Petrobras se torna a maior pagadora de dividendos do mundo no segundo trimestre e empresas de energia atingem novo recorde global de pagamentos
- Petrobras aumentou seus
pagamentos aos acionistas em US$ 7 bilhões no segundo trimestre de 2022
- No total, dividendos de
empresas brasileiras (incluindo JBS e Bradesco) saltam 163,6%
- Os dividendos dos mercados
emergentes também tiveram um forte crescimento, com os dividendos do 2T
crescendo 22,7%, impulsionados pelos produtores de petróleo em particular
e pelo rápido crescimento na América Latina
- Novo recorde global de
dividendos: dividendos trimestrais de US$ 544,8 bilhões no segundo
trimestre, alta de 11,3% em base global
- O crescimento subjacente foi de
19,1%, uma vez que taxas de câmbio mais fracas e outros fatores foram
levados em consideração
- Os dividendos globais mais do
que recuperaram a queda testemunhada durante a pandemia – JHGDI chegou a
um recorde de 214,1, um retorno às tendências pré-pandêmicas
- Setores de petróleo, financeiro
e automotivo foram os principais impulsionadores
- Pequena atualização para as
perspectivas - a Janus Henderson agora espera que os pagamentos de 2022
atinjam US$ 1,56 trilhão, um aumento de 5,8% em uma base principal,
equivalente a um aumento subjacente de 8,5%
A Petrobras e as empresas brasileiras
ajudaram a impulsionar um novo recorde de pagamentos globais de dividendos no
segundo trimestre de 2022. A Petrobras pagou US$ 9,7 bilhões no trimestre – acima dos US$ 1,0 bilhão no
segundo trimestre de 2021 – e, até agora, é a maior pagadora de
dividendos no segundo trimestre no mais recente Global Dividend Index
(“Índice Global de Dividendos”, no português) publicado pela Janus Henderson
Investors até o momento.
No geral, a pesquisa descobriu que os
dividendos globais subiram 11,3% para uma alta trimestral histórica de US$
544,8 bilhões no segundo trimestre. O crescimento subjacente foi de 19,1%, uma
vez que a força do dólar americano e outros fatores foram levados em
consideração.
Surpreendentemente, apesar da
significativa perturbação econômica causada pela pandemia, os dividendos
globais superaram os níveis pré-pandemia. Além disso, a recuperação é tão forte
que os dividendos estão agora apenas 2,3% abaixo da tendência de longo prazo,
embora esse déficit marginal possa ser atribuído à força recente do dólar. Os
fortes números do segundo trimestre seguem um 2021 muito lucrativo, quando as
empresas aproveitaram o aumento das vendas e a expansão das margens de lucro
devido à crescente demanda pós-pandemia. No total, 94% das empresas aumentaram
os pagamentos ou os mantiveram estáveis no segundo trimestre.
Mercados emergentes impulsionados por
empresas petrolíferas dinâmicas
Os altos preços da energia levaram ao
aumento dos fluxos de caixa corporativos nos mercados emergentes, onde as
empresas de petróleo e gás normalmente representam uma grande parte do total de
lucros corporativos. Na América Latina em particular, as altas receitas de petróleo
e gás significaram que em mercados-chave, como Brasil e Colômbia, os produtores
de petróleo contribuíram para todo o crescimento do segundo trimestre no
pagamento de dividendos. Os bancos e outras finanças representaram aumentos,
enquanto os setores de consumo discricionário, especialmente os fabricantes de
automóveis, também apresentaram um forte crescimento de dividendos. Dividendos
especiais mais baixos e um corte acentuado da AT&T atrasaram a tecnologia e
as telecomunicações, respectivamente.
Os dividendos brasileiros atingiram US$
10,4 bilhões no segundo trimestre de 2022, acima dos US$ 4,2 bilhões no segundo
trimestre do ano passado, e o maior total da série da pesquisa (remontando a
2009). JBS (US$ 465 milhões) e Bradesco (US$ 219 milhões) também aparecem no
índice. A Colômbia também registrou um grande aumento em relação a 2021, com
US$ 4,2 bilhões em dividendos no segundo trimestre de 2022 em comparação com
US$ 0,2 bilhão em 2021. Em outras partes da região, os dividendos das empresas
mexicanas também cresceram no ranking, até US$ 3,3 bilhões (em comparação com
US$ 2,4 bilhões no segundo trimestre de 2021). Já as empresas do Chile dobraram
seus resultados, mas a partir de uma base baixa (US$ 0,2 bilhão, acima dos US$
0,1 bilhão registrados pela Copec).
