Condomínios podem assegurar o anonimato de quem denuncia violência doméstica?
Com o aumento nos casos de violência e a legislação que obriga condomínios a denunciar, o canal de denúncias pode ser uma alternativa
Cláudio Marson, head de consultoria empresarial
e auditoria no Grupo IAUDIT
Em alguns estados do Brasil, é dever
legal do síndico reportar casos de violência doméstica às autoridades,no
entanto, os moradores podem se sentir receosos e não contribuírem fazendo uma
denúncia. Nesse contexto, um canal de denúncias pode se tornar uma alternativa
de manter o anonimato, levar a informação para a liderança do condomínio e
facilitar a convivência entre os vizinhos.
Um levantamento realizado pelo
Datafolha, a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrou que uma a
cada quatro mulheres foi vítima de violência, seja qual for o tipo, durante o
isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus entre 2020 e
2021.
Desde 2021, existe uma lei que obriga os
representantes de condomínios - comerciais ou residenciais - a denunciarem
casos de violência doméstica. Em São Paulo, por exemplo, a lei nº 17.406/21 é
responsável por atribuir o dever legal do síndico de denunciar agressões contra
mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência e adolescentes.
Mesmo que seja possível denunciar o
crime à polícia anonimamente, muitas vezes, o agressor pode ter uma ideia de
quem fez a denúncia. Por isso, pode colocar em risco a pessoa que faz a queixa
e, inclusive, criar tensão na convivência entre vizinhos.
“A estruturação de um canal de denúncias
em condomínios é semelhante à de canal de denúncias de empresas, forma-se um
comitê para análise e tratativas dos relatos. Com base nos relatos, podem
surgir apontamentos que complementam o regimento do condomínio e adota-se as
medidas cabíveis, nos casos de violência doméstica, por exemplo. Formando,
assim, um sistema de melhoria contínua”, explica Cláudio Marson, head de
consultoria empresarial e auditoria no Grupo IAUDIT.
Nesse cenário, a criação de um canal de
denúncias em condomínios torna-se uma alternativa para que o denunciante resguarde
sua identidade, assim como facilita para que o representante do condomínio tome
as providências. Além disso, é ideal que o canal de denúncias seja gerido por
uma empresa que não esteja vinculada à administradora do condomínio e aos
inquilinos.
Marson ressalta que o decreto nº
8420/2015 regulamenta aspectos da Lei Anticorrupção e, no cap. IV, versa sobre
o Programa de Integridade, que compreende o canal de denúncias como um de seus
pilares. Embora não seja específico para condomínios, o canal de denúncias é
uma ferramenta essencial para condomínios residenciais e empresariais.
Para compreender a importância de uma
ferramenta como essa, no Brasil, existem cerca de um milhão de condomínios, de
acordo com dados do Censo Demográfico de 2021 do IBGE, e por volta de 400 mil
síndicos, segundo a Associação Brasileira de Síndicos e Síndicos Profissionais
(ABRASSP).
Como manter o anonimato?
Durante uma denúncia é essencial
assegurar a identidade de realiza e, pensando nisso, Marson evidencia que um
canal de denúncias deve ser gerido por uma empresa fora da relação
condomínio/moradores.
“O mais indicado pelas boas práticas é
que o canal de denúncias seja gerido por uma empresa terceira, com garantia de
sigilo e anonimato, para que haja a real imparcialidade no recebimento e
tratamento das denúncias”, comenta.
Além disso, é importante evidenciar que
o anonimato é pré-requisito para a implantação de qualquer canal de denúncias,
com a intenção de que o denunciante sinta-se confortável em relatar algum caso,
especialmente no contexto residencial.
Segundo Cláudio Marson, é preciso
compreender que o Canal de Denúncias não é uma forma de “caça às bruxas”, mas
uma ferramenta que possibilita a identificação de pontos que precisam de
melhorias e traz mais segurança para os condomínios.
Após o registro da denúncia, o Comitê
recebe o relato para iniciar a apuração do caso. O fluxo de encaminhamento dos
casos compreende também a possibilidade de envio das denúncias para um outro
nível de hierarquia, caso um dos denunciados seja do Comitê.
“Dependendo da complexidade de cada
caso, é possível que algumas situações necessitam passar por uma assembleia
para deliberação, algumas sofrerão as sanções já previstas no regulamento do
condomínio e outras necessitem de auxílio para apuração do caso e/ou comunicar
os órgãos de segurança pública”, esclarece o head de consultoria empresarial e
auditoria no Grupo IAUDIT.
Sobre o Grupo
IAUDIT:
O Grupo IAUDIT oferece auditorias, consultoria empresarial e tecnologia de ponta especialmente para Background Check, Portal de Apelação e Canal de Denúncias. Além de trazer o que há de mais inovador no mercado tecnológico e corporativo, incorporando precisão e velocidade nos seus serviços. Saiba mais: https://www.iaudit.com.br/
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