Esclerose múltipla é desconhecida de 80% dos brasileiros
Especialista da Fundação são
Francisco Xavier – FSFX explica que apesar de não ter cura, se diagnosticada
precocemente e com o tratamento correto, a doença tem grandes chances de ser
controlada e garantir aos pacientes melhor qualidade de vida
O neurologista e neurofisiologista da Fundação
São Francisco Xavier, Rafael Ferreira/Crédito: Divulgação FSFX
Com cerca de 2,8 milhões de casos no mundo e
mais de 40 mil no Brasil, de acordo com a Federação Internacional de Esclerose
Múltipla, a esclerose múltipla é uma doença neurológica em que as células de
defesa do organismo agridem o próprio sistema nervoso central. Para
conscientizar sobre a doença, levar informações à população, o mês de agosto
traz à tona a Campanha Agosto Laranja. Um dos objetivos do movimento é
desmistificar a condição crônica da doença e incentivar o diagnóstico precoce
na busca de mais qualidade de vida para quem convive com a doença.
Ao contrário do senso comum de que é uma doença
de idosos, a esclerose múltipla pode acometer adultos jovens, principalmente
mulheres entre 20 e 40 anos de idade. Depois de doenças neurológicas
decorrentes de traumas de acidentes, a esclerose múltipla é a maior causa de
incapacidade neurológica em adultos jovens.
“A Esclerose Múltipla ocorre por
uma falha no sistema imunológico, em que as células de defesa do nosso corpo
passam a atacar algumas regiões do cérebro, causando inflamações. Estas lesões
afetam principalmente a bainha de mielina – uma capa protetora que reveste os neurônios, comprometendo o
funcionamento normal do cérebro. A causa dessa falha é uma combinação de
fatores genéticos e ambientais.”, explica o neurologista e neurofisiologista da
Fundação São Francisco Xavier, Dr. Rafael Ferreira.
Os sintomas mais comuns são alterações na
visão, na sensibilidade do corpo (formigamento ou falta de sensibilidade), no
equilíbrio, no controle de esfíncteres e na força muscular dos membros com
consequente redução na mobilidade ou locomoção.
Os portadores da doença também podem ter visão
dupla (diplopia) ou embaçada, problemas motores (perda de força ou função,
perda de equilíbrio, sensação de queimação, fadiga intensa, disfunção
intestinal e da bexiga, entre outros).
Para o diagnóstico da esclerose múltipla são
utilizados aspectos clínicos e de imagem, associado a análise do líquor
cerebroespinhal. A ressonância magnética de crânio e coluna (medula
espinhal) é a principal ferramenta para o diagnóstico das doenças desmielinizantes
do Sistema Nervoso Central.
Tipos da doença
A forma mais comum da doença é a esclerose
múltipla recorrente, que acomete cerca de 85% dos diagnosticados. Essa forma
apresenta sinais ou sintomas novos ou agravados, seguidos de períodos de recuperação.
A esclerose múltipla primária progressiva é o tipo mais agressivo
e acomete aproximadamente 15% dos pacientes. A forma mais debilitante é marcada
por sintomas que se agravam de forma constante, sem recorrências ou períodos de
remissão.
“Ainda não temos cura para a doença, mas há
tratamentos capazes de evitar as incapacidades e sequelas causadas pela doença.
Se agirmos rapidamente com o tratamento adequado, é possível o paciente ter uma
vida normal, com poucas restrições e/ou limitações”, enfatiza o neurologista.
O médico explica que, assim como o câncer, os estudos para a esclerose múltipla estão bem evoluídos. “A notícia boa é que os tratamentos estão cada vez mais avançados. Atualmente, há diversas opções de medicamentos e a maioria é fornecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. Estes medicamentos são capazes de retardar a progressão ou até paralisar a doença. Comprimidos e injeções subcutâneas ou venosas podem ser administrados com eficiência”, conclui.
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