Selic a 13,75%: Chegamos no 'teto' dos juros?
Até o fim de 2022, Copom pode manter a taxa básica de juros
a 13,75%; Saiba como isso afeta o mercado financeiro
Diogo Santos, assessor na iHUB Investimentos
Divulgação
O Banco Central (BC) anunciou um novo
aumento na taxa Selic, novamente em meio ponto percentual, chegando na casa dos
13,75% ao ano. A preocupação com a inflação – que permanece avançando nas
principais economias globais – continua forte, em boa parte por decorrência da
guerra na Ucrânia, fazendo com que o mercado reveja as suas projeções até o fim
de 2023.
O último Relatório Focus divulgado
segunda-feira (01/08), revelou que as expectativas para a Selic permaneceram
estáveis em 2022, a 13,75% ao ano. Já para 2023, as projeções subiram de 10,75%
para 11% a.a, indicando que a renda fixa deve continuar com a preferência dos
brasileiros no próximo ano.
“A principal mensagem que o BC passa é o
seu comprometimento em reduzir a inflação no país. Bancos centrais no mundo
inteiro têm adotado esta postura ao priorizar o controle da inflação mesmo que
em detrimento de algum crescimento econômico”, explica Diogo Santos, assessor
de investimentos na iHUB Investimentos.
Para tomar a decisão de subir ou descer
os juros, além de indicadores de atividade econômica, fluxo cambial, emprego e
a evolução do Produto Interno Bruto (PIB), o Comitê de Política Monetária
(COPOM) utiliza-se do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que é o
principal indicador que a diretoria do Banco Central utiliza para sua tomada de
decisão.
Em julho, o IPCA acumulado em 2022
ultrapassou os 5%, acima da meta de 3,50% promovida pelo Banco Central para o
ano, a expectativa para no final do ano é que atinja cerca de 7,15%.
Investimentos atrelados a Selic ‘vivem’
melhor momento desde 2016
A Selic é a taxa que o Banco Central
utiliza para remunerar o investidor em seu principal título de investimento: o
Tesouro Selic. Também conhecido por LFT (antiga Letra Financeira do Tesouro), é
uma opção para o investidor que busca reserva de liquidez, além de ser o
investimento com maior grau de segurança no país.
Na sequência, os investimentos que
também são favorecidos pagam taxas de juros atreladas ao CDI, por exemplo, por
ser uma taxa praticada pelos bancos privados muito próxima da Selic, cotado
atualmente em 13,65% a.a. Investimentos que pagam 100% do CDI estão rendendo
mais de 1% ao mês.
Além do Tesouro Direto, o especialista
da iHUB, Diogo Santos , cita mais cinco opções de investimentos que, quando
atrelados ao CDI, sofrem impacto direto após a recente alta da taxa Selic:
1) CDBs com ou sem liquidez diária
– Certificado de Depósito Bancário
2) LCI – Letra de Crédito Imobiliário
3) LCA – Letra de Crédito do Agronegócio
4) LC - Letra de Câmbio
5) Fundos de investimento Referenciados
DI
Como fica a B3 neste cenário?
A bolsa de valores do Brasil viveu em
2022 momentos de grandes baixas e altas, quando variou entre 95 e 120 mil
pontos. Neste momento, diversos analistas afirmam que a bolsa está barata com
relação a seus níveis históricos, porém, não se sabe ao certo quando voltará
para um preço considerado justo pelo mercado.
“Quem possui o perfil de renda variável
e disponibilidade para o longo prazo, o momento que estamos passando pode ser
interessante, porque temos bons ativos disponíveis com um preço atrativo.
Os investidores devem permanecer atentos se as empresas vão continuar
apresentando bons resultados, com lucro e crescimento”, explica Diogo.
O segundo semestre ainda será marcado
pelas eleições presidenciais de 2022. Na disputa, temos dois candidatos que já
ocuparam a cadeira presidencial, protagonistas de uma polarização que, segundo
o especialista, não será o fator determinante para grandes quedas na bolsa
brasileira, o que pode indicar uma precificação já consolidada pelo mercado nas
eleições de 2022.
“Os dois principais candidatos já são
conhecidos pelo mercado, assim não existe um forte receio em termos de política
econômica para um ou para o outro. Mas, historicamente, em anos de eleição, a
bolsa fica mais volátil, o que não significa que o desempenho é ruim. Neste
sentido, é possível dizer que as eleições são um fator que contribui para a
volatilidade”, afirma o especialista da iHUB.
Estados Unidos começará a atrair capital
estrageiro com alta de juros?
Na última quarta-feira (27/07), o
Federal Reserve decidiu subir novamente o intervalo dos juros nos Estados
Unidos. O movimento do Fed é um esforço para combater a maior inflação nos
Estados Unidos em mais de 40 anos, alimentada por um descompasso entre oferta e
demanda, além da alta de preços de commodities ligados à pandemia e à guerra na
Ucrânia.
Esse movimento fortalece o dólar,
fazendo com que grandes investidores possam migrar os seus recursos para o
maior porto seguro do mundo. A expectativa é que gestores que lidam com grandes
fortunas pensem primeiro na segurança de sua existência e, em segundo plano, no
equilíbrio dos mais diversos aspectos de rentabilidade e manutenção do poder de
compra com diversificação e coerência.
“O aumento da taxa de juros nos Estados
Unidos impacta todos os ativos de risco do mundo, por isso não é apenas a B3
que sofre por este movimento, vemos claramente um fluxo saindo da renda
variável e migrando para renda fixa, inclusive afetando as criptomoedas”,
diz.
Além disso, o especialista comenta que a
chance de recessão na maior economia do mundo já é bem aceita no mercado,
”tecnicamente” os Estados Unidos já estão em recessão ao apresentar dois
trimestres consecutivos de queda do PIB, outro fator que sempre ocorre antes
das principais recessões no mercado americano é a inversão das curvas de juros
americanas (quando títulos de curto prazo apresentam rendimentos superiores aos
de longo prazo) que ocorreu recentemente, mas esse não pode ser o único fator
dentro da análise.
“A curva de juros invertida costuma ser
um sinal de recessão, porém ainda precisamos aguardar pois a situação de
estagflação é um fenômeno mundial e a intensidade de uma recessão nos Estados
Unidos segue imprevisivel”, finaliza Diogo.
Sobre iHUB Investimentos
A iHUB Investimentos é uma empresa especializada em assessoria de investimentos credenciada pela XP Investimentos. Possui mais de 3,5 mil clientes, somando mais de R$1 bilhão em valores investidos sob custódia.
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