Pensamento computacional é uma disciplina indispensável para a educação. Você duvida?
Por Ivan Seidel, especialista em robótica,
edtechs e tecnologia para a educação cofundador e CPO (Chief Product Officer)
da Layers
Nos últimos anos, o
pensamento computacional vem revolucionando a educação no Brasil e no mundo.
Não por modismo ou pelo falho consenso de que todos os empregos do futuro
estarão voltados à tecnologia. As ciências exatas e as ciências humanas – sejam
elas digitais ou analógicas – conviverão em harmonia no mercado de trabalho por
muitas décadas ou séculos. Este tipo de padrão de aprendizagem quando aplicado
na educação é revolucionário porque foge dos padrões engessados de ensino. Em
vez de ensinar ao aluno qual a solução para todos os problemas, ele encoraja o
aluno a buscar sua própria forma de equacionar o problema.
Para falar deste
assunto, gosto muito de me usar como exemplo. Quando estava na escola, tinha
muita curiosidade - traço de personalidade que ainda carrego comigo - em
entender o desenrolar das coisas que aprendia, assistia na TV ou falava com
pessoas mais velhas e ao questionar os professores, recebia respostas como
"você vai aprender isso só na 6ª série" e "isso é só mais pra
frente". Depois de muito ouvir frases assim, comecei a usar o pensamento
computacional para pesquisar, aprender e estudar por mim mesmo - eu só não
sabia disso na época.
Não por acaso, o
pensamento computacional tem se tornado uma ferramenta onipresente nas
principais instituições de ensino voltadas à formação de profissionais para o
mundo da tecnologia e das carreiras que passam por uma revolução digital, pois
com a adoção desse modelo mental, as pessoas passam a aprender a aprender, ao
invés de se ater a velha 'decoreba'. É mais fácil entender como as coisas
funcionam e porque foram criadas, para que seja possível gastar menos tempo
para aprender, construir e melhorar o que já existe daí para frente. Mas, vamos
aterrizar essa conversa e deixar menos abstrato: modelar o pensamento
computacional demanda mais tempo para identificar padrões e entender como as
coisas funcionam, do que de fato colocá-las em prática e isso é muito legal,
pois permite a aplicação de uma solução em diferentes situações com padrão
similar. É a eficiência e otimização na sua forma mais pura.
O pensamento
computacional aplicado ao ensino nada mais é do que a incorporação de formas de
pensar e buscar conhecimento que incentivam a curiosidade e o pragmatismo para
solução de problemas. Qual a vantagem? Simples. Esse processo, quando
apresentado a crianças e adolescentes, faz com que as aulas se tornem mais
interativas, mais atrativas e, principalmente, mais divertidas. É o incentivo à
criatividade no lugar da descoberta. O pensamento computacional é uma poderosa
ferramenta de ensino e uma parceira de educadores, escolas e responsáveis. É
pouco provável que os grandes profissionais de tecnologia do futuro se tornem
aptos às novas demandas da sociedade sem que hoje tenha experienciado o
pensamento computacional.
A explicação para isso está mais do que evidente. É por meio desse processo que
os alunos despertam e cultivam o interesse pela busca do saber, usam a
criatividade para resolver problemas e se colocam como protagonistas no
processo de aprendizagem. Gosto de evidenciar que todo esse processo não
precisa ser aplicado somente em modelos matemáticos, mas também nas interações
com as pessoas, afinal, existem padrões de comportamento que podem ser
mapeados.
Muitos podem se questionar se esse é um método muito abstrato e distante da realidade da maioria dos alunos no Brasil. Mas não é. No ensino básico, pode ser chamado também de método de aprendizagem focado em pesquisa, na descoberta de soluções e na construção de conhecimentos. Na jornada criativa de planejamento e desenvolvimento de máquinas, alunos e professores aprimoram suas habilidades de trabalho em grupo, buscando soluções e sistemas de respostas precisas a comandos. Apenas por essas qualidades, o pensamento computacional já é um método de ensino que merece espaço em qualquer grade educacional.
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