Como ensinar educação financeira para as crianças
Professor explica como os pais devem se
comportar e introduzir os filhos com as contas da casa
São Paulo, 11 de agosto de 2022 – Despesas como conta de água, luz,
telefone, pet shop, aluguel, compras e outros gastos, nem sempre é discutido
com os filhos que, na maioria das vezes, não sabem o valor que é custear com
estas obrigações.
“A educação financeira é fundamental e
precisa se tornar um assunto presente, recorrente e transformando-se em hábito,
de uma maneira saudável e natural, se possível de maneira lúdica, para que haja
responsabilidade, desde cedo com o bom uso do dinheiro, respeitando limites e
observando necessidades”, explica Gustavo Rodrigues de Oliveira, coordenador do
curso de Administração de Empresas da Faculdade Santa Marcelina.
“Sem dúvidas, é essencial ensinar
crianças e adolescentes a desenvolverem de forma madura, o autocontrole, a
autonomia e a responsabilidade, porque estes elementos os tornarão adultos mais
maduros, dentro do domínio de suas escolhas pessoais e fará com que evitem
cometer erros que coloque sua situação financeira em risco”, complementa.
A seguir, o professor explica como
introduzir a educação financeira nas crianças de forma simples e acessível.
É interessante que a criança tenha um
cofrinho desde cedo? Por quê?
Sim, pois ao mesmo tempo em que educa,
serve como estímulo, diante de um sistema de recompensa, pois dada a
importância do tema, nada melhor que a criança observar o valor de seu próprio
esforço. Além disso, serve como estímulo no exercício de poupar, planejar,
aguardar, valorizar o montante, impactando, como resultado, o orgulho imenso naquela
criança que conseguiu se presentear.
Quais são as formar de ensinar a criança
sobre educação financeira?
Além dos primeiros passos, como o
exemplo do cofrinho, em várias outras situações isso se mostra importante, como
evitar o desperdício, o que desperta uma educação financeira social e
ambiental, falar abertamente sobre dinheiro, conquistas e problemas que não
saber administrá-lo e ainda trabalhar a ideia de investimentos de curto e longo
prazo. A criança sempre adota meios de absorver os ensinamentos através de
elementos lúdicos e até mesmo em brincadeiras um pouco mais realísticas, onde
poderiam ser remuneradas por pequenas tarefas, de pequena complexidade, que
refletissem o valor do resultado por seu trabalho ou atividade bem
desempenhada.
A mesada pode fazer parte da educação
financeira? Por quê?
A mesada acaba sendo um elemento
estratégico na educação financeira, porque faz a criança administrar o valor e
perceber sua importância, em determinado tempo, considerando identificar, com o
passar do tempo necessidades, prioridades e até mesmo elementos supérfluos.
Além disso, as crianças com maior maturidade e consciência, objetivam alcançar
desejos maiores, e tendem a “reter” o dinheiro por mais tempo até que isso seja
alcançado. A mesada pode ser definida de acordo com o padrão estabelecido para
a idade e o entendimento do uso de determinado recurso.
A educação financeira também serve para
o consumo consciente?
Sim, e isso pode e deve ser conseguido e
reforçado positivamente com a mesada, considerando o destino de utilização do
recurso. Crianças, habitualmente não tem despesas fixas, então pode-se
estimular o uso do dinheiro de maneira prazerosa, livre do peso da consciência
de usar o recurso sem pagar uma obrigação. Na realidade, o sentimento deve ser
reverso, pois a criança de posse do recurso, deve avaliar, no limite de suas
possibilidades, se tal despesa é necessária e indispensável naquela ocasião.
Qual a diferença entre o ‘querer’ e o
‘precisar’ na educação financeira?
