Brasília recebe inovador Festival de Cinema para crianças que não ouvem e não enxergam
O projeto, de arte, educação e lazer, voltado
principalmente para crianças cegas ou com baixa visão, surdas ou com
deficiência auditiva ou com deficiência intelectual, tem a chancela da
Unesco e foi selecionado pelo "Criança Esperança". O "Festival
de Cinema Acessível Kids - a serviço da inclusão educacional", estará em
Brasília nos dias 28 e 29 de setembro, com exibição de filme, além de oficina
para educadores.
Cena de exibição de Malévola no Festival de
Cinema Acessível Kids
Divulgação
Brasília receberá nos dias 28 e 29 de
setembro, o inovador “Festival de Cinema Acessível Kids - a serviço da inclusão
educacional”, que foi aprovado para a 36ª e, agora, também para a 37ª. edição
do “Criança Esperança”. O projeto, que conta com a chancela da Unesco,
aproxima da sétima arte as crianças com deficiência visual, deficiência
auditiva e com deficiência intelectual, e mostra como educação, cultura,
tecnologia e solidariedade podem ser agentes de transformação e inclusão
social. No primeiro dia, às 9h45 e às 14h30, será exibido o filme “Malévola”
(2014, Fantasia/Aventura, 1h37m), com três tecnologias de acessibilidade: a
Audiodescrição, LIBRAS e Legenda Descritiva, no Auditório Senador Antônio
Carlos Magalhães, situado no edifício Senador Ronaldo Cunha Lima, anexo do
Senado Federal, à Via N2, Bloco 2. No elenco, do filme dirigido por Robert
Stromberg, nomes como Angelina Jolie, Elle Fanning, Sam Riley, Sharlto Copley,
Brenton Thwaites, Juno Temple, Ella Purnell e Imelda Staunton.
A entrada é franca, mas é preciso se
inscrever, através do e-mail acessibilidade@senado.leg.br.
O Auditório tem capacidade para 148 pessoas por sessão. No dia seguinte, 29 de
setembro, das 8h às 16h, acontece uma oficina para educadores, também no
Auditório Senador Antônio Carlos Magalhães.
O projeto nasceu há oito anos no Rio
Grande do Sul, como Festival de Cinema Acessível, idealizado pelo empreendedor
e musicista Sidnei Schames, o Sid, presidente da OSC Mais Criança (a proponente
do projeto) e diretor da empresa Som da Luz. Logo na estreia, em 2015, seu
filho, David, então com oito anos, não pode entrar no cinema, por não ter a
idade necessária. Acabrunhado, exclamou: “meu pai criou um Festival Acessível
para os outros; mas não é acessível para mim!”. Logo depois, transformou a
indignação em projeto: “Pai, que tal a gente criar também um festival para as
crianças? Já tenho até nome e slogan: ‘Festival de Cinema Acessível Kids, leve
seu pai ao cinema!’” Esse é o projeto que foi lançado em 2017 e este ano saiu
dos limites do Rio Grande do Sul e ganha o País, encorpado pela oficina
“Educadores +Inclusivos” (para educadores de escolas da rede pública e privadas
a serviço da inclusão educacional).
No início de junho e em setembro, o
Festival de Cinema Acessível Kids esteve em São Paulo, na Unibes Cultural, no
clube “A Hebraica” e em três unidades do CEU. No começo de agosto, esteve em
Natal, no Campus do Instituto Federal do Rio Grande do Norte.
O “Festival de Cinema Acessível Kids - a
serviço da inclusão educacional” tem o apoio da Bem Promotora, Total Seguros,
Selesforce, OSC Mundo Melhor e do Senado Federal. “Agora em Brasília acontece a
estreia de uma nova parceria, com mais um apoiador de peso, o Senado Federal,
que se une a nossa ação”, comemora Schames.
Até hoje, em suas versões adulto e
infantil, o Festival de Cinema Acessível foi assistido por cerca de 18,9 mil
pessoas, em 36 cidades (32 no Rio Grande do Sul, duas em Santa Catarina, uma em
São Paulo e uma no Rio Grande do Norte), em 100 apresentações presenciais; além
de quatro online, em 2021.
O Festival de Cinema Acessível Kids traz
como diferencial a adaptação de obras cinematográficas infanto-juvenis, mas que
fazem sucesso com a família toda. Oferece conteúdo acessível de qualidade para
uma parcela da população privada do direito de ter acesso à magia do cinema. As
ações de inclusão cultural para o público das pessoas com deficiência são raras
e, quando existem, invariavelmente assistencialistas.
