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Permanecer muito tempo na mesma empresa é ponto negativo na trajetória profissional?

Headhunter David Braga fala deste tema e da importância da autogestão da carreira, visando ao crescimento e a novos desafios profissionais

Carmine Furlleti 

Uma dúvida muito comum e questionada aos headhunters por pessoas que procuram os famosos “caça-talentos” quando querem repensar a carreira e mudar de área é se o fato de estar na mesma empresa por muitos anos pode ser visto como um ponto negativo na trajetória profissional. Na visão do headhunter David Braga, CEO da Prime Talent Executive Search, ao se avaliar uma nova posição no mercado esse questionamento é válido sim. “Especialmente se pensarmos na importância da autogestão da carreira. Cabe a cada um gerenciar, ao longo do tempo, possíveis mudanças que possam proporcionar mais conhecimento e novos desafios, o que o tornará um profissional cada vez mais diferenciado”, enfatiza.

Segundo Braga, em um passado recente, era muito comum ver pessoas que dedicavam sua vida profissional à mesma empresa e com total lealdade por décadas, em troca da estabilidade do emprego. “Na atualidade, esse cenário é praticamente inexistente. Estamos vivenciando uma rotatividade muito significativa, em todos os tipos de empresas – de pequenas a grandes, não somente devido ao cenário da pandemia da Covid-19, que fez com que muitos largassem seus postos, mas também devido à nova geração que está começando no mercado de trabalho e tem outra visão sobre estabilidade”, comenta.

 

Para o headhunter, as novas gerações se sentem mais atraídas por desafios constantes e não permanecem muito tempo em um lugar se não se sentem altamente motivadas. Há outro perfil de profissional, o que está mais acostumado à estabilidade, que pode se acomodar e permanecer mais tempo na empresa. “Acredito que se você é bom no que faz, é provável que seja constantemente sondado por recrutadores que se interessam por suas competências e habilidades”, pontua.

 

De toda forma, Braga lembra que as pessoas que preferem a estabilidade a aventuras ou novas experimentações na carreira, não precisam sair de onde estão para adquirir novos conhecimentos. “Elas têm a oportunidade de experienciar, ao longo do tempo, movimentos distintos dentro da mesma empresa, como fusões, aquisições, mudança de cultura, implementações de sistemas e tantas transformações de cenário. Podem também buscar novas posições na mesma organização, sem que o fato de estar na mesma instituição por anos seja visto como um ponto negativo. Esse tipo de profissional continuará a ter peso de ouro no mercado de trabalho, pois também demonstra lealdade e estabilidade para o empregador”, diz o headhunter.

 

Motivação – Mas, se a pessoa está na mesma função por um longo período, fazendo as mesmas atividades e se sentindo desmotivada e com poucos desafios, é hora de se preocupar. “Neste caso, é interessante criar novos caminhos, seja na empresa na qual trabalha, seja estando aberto a outras posições no mercado. É bom lembrar que o que funciona hoje é provável que amanhã já esteja obsoleto. Assim, questionar o status quo, ou seja, como as coisas são feitas e gerenciar a carreira é de vital importância. Por isso, o protagonismo é tão fundamental: você é quem deve decidir qual caminho trilhar e quanto tempo permanecer na empresa. Afinal, é você que arcará com os resultados do sucesso ou do insucesso profissional”, acrescenta.


David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent Executive Search. É também conselheiro de Administração pela Fundação Dom Cabral (FDC) e professor convidado pela mesma instituição. Ele é autor do livro “Contratado ou Demitido – só depende de você” e atua, ainda, como conselheiro da ONG ChildFund, da ACMinas e da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG).
Instagram: @davidbraga | @prime.talent.

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