O grande dilema de necessidade e desejo
é reforçado pelo apelo incansável das mídias e do consumismo. Vivemos numa era
digital de grandes desafios e o gasto com itens necessários, justificam o
querer utilizar o recurso. Do contrário, sem dar importância ao dinheiro, sem
limites estabelecidos, há grandes chances de no futuro, tornar-se um adulto
perdulário, na linguagem atual “ostentador”.
Como são as crianças que os pais não
colocam limites financeiros?
São crianças imediatistas e com
comportamento fora do padrão de relacionamento e interação social, pois não
veem limites para que seus desejos e caprichos sejam realizados. Não podem
receber negativas como respostas, pois tendem a se fragilizar e se isolarem
cada vez mais em virtude de sentimento de rejeição. Além disso, não conseguem fazer
planejamento a médio e longo prazo.
O que isso pode acarretar no futuro?
Uma obsessão desmedida pelo dinheiro,
sem limites e imposto apenas por um comportamento acumulador e extremamente
apegado aos bens materiais. Normalmente estas crianças tendem a crescer e se
desenvolver com perfil menos humano, mais hostil e com menos importância nas
relações pessoais.
A educação financeira em crianças é
opcional ou um fator importante na educação? Por quê?
É importante para desenvolver senso
crítico de autonomia e tomada de decisão. O ser humano faz escolhas durante
toda a vida e assim deve ser. A mesada educativa retira a ideia e o estigma de
que os pais crescem apenas para pagar suas contas. Entre 5 a 7 anos as
primeiras ideias sobre o dinheiro, para que serve e como deve ser utilizado,
são passiveis de explicação neste contexto. Dê um cofrinho de presente para seu
filho.
Como ensinar os filhos a lidar com o
dinheiro facilmente?
Fazê-los refletir sobre o valor das
coisas e sobre a importância de ter o hábito de poupar, durante toda a vida. Um
gasto inesperado e desnecessário, pode significar problemas futuros pela falta
do recurso, ou mesmo diante de uma necessidade urgente e sem previsão daquele
gasto, como acontece com despesas emergenciais, principalmente no caso de
saúde. Investimentos de longo prazo, trazem resultados futuros consistentes.
Deixar de gastar com cinema, fast-food, brinquedos e roupas com maior
frequência, podem significar a realização de uma viagem dos sonhos, da compra
de um instrumento musical, do pagamento de um curso, enfim, de algo que não
transmita apenas a realização momentânea.
Os pais são espelhos para os filhos? Por
quê?
O exemplo vale muito mais do que
dinheiro e os filhos só irão exercer e assimilar os ensinamentos sobre o que
foi transmitido através da educação financeira, ou ainda aprendidos na escola e
com os seus pais e familiares, se isso prevalecer como um exemplo positivo e
admirável dentro de suas próprias casas. Pais perdulários e irresponsáveis
estimulam filhos a também serem. O mesmo se dá com pais que ostentam, são
inadimplentes ou irresponsáveis financeiramente. Cria-se o efeito dominó, onde
todos sofrem pela ausência de modelos e hábitos financeiros positivos.
Sobre a Faculdade Santa
Marcelina
A Faculdade Santa Marcelina é uma instituição mantida pela Associação Santa Marcelina – ASM, fundada em 1º de janeiro de 1915 como entidade filantrópica. Desde o início, os princípios de orientação, formação e educação da juventude foram os alicerces do trabalho das Irmãs Marcelinas. Em São Paulo, as unidades de ensino superior iniciaram seus trabalhos nos bairros de Perdizes, em 1929, e Itaquera, em 1999. Para os estudantes é oferecida toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento intelectual e social, formando profissionais em cursos de Graduação e Pós-Graduação (Lato Sensu). Na unidade Perdizes os cursos oferecidos são: Música, Licenciatura em Música, Artes Visuais, Licenciatura em Artes Plásticas e Moda. Já na unidade Itaquera são oferecidas graduações em Administração, Ciências Contábeis, Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, Medicina, Nutrição, Tecnologia em Radiologia e Tecnologia em Estética e Cosmética.
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