De acordo com Schames, os filmes têm
audiodescrição das cenas para quem não enxerga, janela de libras para quem não
ouve e legendas descritivas para quem não sabe Libras. “Para chegar às telas de
cinema com toda a acessibilidade necessária, tudo é gravado em estúdio. É
preciso de tecnologia e muita sensibilidade”, diz. E acrescenta: “Todos somos
diferentes, mas podemos compartilhar uma mesma sala de cinema. Nas sessões tem
o pai com deficiência visual, com o filho que enxerga; a filha com deficiência
auditiva com a mãe que escuta, crianças com deficiência intelectual ou
mental...e todos estão juntos se divertindo dentro do cinema”. David,
hoje com 15 anos, diz: “criamos o Festival para todo mundo ser igual. Não igual
no sentido de ter as mesmas características, mas os mesmos direitos e
possibilidades. É um momento de inclusão estar todo mundo, pessoas com e sem
deficiência, assistindo ao filme'.
Quando David e Sid contam sobre pessoas
sem deficiência, se referem também a quem vai às exibições como um exercício de
aprendizado e empatia. “Fizemos sessões em escolas, onde as crianças assistem
aos filmes de olhos fechados para sentir como é um mundo sem imagens. Assim,
esses alunos se colocam na posição do Outro e aprendem a entender e respeitar
as diferenças”, reflete Sid.
Além dos filmes, serão dadas oficinas
para educadores. “Se conseguirmos contribuir com os educadores para fazer o
acolhimento de forma adequada, estaremos cumprindo uma função muito
importante, já que aumentaremos a velocidade dessa mudança na sociedade. Se
mostramos que a inclusão é perfeitamente possível, ela se torna natural.
Estamos fazendo parte de uma história importante, do caminho da acessibilidade,
do tudo para todos”, diz Schames, que para 2023 espera atrair mais cidades
e apoiadores à medida que o projeto se tornar mais conhecido.
Sobre o Festival de Cinema Acessível
Kids
O Festival de Cinema Acessível Kids é um
projeto inovador, de inclusão social de crianças e adolescentes com
deficiência, nas áreas de educação, cultura e lazer, que se apoia em duas
grandes ações: capacitação de professores para a inclusão social e o Festival
de Cinema Acessível Kids (com acesso universal).
O Festival, que tem entrada franca,
possui três tecnologias assistivas. Proporciona o convívio de pessoas com e sem
deficiência nas salas de projeção e permite iguais oportunidades de
entendimento, diversão e emoção, além do uso de outros recursos como vendas
para os olhos e personagens em forma de bonecos, para uma experiência táctil. A
ideia do uso de máscaras é propor um exercício de colocar-se no lugar do outro,
com vistas à inclusão.
Nascido no Rio Grande do Sul, em 2015,
como Festival de Cinema Acessível e, a partir de 2017, também com a versão
Kids, em 2022 foi expandido, através do projeto proposto pela OSC Mais Criança.
As obras do Festival contam com os
recursos de audiodescrição, legendas descritivas e Língua Brasileira de Sinais.
A audiodescrição permite ao público com deficiência visual (pessoas cegas ou
com baixa visão) ter acesso aos filmes através da descrição dos elementos
visuais da obra. Pesquisas demonstram que esse recurso beneficia, ainda,
espectadores com autismo, Síndrome de Down, déficit intelectual e dificuldade
de concentração.
As legendas e a janela de Libras trazem
acessibilidade ao público com deficiência auditiva. Além dos filmes acessíveis,
o Festival promove uma recepção acolhedora do público, para que todos se sintam
bem e possam aprender uns com os outros a partir das sessões de cinema.
“Tivemos casos de pessoas que fizeram curso de Libras para poder se comunicar
com pessoas surdas a partir da experiência que tiveram nas edições anteriores.
O Festival Kids é muito mais do que a exibição de filmes acessíveis. Trata-se
de uma oportunidade de troca e aprendizado”, afirma Schames.
Os eventos recebem também a presença de
familiares, crianças, adolescentes e jovens não PCDs, para que possam
vivenciar a mesma realidade e favorecer o exercício da empatia e a oportunidade
de repartir momentos de lazer e cultura. “Com a visibilidade do projeto,
esperamos atrair mais parceiros e apoiadores e, assim, percorrer muitas outras
cidades do País”, afirma Sid Schames.
No Criança Esperança acontece, no âmbito
educacional do projeto, a oficina de educadores inclusivos. O projeto tem como
foco desencadear um processo de inclusão educacional e social das crianças,
adolescentes e jovens com deficiência; LGBTs e com HIV/AIDS, tendo em
vista a grande evasão causada pela pandemia. Para valorizar a educação e lutar
contra a evasão escolar, o projeto busca atuar de forma mobilizadora e
fortalecer os vínculos de alunos e professores, através de atividades lúdica
que despertem o interessante de crianças e jovens no convívio entre os
diferentes. “Decidimos inserir o Festival de Cinema Acessível Kids a serviço da
educação, alicerçado em duas grandes ações: a oficina para professores das
escolas públicas em inclusão social, de seis horas, para grupos de até 25
professores; e a exibição de filmes acessíveis com um debate após a sessão”,
conta a coordenadora da técnica do projeto, Cintia Bonder, mestre e doutora em
Serviço Social e vice-presidente a OSC (Organização da Sociedade Civil) Mais
Criança.
