O Lay Off dos Unicórnios
*Por William Monteath
E sobre essa onda de
lay off nas empresas de tecnologia?
A primeira reflexão que
tenho é que “lay off” é um termo em inglês que surge para dar uma amenizada no
atual momento vivido pelas companhias ao redor do mundo, evitando-se assim o
uso da expressão “demissão em massa”. Esse conceito é bastante pesado, não? Mas
é mais ou menos o que está acontecendo em diferentes empresas e startups de
tecnologia, serviços, imóveis, finanças, etc.
Termos em inglês vêm
assumindo há tempos o protagonismo no nosso vocabulário, mas os tais “lay offs”
são uma relativa novidade, sobretudo num ambiente marcado pela escassez e
consequente briga por profissionais de tecnologia.
O poder, até então,
estava na mão dos profissionais de tecnologia, que costumavam ganhar os
melhores salários do mercado, ótimos benefícios, stock options, flexibilidade
de trabalhar em qualquer parte do mundo recebendo em dólar ou em euro, etc.
Pouco antes do início da pandemia de Covid-19, quando o trabalho ainda era
presencial, não faltavam escorregas nos escritórios e barris de chopp liberados
para o happy hour (ou hora feliz). Será que o jogo virou?
O mundo pós-covid está
se reconfigurando, como Gregor Samsa, do escritor Franz Kafka, que acabou
metamorfoseado num inseto monstruoso enfrentando as dificuldades de sua nova
forma. Inflação nos Estados Unidos subindo como nunca e Europa sofrendo com uma
potencial crise energética, que, por sinal, é consequência direta da guerra
entre Rússia e Ucrânia.
Com o cenário atual de
juros altos, o que normalmente acontece é que o dinheiro vai para onde existe
maior segurança: dólar e renda fixa, diminuindo-se a fatia destinada aos
investimentos com maior índice de risco. Então não é que o dinheiro secou, mas
certamente as empresas estão muito mais focadas em gerenciar melhor seus caixas
do que em competir em uma corrida maluca por disruptar e criar produtos
tecnológicos para resolver as dores que o público nem sabe que tem.
Isso explica os tais
lay-offs? Em parte. Em conversas com os fundos de venture capital, entendemos
que se antes os investimentos eram destinados para quinze empresas, agora a
peneira é maior. Duas boas companhias no caminho certo já cumprem a meta dos
fundos de capital de risco, reforçando a chacoalhada que o mundo da tecnologia
está tomando e fazendo os unicórnios sofrerem. Pobres animais mitológicos.
E o que vem pela
frente? O mundo está se reacomodando, assim como Kakfa o fez e como grande
parte do mundo corporativo vem fazendo. As forças de oferta e demanda não
param. O mundo continua girando, o que me faria apostar que os lay offs são
passageiros e que, depois dos reajustes, voltaremos a ver os profissionais de
tecnologia disruptando e criando caminhos novos para evoluirmos como sociedade.
Afinal, em breve não existirá mais empresas de tecnologia, pois “toda a empresa
será de tecnologia”, como já dizia Satya Nadella, CEO da Microsoft e sucessor
do Bill Gates.
*William Monteath é Sócio Fundador e responsável pelas unidades de Tecnologia, Agronegócio e Private Equity & Venture Capital da Fox Human Capital, a primeira Consultoria Estratégica de Capital Humano especializada nos segmentos centrais da economia brasileira. Com cinco escritórios no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba e Campinas), e 1 nos EUA (Miami), a Fox tem um faturamento anual de R$ 10 milhões, conta com mais de 300 clientes e registra mais de de 1200 executivos assessorados em recolocação, além de mil vagas de liderança preenchidas em menos de cinco anos de operação.
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