
sinergia entre todos os pontos do abastecimento agregando maior valor para
produtores, beneficiador, processador e cliente final. Também permite
mapear problemas que podem ocorrer em todas as etapas do processo de produção,
diminuindo os riscos de perdas e aumentando as margens de lucros para as
empresas.
Outra vantagem de contar com suporte da
tecnologia diz respeito à previsão de demanda, que oferece aos gestores KPIs
diários sobre o estoque e vendas diretas ao consumidor. Isso facilita o
alinhamento entre o supply chain e o fluxo de consumo, com objetivo de evitar
desperdícios de matérias-primas.
Transporte é o vilão das emissões de CO2
Otimizar a frota de veículos é um dos
grandes gargalos do setor de transporte, que sozinho contribui com um quarto
das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo dados do IPCC, ou
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas na tradução para o
português. Ou seja, quanto mais veículos na rua para realizar entregas,
maior será o impacto causado pelas emissões de CO2. Mas com o uso de
inteligência artificial na gestão dos armazéns será possível conectar lojas e
centros de distribuição em busca de maior rastreabilidade de todos os produtos
entre esses locais e em tempo real. Com menos tempo e recursos para monitorar e
recuperar mercadorias, o controle de estoque tem ganhos de eficiência
energética e redução do desperdício de insumos.
Acredito que seja fundamental criarmos uma cadeia de suprimentos plenamente sustentável e consciente do seu compromisso de garantir o abastecimento dos alimentos no futuro. Felizmente, a nova geração de líderes já enxerga a possibilidade de trilhar por esse caminho apoiado na combinação entre inovação e sustentabilidade. O próximo passo deve ser dado agora.
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