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Estratégia de 4 passos para investir em qualquer ativo

Theo Lamounier*

 

Ao realizar um investimento, além de ter um objetivo tangível, é importante adotar uma estratégia. É ela que reunirá as melhores práticas e técnicas para garantir que você alcance sua meta e não tome decisões equivocadas durante o processo.

 

A estratégia a seguir só funcionará para longo prazo, para um cenário de dois a três anos. É importante entender, também, que as etapas da estratégia podem ser aplicadas para qualquer classe de investimento. Entretanto, cada classe tem suas particularidades e metodologias que devem ser adaptadas. Por exemplo, o critério de precificação de uma commodity não é o mesmo de uma ação, bem como cada uma dessas classes possui seus próprios fundamentos e razão de existir.

Vamos traçar as etapas da estratégia utilizando o Bitcoin como alvo.

 

1ª etapa – Identifique os fundamentos para se investir no ativo

 

Nessa etapa, o que o investidor irá procurar é a razão de existir do ativo: por qual motivo ele foi criado? Qual o sentido de manter esse ativo na carteira? O que esse ativo retorna de valor para a sociedade?  Se você souber responder a essas perguntas é porque conhece o ativo. Então, deverá analisar se acredita que ele está cumprindo sua missão.

Para o Bitcoin, separamos 3 motivos para realizar o investimento:

1) o Bitcoin representa a disrupção do mercado financeiro, ele é a reserva de valor da nova economia e criará um mercado mais livre, justo e descentralizado;

2) o Bitcoin é um ativo descorrelacionado do resto do mercado financeiro, portanto, é um hedge natural e um ativo de proteção;

3) a política monetária do Bitcoin torna-o um ativo de proteção contra um possível cenário de inflação e/ou estagflação.

 

2ª etapa – Entenda se o ativo está barato e estabeleça um alvo de preços

 

Você não deve ter qualquer sentimento na hora de investir. Após identificar os fundamentos do ativo, deve-se utilizar alguma técnica de precificação (valuation) própria da classe e entender se o alvo está barato. Você só deve investir em um ativo que estiver depreciado, ou seja, que está barato. Investir com a expectativa de aumento de preço é uma forma rápida de fracassar.

 

O valuation do ativo é o alvo do seu investimento, seu objetivo financeiro. Quando o ativo atingir este preço, você deverá liquidar sua posição e/ou fazer uma profunda revisão dos fundamentos e precificação. No geral, não faz sentido manter em carteira um ativo que atingiu seu preço alvo.

Para o Bitcoin, o preço alvo é de US$ 300 mil. Quando atingir este preço, o Bitcoin terá o mesmo tamanho de mercado do ouro.

 

3ª etapa – Defina sua meta de alocação

 

Meta de alocação é a etapa mais importante da estratégia. Seguindo estes passos, você conseguirá fazer a gestão de risco da sua carteira, capturar o preço médio de um ativo, analisar a rentabilidade real do seu patrimônio e garantir que suas tomadas de decisão sejam consistentes e com base em informações relevantes e não especulativas.

 

A definição de meta de alocação deverá ser feita em 3 passos:

1) Calcule o valor do seu patrimônio em dólar.

O dólar americano é a principal moeda mundial. A maior parte das transações financeiras são feitas em dólar. Dessa forma, analisar a evolução patrimonial em dólar é uma maneira de gerenciar riscos e garantir a manutenção do valor real do seu dinheiro.

Para fins deste exemplo, trabalharemos com um patrimônio de US$ 100 mil.

2) Estabeleça um intervalo percentual de alocação.

O estabelecimento desse intervalo é subjetivo, você poderá pesquisar com base em referências de outros investidores para estabelecer o seu intervalo.

Aqui, vamos estabelecer o intervalo de 5% a 10% do seu patrimônio, sendo que seu investimento inicial será sempre vinculado ao mínimo. Ou seja, US$ 5 mil;

3) Defina um nível de caixa para o investimento

Além de trabalhar com um caixa geral, para cada alocação é interessante manter um percentual do investimento em liquidez, sem comprar o ativo. Essa parte da estratégia é responsável pelo ajuste de risco e captura do preço médio do ativo em longo prazo.

Existem diversas formas e técnicas de se definir o nível de caixa em uma alocação. Você poderá se valer de qualquer uma delas. Para essa estratégia, vamos adotar um nível de caixa constante de 20%.

Com essas primeiras etapas você já pode fazer a aquisição do Bitcoin. Você deverá comprar o equivalente a US$ 4,000.00 na criptomoeda e US$ 1,000.00 será o caixa da estratégia.

No total, você está investindo US$ 5.000,00 na sua estratégia para Bitcoin. Entretanto, você estará comprando apenas em 80%.

 

4ª etapa – Estabeleça critérios para rebalancear sua carteira

 

No campo da gestão de risco, o rebalanceamento cumpre a função de retornar sua carteira para sua meta. Ao rebalancear, você precisará analisar sua carteira como um todo e voltar a carteira para a meta estabelecida na etapa anterior. Ou seja, observar o intervalo percentual e o nível de caixa.

Vamos utilizar dois critérios de rebalanceamento:

1) critério temporal: ajuste sua carteira 15 dias após o encerramento de cada trimestre. Observe que o trimestre é referente ao calendário do ano e não da data da sua compra;

2) Variação de preços: defina um percentual de variação do preço do ativo. Toda vez que o ativo variar este percentual, você deverá recalibrar sua carteira.

Para o Bitcoin, vamos definir 15%. Isso significa que toda vez que o preço do Bitcoin variar 15% para cima ou para baixo, você deverá rebalancear sua carteira.

Sempre que chegar a hora de rebalancear sua carteira, você deverá olhar para todas as etapas anteriores, entendendo como está a precificação do ativo e a persistência dos fundamentos. Se houver qualquer mudança, lembre-se de não se apegar ao investimento e cogitar a liquidação total da posição.

 

E lembre-se: a melhor estratégia de investimentos é o longo prazo. Nada superará a força do tempo.

 

* Theo Lamounier

Cofundador da byebnk investimentos, advogado especialista em Direito Financeiro, pela FGV, e Empreendedorismo, pelo MIT. Foi residente do programa Plug'n'Play no Vale do Silício. Atualmente, é o diretor de Distribuição da byebnk e colunista da rádio 98FM, onde fala sobre economia comportamental e mercado financeiro global.

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