“O investimento na formação das crianças
garante uma sociedade melhor no futuro. Ações como esta do Festival possibilitam
que as crianças e jovens já cresçam em um contexto que acolhe e respeita as
particularidades de cada indivíduo. Estar em um ambiente com pessoas com
deficiência e pessoas sem deficiência, com todos assistindo a um filme de forma
independente, provoca de maneira efetiva o pensar no que realmente podemos e
sobre o que precisamos para exercer o nosso direito à cidadania. O acesso à
cultura é fundamental. É notável a diferença na formação do adulto se já na
infância houver a convivência e a troca entre crianças com e sem deficiência”,
diz o presidente da Mais Criança e diretor da Som da Luz, responsáveis pelo
Festival.
Lei de Inclusão
Em dezembro de 2015, a Lei Brasileira da
Inclusão surgiu para reforçar o direito das pessoas com deficiência quando, em
seu primeiro artigo, diz que “é instituída a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada
a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando a
sua inclusão social e cidadania.”
A participação das pessoas com
deficiência é um direito inquestionável, porém ainda não é concreto e pleno.
“As leis existem, mas na prática não são cumpridas. Por isso entendemos que
projetos como esse, que promovem a acessibilidade e inclusão de todos, ainda
são fundamentais. O Festival de Cinema Acessível Kids oferece conteúdo
acessível de qualidade para uma parcela da população que é privada do direito
de ter acesso à magia do cinema. As ações de inclusão cultural para o público
das pessoas com deficiência são raras e, quando existem, invariavelmente
assistencialistas”, diz Schames.
O Festival de Cinema Acessível Kids,
assim como o Festival de Cinema Acessível, segue os direcionamentos presentes
nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela ONU. Contribui
diretamente para a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promove a
oportunidade de aprendizagem, crescimento inclusivo e sustentável da sociedade
e oportuniza trabalho digno para todos (pessoas com e sem deficiência).
“Estamos alinhados com os objetivos do desenvolvimento sustentável - ODS 4, ODS
8 e ODS 10 – e participamos diretamente da agenda 2030 para o desenvolvimento
sustentável”, conta o presidente da Mais Criança.
Títulos do acervo da Som da Luz na
edição Kids
Malévola; Meu Malvado Favorito;
Universidade Monstro; Frozen Uma Aventura Congelante e Divertida Mente.
Sobre a OSC Mais Criança
A OSC atua na defesa e promoção dos
direitos humanos para a inclusão social, desenvolvendo e adotando tecnologias e
abordagens inovadoras com a acessibilidade universal. Tem como referência
os ODSs, em especial aqueles voltados para o desenvolvimento
socioambiental, a educação, a cultura e a saúde, em busca de uma sociedade
democrática equitativa e com acesso e participação de todos.
Ficha Técnica
Festival de Cinema Acessível Kids a
Serviço da Inclusão Educacional
Libras, legendas e Audiodescrição.
Programação*:
Filme: Malévola (2014, Fantasia/Aventura,
1h37m)
Dia 28, sessões do filme, às 9h45 e às
14h30.
Entrada Franca.
Inscrições pelo e-mail acessibilidade@senado.leg.br
Local: Auditório Senador Antônio Carlos
Magalhães, em Brasília, no Edifício Senador Ronaldo Cunha Lima., à Via N2,
bloco 2.
Produção: O Som da Luz tecnologias de Inclusão
Apoio: Bem Promotora, Salesforce, Total
Seguros, OSC Mundo Melhor e Senado Federal.
Descrição da imagem do cartaz do evento
O cartaz é colorido e quadrado. No alto,
os logos do Criança Esperança e OSC Mais Criança. Abaixo, em um retângulo de
fundo azul claro, que ocupa quase metade do cartaz, à esquerda, o desenho de
uma câmera com o nome Som da Luz. Ela destaca com um facho de luz o logotipo do
Festival de Cinema Acessível, à direita, em letras maiúsculas amarelas e cor
de laranja. A palavra Kids está dentro do desenho de uma claquete, um pequeno
quadro preto com uma barra móvel na parte de cima. Em uma linha branca abaixo,
a frase: A Serviço da Inclusão Educacional, escrito com letras maiúsculas de
cor preta. Segue abaixo em fundo amarelo ocupando a metade do cartaz, à
esquerda, a cena do filme Malévola retratada em um pedaço preto de rolo de
filme, com furinhos nas bordas de baixo e de cima. O título do filme está à
direita, juntamente com datas e horários. Mais abaixo, as informações sobre os
locais das sessões. No rodapé, sobre um fundo branco, a logo do produtor Som da
Luz e os logos dos apoiadores em uma linha horizontal. (fim da descrição)
*Dia 29, das 8h às 16h, Oficina para
Educadores, também no Auditório Senador Antônio Carlos Magalhães, em
Brasília, no Edifício Senador Ronaldo Cunha Lima, à Via N2, bloco 2.
Inscrições: contato@maiscrianca.org.br
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