Como uma inflação agressiva afeta o mercado de seguros?
Com previsão de atingir 7,30% até dezembro, seguradoras
podem tomar medidas para manter o crescimento do setor atingido desde 2021
Alberto Vargas, formado em Master Business Administration
pela Universidade de Warwick na Inglaterra
Divulgação
Atualmente, o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) acumulou 11,39% nos últimos 12 meses. Segundo um levantamento
feito em maio pelo Índice de Preços do Seguro Automóvel (IPSA), os valores dos
seguros para veículos, por exemplo, seguiram o cenário inflacionário e
encareceram cerca de 28% – nos sete meses que antecedem a pesquisa. A
persistência da inflação acima da meta cria um desafio histórico de política
monetária, especialmente para as economias em desenvolvimento.
Em busca de atenuar o efeito da alta na
inflação e nos juros, as empresas do mercado de seguros podem alocar recursos
para ter mais controle dos custos de sinistros, administrativos, distribuição
entre outros. Em momentos de inflação elevada, em especial o cenário atual que
apresenta uma forte alta nas principais economias do globo, o controle de
custos é uma alternativa para se proteger o negócio.
“A inflação está na mente de todos os
consumidores não somente do Brasil mas em todo o mundo. Da mesma forma, líderes
de empresas de todos os setores buscam formas de planejar dentro de um cenário
inflacionário”, explica Alberto Vargas, especialista pós-graduado em
administração de empresas pela Universidade de Warwick na Inglaterra.
Dentre os motivos para o aumento de
preços no setor, estão a falta de peças de veículos ocasionada pela pandemia, a
alta na procura de carros seminovos ou usados, que encareceu os veículos e
gerou atualizações na Tabela Fipe.
Baseando-se no contexto atual, Vargas
destaca algumas estratégias que podem proteger as empresas da alta na inflação:
“Estratégias que serão úteis independentemente de como a inflação evolua é
criar maneiras de reduzir custos e reduzir interrupções nas operações, dado que
as taxas de juros estão em subida para tentar diminuir a inflação, reequilibrar
os portfólios de investimentos e manter o custo de capital pode evitar custos
de financiamento mais altos”, comenta ele.
Qual a perspectiva para o futuro do
setor de seguros?
Da forma que a inflação vem se
comportando, o setor de seguros no Brasil pode tomar algumas precauções para
manter o crescimento que tem vivenciado, especialmente porque a alta nos preços
afeta o poder de compra do consumidor. Dentro disso, o especialista elenca alguns
cuidados que podem ser observados pelas seguradoras:
- Investir em digitalização e
automação de processos com objetivo de reduzir custos e criar uma
melhor experiência para o cliente.
- Construir uma cadeia de
suprimentos diversificada e resiliente ajudará a minimizar interrupções
futuras nela. No entanto, o custo de construir resiliência na cadeia de
suprimentos deve ser consistente com o risco para as operações.
- Investir em sistemas como
recursos de treinamento, pipelines de talentos e avaliar opções de
outsourcing .
- Desenvolver a capacidade
interna de monitorar como os fatores econômicos externos e os KPIs
(indicador-chave de desempenho) internos estão evoluindo, permitindo
que as empresas tomem medidas para lidar com as mudanças no ambiente
inflacionário.
Parte do crescimento no setor pode estar
acontecendo em decorrência da pandemia. De acordo com dados da Superintendência
de Seguros Privados (Susep), o mercado de seguros cresceu 19,6% no 1º semestre
de 2022, com um faturamento de R$80 bilhões. Nesse contexto, é preciso manter o
desenvolvimento conquistado pelo setor.
“Operar no ambiente incerto de hoje
significa que os líderes das empresas devem pensar sobre o desempenho em
termos muito mais amplos e ágeis, com todo o ciclo de negócios em mente”,
explica Vargas.
Portanto, Alberto Vargas acredita que o
recuo da pandemia, acompanhado pelo avanço da campanha de vacinação, levará a
uma recuperação da demanda dos consumidores. Mas, será preciso que as
organizações pensem no valor que os clientes irão enxergar e nas mudanças de
comportamento que a pandemia ocasionou.
As opiniões expressas neste conteúdo não
substituem a consultoria financeira de um profissional nas empresas.
Sobre Alberto Vargas
Jorge Alberto Vargas é formado em Master Business Administration pela Universidade de Warwick na Inglaterra. Possui experiência em gerência de finanças, planejamento, contabilidade, compliance e no desenvolvimento de equipes de alta performance. Já ajudou diversas empresas de diferentes tamanhos a atingir objetivos de inovação, custos e crescimento. Antes de morar no Brasil, trabalhou em mercados do México, Colômbia, Venezuela e Peru, sempre buscando entender a necessidade das empresas e a realidade econômica de cada país.
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