Quais são as perspectivas para o futuro do metaverso?
Especialista em investimentos comenta os desafios, o futuro
e a consolidação do projeto de realidade virtual da Meta
Lucas Sharau, assessor de investimentos na iHUB
Investimentos
Divulgação
Em abril deste ano, ocorreu a
maior venda de NFTs da história, movimentando cerca de R$1,5 bilhão e
totalizando a compra de 55 mil escrituras em terrenos virtuais em um metaverso,
levando a empolgação de investidores e olhares fixos sobre as possibilidades no
mercado. Embora o metaverso desperte esse interesse, é preciso ter cautela quanto
ao estágio de maturidade do universo.
De acordo com Lucas Sharau,
assessor de investimentos na iHUB Investimentos, essa interação abre portas
para infinitas possibilidades, indo desde “à criação de produtos e serviços,
que antes eram inimagináveis, até novas estratégias de marketing, de
aprendizado e interação social, mas o quanto isso se tornará realidade é ainda
uma grande incógnita”.
Além disso, outra questão em
torno desse tema é a acessibilidade porque para participar desse mundo é
necessário adquirir óculos de realidade virtual, fones de ouvido e controles
remotos da própria Meta, assim como também é preciso possuir uma internet de
alta velocidade. Neste cenário, o metaverso pode significar uma mudança na
relação com as pessoas e com o consumo.
“Para o mercado financeiro,
pode significar uma revolução maior, criando lacunas de oferta e grandes
oportunidades. Por ser um ambiente completamente novo que permite uma
infinidade de interações profissionais ou sociais e conta com limitações ainda
desconhecidas, o impacto direto ao mercado financeiro ainda é
incalculável nos dias de hoje”, explica Sharau.
Segundo um relatório da XP
Investimentos, desde o rebranding do Meta e do projeto de ambiente do
Metaverso, o Facebook (rede social), no balanço trimestral (Dez/21) demonstrou
uma retração no número de usuários cadastrados em sua plataforma. Com isso, o
preço da ação cotado na B3 desabou quase 50% (no período de 01/07/2021 e
01/03/2022). Além disso, no começo de abril de 2021, a empresa apresentou receitas
de US$27,9 bilhões, enquanto a expectativa do mercado era de US$28,1
bilhões.
O especialista também aponta
que, para o mercado financeiro, um sonho ou uma ideia é espaço para especulação
e alto grau de risco. Por conta disso, se tratando de uma grande mudança no
negócio da Meta (antigo Facebook), é necessário cautela e ceticismo.
Existem caminhos
promissores nesse novo mercado?
Embora não haja uma expectativa
concreta quanto a datas para o retorno de investimentos feitos no metaverso,
podem existir oportunidades relevantes. “Ainda não há uma data prevista, e nem
se espera que isso esteja definido, muito pelo fato de que para que os
investimentos tenham retornos de forma segura neste segmento, devemos contar
com uma grande mudança nos hábitos de consumo das pessoas e, isso é algo que
acontece de forma gradativa”, esclarece o especialista.
As empresas que já iniciaram um
investimento nesse segmento buscam ser pioneiras na confecção de produtos ou
serviços, das quais as organizações que tiverem maior assertividade são
esperadas para terem uma valorização na medida que esse mercado ganhe força.
Outra alternativa no metaverso
são os investimentos em NFT e criptomoedas, consideradas bens de consumo que
podem provocar uma supervalorização. No entanto, Sharau comenta que “devido à
grande incerteza dos rumos que esse ambiente virtual irá tomar, trata-se ainda
de uma aposta - com todos os riscos que uma aposta implica”.
Juntamente com a cautela,
também podem existir investimentos promissores na realidade virtual proposta
pela Meta. Segundo o especialista, considerando a finalidade da criação desse
ambiente - a interação humana - muito daquilo que conhecemos sobre
relacionamento ou prestação de algum serviço pode passar por grandes mudanças.
“Por outro lado, acho muito
difícil que a estrutura de mercados financeiros como conhecemos hoje possa
sofrer grandes revoluções por causa disso, como a extinção de bolsas de valores
inteiras ou de instrumentos de dívida tal como os conhecemos hoje”, reflete.
O futuro das NFTs e
Criptomoedas
Nesse cenário, dados
apresentados pelo Wall Street
Journal apontam que o mercado de NFTs teve uma queda de 92% no
número de transações entre setembro de 2021 e abril deste ano, quando houve um
pico. No final de 2021, foram registradas, em média, 225 mil transações diárias
ante 19 mil transações diárias no primeiro semestre.
Além disso, a queda também
refletiu no número de carteiras ativas. Enquanto no final de 2021 eram 119 mil,
nos primeiros seis meses deste ano são somente 14 mil, representando um
declínio de 88%.
