Como e quando adotar o leite de vaca nos casos em que o aleitamento materno não é possível?
Apojadura
tardia, lesões nas mamas e depressão pós-parto são apenas algumas das
adversidades que podem impossibilitar o aleitamento materno. Entenda como
proceder nesses casos, inclusive com o leite de vaca, para suprir as
necessidades nutricionais do bebê
Recomendação de médicos é de que leite de vaca
seja introduzido na dieta da criança após um ano de idade
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Agosto é o mês de
enaltecer, promover e incentivar o aleitamento materno, mas não podemos
esquecer que nem todas as mães conseguem assegurar este valoroso alimento para
seus bebês, uma vez que muitas mulheres podem ser acometidas por vários
problemas físicos e psicológicos que impedem ou atrapalham o processo de
amamentação.
A demora na descida do leite (apojadura), dores nas mamas e/ou lesões nos
mamilos devido à pega incorreta ou ingurgitamento mamário, estresse e depressão
pós-parto estas são algumas doenças maternas ou neonatais que podem resultar na
impossibilidade da mãe em fornecer o leite materno para o filho, segundo
enumera a pediatra Mariana Di Paula Rodrigues.
Conforme a médica, também atrapalha o processo de amamentação a falta de
preparo e informação, opiniões desencorajadoras e o uso precoce de chupetas,
mamadeiras e outros leites ou fórmulas infantis. De acordo com a pediatra, a
grande maioria desses problemas que afetam a amamentação, como por exemplo a
baixa produção de leite, o que é raro, pode ser remediada com orientação médica
e de profissionais especializados. "Vale citar também as crenças
equivocadas de que o leite materno é fraco. Isso é um mito. Não existe leite
materno fraco", frisa Mariana.
Mas o que pode ser feito nesses casos, afinal? “Em primeiro lugar, a lactante
deve ser acompanhada de perto e receber todo o suporte e orientação sobre os
benefícios da amamentação e sobre os tratamentos das possíveis intercorrências
como fissuras mamárias, mastite, baixa produção. Caso ainda assim não seja
possível manter o aleitamento materno exclusivo, a indicação é de uso de
fórmula infantil 1 para crianças até os seis meses de idade. Após os seis
meses, oferecer preferencialmente fórmula infantil 2, além da introdução dos
demais alimentos na dieta já recomendados nesta idade”, explica Mariana.
E o leite de vaca?
Mas considerando o custo elevado do aleitamento artificial, muitas famílias
acabam recorrendo ao leite de vaca. O que talvez nem todo mundo sabe é que
existe uma época certa para introduzir, com segurança, esta opção na
alimentação do bebê. A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria, por
exemplo, é que a fórmula infantil seja utilizada até os 12 meses e a opção de
uso do leite in natura, UHT ou pasteurizado só seja considerada após um ano de
idade.
O Guia Alimentar Para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, publicado em 2019
pelo Ministério da Saúde, preconiza que, em algumas situações especiais, como
dificuldade em adquirir a fórmula infantil, o leite de vaca integral possa ser
utilizado já a partir dos nove meses de idade. “O leite de vaca integral (in
natura, pasteurizado e UHT) não deve ser oferecido antes porque ele não é
nutricionalmente adequado para esta faixa etária. Não possui as quantidades e
proporções adequadas de calorias, gorduras, proteínas, água, vitaminas e outros
nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento do bebê. Nestes
casos há o risco de anemia, baixo ganho de peso e estatura, deficiência de
vitaminas e nutrientes, dentre outros”, alerta Mariana.
Ela, que também é gastroenterologista pediátrica, acrescenta ainda que, entre
os leites integrais, o mais indicado é o in
natura, desde que fervido, por ser a opção mais natural. No
entanto, o leite pasteurizado, preferencialmente do tipo A, e o leite UHT
também podem ser consumidos, desde que estejam dentro do prazo de validade,
passem pelo processo adequado de pasteurização e que as mãos sejam higienizadas
para manipular a bebida.
Pasteurizado X Leite UHT
Para quem tem dúvidas sobre qual opção de leite de vaca adotar, a
engenheira de alimentos da Marajoara Laticínios, Annyelle Couto explica a
diferença dos leites pasteurizado e UHT. “O leite pasteurizado recebe um
tratamento térmico mais brando, onde são eliminados somente os microrganismos
patogênicos. Por este motivo, precisa ser mantido sob refrigeração e seu prazo
de validade é curto, em torno de sete dias. Já o leite UHT, passa por um
tratamento térmico de esterilização, onde é submetido a altas temperaturas,
imediatamente resfriado e envasado sob condições assépticas em embalagens
estéreis e hermeticamente fechadas. Este tratamento resulta na eliminação de
todos os microrganismos presentes no leite e apresenta validade de quatro meses
em temperatura ambiente”, compara.
A especialista acrescenta, ainda, que a embalagem cartonada utilizada no leite
UHT apresenta multicamadas capazes de criarem uma barreira que impede a entrada
de luz, oxigênio, água, microrganismos e, consequentemente, contaminações,
garantindo assim a integridade e conservação do produto, seja no transporte,
armazenagem ou exposição, e preservando a qualidade do leite.
Além do mais, como o tratamento térmico utilizado elimina todos os
microrganismos e o leite UHT é acondicionado em embalagem asséptica, não existe
a necessidade de adicionar conservantes, tendo em vista que não há crescimento
de microrganismos neste meio. “Vale lembrar que a legislação brasileira não
permite a adição de nenhum tipo de conservante no leite. A única
substância permitida são os estabilizantes, geralmente o citrato de sódio, que
é um composto orgânico já presente na composição natural do leite e cuja função
é garantir a estabilidade (proteção) das proteínas durante o processo térmico”,
elucida.
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