América Latina é o motor do crescimento
dos mercados emergentes
no segundo trimestre
O forte resultado dos mercados
emergentes - os dividendos subiram 22,7% em uma base subjacente - é
particularmente impressionante, dada a ampla dispersão do desempenho nesta
região. Cancelamentos na Rússia após seu ataque à Ucrânia fizeram com que os
dividendos caíssem em três quartos, eliminando US$ 6,1 bilhões do total.
Enquanto isso, o aumento dos preços do petróleo gerou US$ 14 bilhões em
aumentos, mais da metade dos quais vieram da Petrobras no Brasil e grande parte
do restante da Ecopetrol na Colômbia (que incluiu um dividendo especial). Isso
explica por que os pagamentos brasileiros saltaram 163,6% em uma base
subjacente. Fatores sazonais também favoreceram os dividendos brasileiros no
segundo trimestre deste ano, o que sustentou o mix de taxas de câmbio dos
mercados emergentes para o trimestre. No geral, o crescimento principal dos
mercados emergentes foi retido em 6,8 pontos percentuais devido à força do dólar.
Recuperação dramática nos dividendos
europeus e britânicos
Os principais impulsionadores regionais
foram a Europa e o Reino Unido, cada um mostrando uma recuperação significativa
do impacto da pandemia durante o pico da temporada de dividendos do segundo
trimestre – ambos aumentaram quase um terço em uma base subjacente. Com muitas
empresas europeias (exceto o Reino Unido) pagando apenas uma vez por ano, o
segundo trimestre de 2022 foi a primeira vez que se viu dividendos normais de
muitas delas desde 2019. O levantamento das restrições do Banco Central aos
dividendos bancários foi especialmente importante tanto na Europa quanto no
Reino Unido. Aumentos muito grandes dos fabricantes de automóveis alemães
também foram uma grande contribuição. Enquanto isso, os pagamentos suíços e
holandeses atingiram um novo recorde, mesmo em termos de dólares
estadunidenses.
O crescimento dos dividendos nos EUA de
8,3% ficou atrás do mundo em geral, mas o aumento foi forte em comparação a
qualquer ano normal e levou a um novo recorde de dividendos nos EUA. Os
dividendos canadenses também atingiram um novo recorde.
Panorama
A Janus Henderson registrou uma
atualização modesta para o ano e agora espera que os pagamentos de 2022 atinjam
US$ 1,56 trilhão, ou um acréscimo de 1,2 ponto percentual à previsão -, o que
significa um crescimento de 5,8% ano a ano, ou crescimento subjacente de 8,5%.
Ben Lofthouse, Head de Global Equity
Income, disse: “O segundo trimestre foi um pouco acima
das nossas expectativas, mas é improvável que vejamos um crescimento tão forte
no resto do ano. Muitos dos ganhos fáceis já foram obtidos, pois a recuperação
pós-Covid-19 está quase completa. Também estamos enfrentando uma economia
global significativamente mais lenta e o vento contrário da força do dólar
americano.
“No entanto, vemos algumas áreas que
devem continuar a gerar pagamentos de dividendos significativamente maiores do
que a média global. Na América Latina, a continuidade dos preços fortes e o
aumento dos ganhos em moeda local devido à forte valorização do dólar – que é a
moeda global para todas essas indústrias de exportação – devem manter os fluxos
de caixa locais em níveis historicamente altos.
Ele acrescenta: “À medida em que
avançamos para 2023, não haverá mais o ímpeto dos pagamentos de recuperação
pós-Covid-19. Além disso, o crescimento econômico global mais lento e a
probabilidade de que os dividendos da mineração estejam próximos do pico adicionarão
mais um vento contrário, embora seja improvável que as taxas de câmbio atuem
como um obstáculo significativo ao crescimento global no próximo ano, devido ao
impacto cambial observado nos últimos meses. No geral, o crescimento dos
dividendos provavelmente será mais lento no próximo ano, dadas as atuais
perspectivas econômicas.
“É importante não deixar a incerteza de curto prazo obscurecer a visão de longo prazo. Não há nada que sugira que os dividendos globais não possam sustentar a taxa de crescimento anual de 5-6% com a qual nos acostumamos. O ciclo econômico sobe e desce, as flutuações da taxa de câmbio se dissipam quase inteiramente no longo prazo e até o impacto do Covid-19 nos pagamentos globais já foi superado”.
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