Conheça quatro tipos de cefaleia e suas características
Neurologista Natália Longo explica quando a dor
deve ser motivo de preocupação
São Paulo, agosto de 2022 - Um dia cansativo e
estressante, quase sempre pode terminar com uma chata dor de cabeça. Seja por
exaustão física, mental ou relacionada a alguma doença, o fato é que mais da
metade da população nacional sofre com dores de cabeça. Um número que soma
cerca de 140 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de
Cefaleia.
Com dados tão expressivos, você deve
estar se perguntando o porquê tanta gente vive com dor de cabeça? A resposta é
simples: porque existem mais de 150 tipos de cefaleia com diferentes causas.
Por isso, a Dra. Natália Longo, neurologista pela Santa Casa de São Paulo e
neurofisiologista pelo HCFMUSP, explica sobre quatro tipos e suas
características.
“O tipo de cefaleia mais conhecida é a
enxaqueca, uma das dores de cabeça mais relatadas e mais fáceis de identificar.
A dor geralmente é latejante, unilateral, ou seja, atinge apenas um lado da
cabeça, de moderada a forte intensidade e piorando quando a pessoa pratica
atividade física. Além de causar sensibilidade à luz, ao som e a odores,
acompanhada ou não de náuseas e vômitos”, esclareceu.
A enxaqueca é mais comum em mulheres, na
maioria dos casos, em que uma das explicações é devido a alterações hormonais
que as mulheres sofrem durante a sua vida. Ou seja, quando as dores são
frequentes por mais de quinze dias durante o mês e permanecem por pelo menos 3
meses, podemos dizer que nos deparamos com uma enxaqueca crônica. Nestes casos
é necessário tratarmos para que as crises não se tornem mais frequentes e intensas,
sendo necessário geralmente utilizar um medicamento profilático para dor de
cabeça e associado uma mudança de hábitos de vida.
Diferente da enxaqueca, a cefaleia em
salvas é um tipo de dor de cabeça mais comum entre os homens e, que de acordo
com estudos clínicos, acomete mais pessoas que fazem uso de tabaco e bebidas
alcoólicas. Apesar de também ser unilateral, associada a ativação autonômica -
hiperemia ocular, lacrimejamento, o nariz fica congestionado do lado da cabeça,
onde a dor está presente. Esta dor de cabeça geralmente ocorre várias vezes ao
dia, com duração das crises em até120 minutos. Tais dores são tão intensas que
deixam a pessoa incapacitada de realizar suas atividades do dia-a-dia.
Já na cefaleia cervicogênica, a dor
atinge a região da nuca e do pescoço, porque a origem do problema está na
coluna cervical, seja por problemas de má postura, hérnia de disco, torcicolo,
tensão por estresse ou até osteoporose.
Além dos problemas físicos, o desgaste
emocional acompanhado de ansiedade e maus hábitos diários podem ser o motivo
para a cefaleia tensional. Nesse tipo de dor de cabeça, a pessoa sente uma
pressão na cabeça e surge principalmente no final do dia quando o cansaço chega
ao extremo.
“Na cefaleia tensional é comum que o
paciente sinta irritabilidade, dores musculares e fadiga crônica. Os
medicamentos fazem parte do tratamento, porém, o mais importante nesses casos é
encontrar uma atividade física para liberar as tensões e gerar bem-estar, seja
massagem, exercícios aeróbicos ou algum tipo de esporte que o paciente se
identifique. Assim, é possível ter uma qualidade de vida melhor e sem tantas
intervenções medicamentosas”, comenta a neurologista.
Além das dores mais comuns do dia a dia,
vale ressaltar que a dor de cabeça tem sinais de alarme para mostrar que pode
ser algo mais grave, como as dores que aparecem de forma súbita e evolui
rapidamente com o passar das horas
“Sempre quando a dor de cabeça surgir
muito subitamente e vier acompanhada de visão embaçada, náuseas, vômitos ou
febre, a orientação é que o paciente procure atendimento médico imediato. E,
caso a dor não seja repentina, mas seja recorrente, o ideal é que a causa seja
investigada por um médico neurologista”, enfatizou a Dra. Natália.
A especialista ainda destaca que o que
impede muitas pessoas de terem uma qualidade de vida melhor em relação às
cefaleias é a automedicação, que disfarça os sintomas e a necessidade de uma
consulta médica. Sendo assim, se o paciente apresentar dores recorrentes ou uma
dor mais intensa do que está acostumado a sentir, o ideal é procurar
atendimento médico especializado.
Dra. Natália Longo – médica neurologista e neurofisiologista graduada em medicina pela Universidade Federal do Pará. Residência médica de neurologia clínica na Santa Casa de São Paulo. Título de especialista em Neurofisiologia pela Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC). Fellowship no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) em neurofisiologia com ênfase em epilepsia, eletroencefalograma e videoeletroencefalograma.
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