Do mesmo modo, Sharau aponta o
que as NFTs poderão representar no futuro: “Em algum momento, podem ter seu
papel fundamental nesse crescimento. As propriedades desse sistema de tokens
não-fungíveis podem facilitar muito algumas interações. Por exemplo, o
armazenamento de reservas de valor, registro de propriedades de ativos
virtuais, verificações de autenticidade ou até mesmo algo mais habitual como a
customização e registro de propriedades ou avatares”.
Dessa maneira, as criptomoedas
também acrescentam algo importante para o metaverso, sendo que foram
consideradas algumas opções de moeda única para o projeto da Meta. No entanto,
a empresa anunciou publicamente que optou pela criação da sua própria moeda
virtual para essa finalidade.
“Para que as compras e vendas
dentro do ambiente aconteçam, é necessário contar com um meio de pagamento que
viabilize essa troca. A utilização de uma criptomoeda vem de encontro com a
descentralização, segurança e liberdade dos sistemas de blockchain que, em
cenários possíveis, podem ser precursoras para a criação de sistemas
financeiros inteiros dentro do próprio metaverso”, explica o assessor de
investimentos.
Da consolidação à
regulamentação: desafios do metaverso
Tornar o metaverso uma
realidade depende de diversos fatores, como o funcionamento do projeto, a
adesão do público, a segurança e até mesmo a acessibilidade do ambiente
virtual. Tais questões ainda não possuem respostas concretas.
“Há também o fator da segurança
dos dados e privacidade e os riscos dos famosos ‘hackers’ encontrarem brechas
para invasão e roubo das tais propriedades virtuais, podendo resultar na
completa ruína do próprio sistema em si, a depender da gravidade da falha até
então desconhecida”, aponta o especialista da iHUB Investimentos.
Dentre as questões mais
relevantes, existe também a regulamentação desse novo setor do mercado e a
forma como os governos estão lidando com o projeto da Meta. Apesar da empresa
demonstrar seu ímpeto em ingressar neste universo, outras empresas também
manifestaram intenção de criar seus próprios universos interativos, o que pode
causar ainda mais incertezas sobre a consolidação do Metaverso como ambiente
único e dominante neste segmento.
“A regulamentação do metaverso
pode ser um grande obstáculo para a consolidação do ambiente em realidade
tridimensional. Isso pode acontecer porque recentemente houveram diversas
sanções legais sobre as redes já existentes, que os governos querem, de algum
modo, exercer seu controle soberano, principalmente sob o pretexto de combate
às fake news”,
explicita Lucas Sharau.
Quem já largou na
frente nessa realidade?
No segmento de bens de consumo
as empresas Ralph Lauren, Gap, Nike, Mattel e lojas Renner foram algumas das
empresas que, até agora, já manifestaram algum movimento na direção de
ingressarem neste universo e já lançaram algum produto virtual em NFT para
comercialização. Dentro disso, algumas empresas do mercado financeiro
“tradicional” já perceberam a oportunidade que o metaverso pode oferecer e já
se mobilizaram.
“A Nvidia, referência mundial
em hardware e software, se destaca como uma das empresas mais bem posicionadas
para oferecer a infraestrutura adequada para a nova realidade que estamos
vivendo. Também não podemos deixar de falar de empresas como a Epic Games e a
Roblox, que demonstram enorme facilidade na ingressão no metaverso. Ambas
contam com seu próprio universo digital que permite a interação em tempo real
entre milhões de usuários e a comercialização de bens digitais entre eles”,
explica o especialista da iHUB Investimentos.
Dentro disso, no Brasil,
diretamente já existem alguns produtos financeiros que viabilizam investimentos
que buscam acompanhar o crescimento do metaverso. A própria XP Investimentos
lançou um COE XP Metaverso, com proteção do capital investido, e um fundo de
investimentos chamado Trend Metaverso, com foco no investimento nas empresas
que estão diretamente ligadas a este movimento.
“Caso o investidor deseje
investir com olhos no crescimento do metaverso via bolsa de valores, ele pode
optar pelas empresas que serão as responsáveis por viabilizar a criação de
conteúdos dentro ambiente ou daquelas que serão as responsáveis por disseminar
a plataforma. No entanto, um investimento é uma aposta e o investidor deve
escolher aquilo que entende e está alinhado com seus objetivos, dentro da sua
tolerância de risco do seu perfil investidor. Retorno passado não é garantia de
retorno futuro”, finaliza ele.
Sobre iHUB Investimentos
A iHUB Investimentos é uma empresa especializada em assessoria de investimentos credenciada pela XP Investimentos. Possui mais de 3,5 mil clientes, somando mais de R$1 bilhão em valores investidos sob custódia.
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