Fórum do Futuro lança série "10 Minutos no Futuro"
No primeiro episódio da série, o convidado
Daniel Casagrande debate sobre seu capítulo no livro "As Tecnologias
Sustentáveis que Vem dos Trópicos"
O Instituto Fórum do
Futuro lança uma série intitulada “10
Minutos no Futuro”. Fazendo referência ao título, os
capítulos tem duração aproximada de dez minutos, e tem como propósito
disseminar através dos autores do livro o conhecimento de como é
possível, através da ciência e tecnologia, desvendar novas formas de
produção e consumo, a fim de preservar nosso planeta.
Essa é seguramente uma
das questões mais debatidas no mundo da alimentação hoje em todo o mundo. As
ciências tropicais desenvolveram tecnologias muito conhecidas capazes de
reduzir drasticamente a emissão de gases de efeito estufa, que estão no centro
do debate da transição climática.
Abrindo a temporada da
série, o professor Daniel Casagrande, Doutor em Zootecnia pela Universidade
Federal de Lavras e autor de um dos capítulos mais importantes do livro “As
Tecnologias Sustentáveis que Vem do Trópicos”, discorreu sobre questões de
sustentabilidade.
CasaGrande, durante
entrevista ao Fórum do Futuro, foi questionado se é possível comer carne sem
culpa. “É possível sim. Nós já temos avançado muito na mitigação dessas
reduções de gases de efeito estufa pela nossa pecuária. Ainda temos muito a
fazer, mas ainda não somos o principal vilão das emissões de gases. Então
podemos comer carne sem a menor culpa que você não está prejudicando o meio
ambiente”, justifica.
Durante o bate papo, o
Doutor em Zootecnia explicou a distinção do potencial de intervenção em duas
categorias, sendo uma na capacidade de mitigar ou reduzir a emissão de gases, e
outra em neutralizar ou compensar. “Nós podemos trabalhar melhorando, modulando
essa fermentação ruminal para reduzir as emissões, que mitigaria esse impacto
diretamente lá no rúmen. E podemos trabalhar compensando por meio de outras
estratégias, acumulando carbono no solo, acumulando carbono na biomassa para
neutralizar esse efeito dos gases que vão ser emitidos. Não dá para zerar
completamente a emissão de metano no ruminante, isso é impossível, mas os
efeitos negativos podem ser neutralizados dentro da própria fazenda”, ponderou.
Sobre o aumento da
oferta de carne vermelha, Casagrande acrescentou que é possível dobrar a
produção de carne sem aumentar um único animal no rebanho. Este feito não só
seria uma conquista na democratização alimentar na oferta de proteína animal,
como, consequentemente, na redução dos preços, visto que, dado à tecnologia,
amplia-se a oferta de carne vermelha sem interferir no número de animais.
Já na questão da
agricultura regenerativa, Casagrande diz que tem que estocar a maior quantidade
de carbono de CO2 no solo e o que for possível na biomassa, como na integração
agricultura-pecuária-floresta. A parte florestal vai ter um grande componente
de sequestro de CO2 na biomassa, já que o solo tem uma capacidade de estocar
CO2 mais limitada.
Fernando Barros,
diretor de comunicação estratégica do Forum do Futuro, explicou que em relação
a tecnologia de produção desenvolvida em parceria com a Embrapa há cerca de 20
anos, são apenas 17 milhões de hectares de produção pecuária no Brasil. Dessa
forma, o professor foi questionado como que se pode acelerar esse processo, já
que os impactos são mínimos na natureza. “Por meio de iniciativas como o Fórum
do Futuro, e por outras iniciativas a fim de levar conhecimento ao produtor,
porque esse é um sistema que garante não só a melhoria ambiental, mas sim a
rentabilidade da atividade ao produtor rural. Ela já vai pagar o investimento
que vai ter, ele vai ganhar mais dinheiro e ainda vai prestar serviços ao meio
ambiente. Então, tecnologias como ILPF, uso de pastos consorciados com
leguminosas que fixam nitrogênio, rotação de cultura, são todas as tecnologias
que, além do impacto ambiental positivo, têm um impacto econômico. É muito
vantajoso em relação ao processo tradicional de cultivo”.
Ponderando, Barros
explica que todas as ações são ganhos em melhoria de eficiência do sistema
produtivo, com impacto positivo econômico na produção de alimentos e em relação
ao meio ambiente. Para finalizar, Casagrande diz que “não podemos falar que
estamos 100% perfeitos, ainda temos o que melhorar. Temos que trabalhar e
acelerar os processos de transferência a esse produtor, fazer com que eles realmente
adotem esses sistemas mais eficientes em suas propriedades. Acho que esse é o
nosso desafio para os próximos três, quatro, cinco anos, para se fazer no
Brasil, para a gente conseguir cumprir a meta de 2030 de mitigação de gases”,
encerra.
Sobre o Instituto Fórum
do Futuro
é um grupo de
reflexão independente, voltado para o debate de questões estruturantes da
sociedade brasileira, a partir da perspectiva do desenvolvimento sustentável.
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