A importância do setor jurídico para as startups
Por Rodrigo Salerno e Fabiana Zani
O termo startup ganhou
popularidade na última década devido ao crescimento de iniciativas de
tecnologia. Apesar de inovador, esse tipo de empreendimento não difere
juridicamente de empresas comuns. Portanto, muitos desafios são os mesmos. Mas
há ainda dificuldades adicionais.
A principal
diferença entre uma empresa comum e uma startup está em seu formato de negócio.
Enquanto empresas comuns têm como característica um processo lento e contínuo
de atuação no mercado, a proposta das startups é entrar na área de maneira
agressiva e apresentando soluções inovadoras para os problemas atuais da
sociedade.
O objetivo das
startups é crescer vertiginosamente e com parcerias, incluindo diversos tipos
de investidores. Isso torna as relações comerciais, mesmo de empresas pequenas,
muito mais complexas.
Deste modo, é
preciso ter claro e formalizado os papéis de cada agente do negócio. Afinal,
todos sonham em ter a chamada startup unicórnio, como as brasileiras Quinto
Andar, C6 Bank, Descomplica, Alice, Fintech e Petlove; porém, de acordo com a
ABStartups (Associação Brasileira de Startups), cerca de 70% dessas iniciativas
fecham antes de completar 20 meses de funcionamento e 50% não apresentam
resultados.
Entre os
motivos que levam essas startups a morrerem está o desalinhamento entre sócios
e investidores. Soma-se a isso, problemas jurídicos, momento errado para
pivotar e mudar a direção do negócio, ausência de plano, falta de funcionários
capacitados, entre muitos outros.
Especialistas
no mercado ressaltam que mais do que ter uma boa ideia é preciso estar aberto a
novas ideias. Mas como advogados, observamos o quão importante é iniciar um
negócio tendo um apoio jurídico.
Além de
resguardar a empresa no que diz respeito a legislações trabalhista,
empresarial, cível e até mesmo ambiental, essa preocupação permite que os
investidores vejam com maior confiança a empresa.
Outros assuntos
do setor jurídico são: constituição societária, gestão de atribuições dos
sócios, regime tributário que a empresa melhor se encaixa, propriedade
intelectual, elaboração de contratos e documentos e adequação a LGPD (Lei Geral
de Proteção de Dados). Todos temas muito pertinentes às empresas de tecnologia.
Pode parecer
detalhes demais. Entretanto, são passos importantes para quem deseja ingressar
no mercado da inovação. Aliás, cabe ressaltar que Piracicaba é uma cidade de
destaque nacional nesta área. O que significa competitividade.
Entre 2020 e
2021, o Radar Agtech, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária),
contabilizou 1.574 agtechs brasileiras. Entre essas startups do agronegócio 345
das melhores ranqueadas estavam localizadas no estado de São Paulo; e 60 em
Piracicaba. Responsáveis por essa marca são as universidades locais, em
especial a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), além de
organizações relacionadas ao setor sucroalcooleiro da região.
Em 2012 foi
inaugurado o Parque Tecnológico Piracicaba Engenheiro Agrônomo Emílio Bruno
Germek, sob a gestão do Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool). Entre suas
iniciativas mais recentes estão o uso de inteligência artificial no combate de
pragas e a adoção de implementos que reduzem o custo de cultivos. Ações
evidenciam que há empresas na região dispostas a acreditar em projetos de
startups que solucionem seus desafios. Basta, portanto, ser inovador, atento às
necessidades do mercado e, principalmente, oferecer confiabilidade aos
investidores e parceiros.
*Rodrigo Salerno é
sócio do escritório SAZ Advogados e atua nas áreas de Direito Privado e
Arbitragem. É graduado em Direito pelas Universidade de Araraquara; LLM em
Direito Empresarial e especialista em Direito da Construção e Infraestrutura,
pela CEU/IICS. Também possui especialização em Direito Contratual e MBA em
Administração Legal, ambos pela EPD (Escola Paulista de Direito); além de
Certificado em Direito Civil Contemporâneo, pela Universidade de Coimbra; e
Extensão em Relações de Trabalho e Planejamento Tributário, pela FVG/SP
(Fundação Getúlio Vargas).
*Fabiana Zani é sócia do escritório SAZ Advogados e atua nas áreas do Direito do Trabalho, Contratual, Compliance e LGPD, com experiência no Gerenciamento de Riscos Jurídicos e em Governança Corporativa. É graduada em Direito pela UNIFMU (Faculdades Metropolitanas Unidas). Também possui Especialização Lato Sensu em Direito Penal, Processual Penal e Tutela Penal dos Interesses Difusos e Coletivos, pela Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo; Curso de Prática e Negociação Contratual, certificado pelo IICS (Instituto Internacional de Ciências Sociais); MBA e o curso de Direito para Startups, ambos pela FGV/SP (Fundação Getúlio Vargas); Compliance, pelo Insper Educação Executiva e Aspectos Práticos da LGPD, pelo Instituto New Law.
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