Crédito ou Débito?
Rafael Bellini*
Todo mundo alguma vez
na vida respondeu a essa pergunta ao fazer uma compra.
Diante da importância
crescente que os temas descarbonização e transição energética passaram a ter na
pauta de todos os setores produtivos, serviços e por que não, de cada um de
nós, o reflexo que tais mudanças trarão para o nosso dia a dia, faz com que a
pergunta do título ganhe um novo sentido.
Saber se você é um
agente que possui crédito ou está em débito de carbono, conhecer qual a sua
“pegada” e o nível de sustentabilidade do seu negócio, são informações que
orientam cada vez mais os negócios e de quem iremos consumir.
Segundo as novas
estimativas do SEEG - Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de
Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa do Observatório do Clima, o Brasil liberou
em 2020 um total de 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico.
Olhando somente para o
nosso país, desde 1850 foram emitidas 112,9 bilhões de toneladas de CO2
(GtCO2), sendo que aproximadamente 85% desse montante estaria associado à
derrubada de florestas e o uso intensivo de recursos não renováveis.
Como curiosidade, o
tempo de permanência do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera é de mais ou
menos 150 anos, por aí podemos entender que temos um débito ou excesso de
poluição no ar. Também conhecido como gás carbônico, esse elemento é um dos
compostos químicos gasosos que provocam graves desequilíbrios no efeito estufa
do planeta, e cuja emissão se faz principalmente, pelo uso de combustíveis
fósseis (petróleo, carvão e gás natural) nas atividades humana, somado ao
desmatamento e a agropecuária.
Qual seria a principal
causa do aumento do CO2 na atmosfera?
Nos últimos anos, houve
um considerável aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.
As atividades humanas ligadas à indústria, as atividades agrícolas, o
desmatamento e o aumento do uso dos transportes estão entre os principais
responsáveis pela emissão desses gases.
No final do mês de
julho desse ano, foi notícia o falecimento do cientista britânico James
Lovelock, autor da Hipótese de Gaia, na qual defendia que a Terra era um
organismo vivo, destacando que ela atua como um organismo autorregulador, e que
os humanos prejudicam com suas atividades o equilíbrio deste ecossistema.
Seus estudos
colaboraram muito para ampliar a conscientização sobre os riscos climáticos em
função do uso de combustíveis fósseis e os efeitos nocivos dos gases causadores
do efeito estufa, muito antes de se falar em crédito de carbono.
O tema
sustentabilidade, hoje tratado em todas as instâncias dentro da agenda ESG (em
português) Ambiental, Social e Governança, reforça o anseio de parte considerável
da população em trabalhar pelo equilíbrio do planeta, por uma questão de
sobrevivência.
O uso intenso dos
recursos naturais, sem as devidas compensações ou substituições por fontes de
energias limpas, tem ocasionado consideráveis alterações no clima do mundo,
fatores suficientes para entendermos que a “corda” está bastante esticada e
desgastada em alguns pontos, mostrando que a balança ambiental está
desequilibrada, e todos nós estamos em débito com o planeta.
É consenso, a
necessidade em se investir no uso de fontes de energia renováveis (Eólica,
Solar, Hidrogênio, Etanol, Biomassa, Biogás), reduzindo-se gradativamente o uso
dos combustíveis fósseis, fazendo com que fontes poluentes abram espaço para a
adoção de fontes limpas, ou seja, o equilíbrio está na combinação da redução
das emissões dos gases nocivos, com a adoção de novas matrizes energéticas.
Trata-se de uma grande
transição, e que pode começar por pequenas ações como por exemplo, a redução do
uso de transportes em trajetos curtos, optando por ir a pé ou de bicicleta,
preferência pelo uso de transporte coletivo e de produtos biodegradáveis,
incentivo à coleta seletiva, aquisição de produtos com alta desempenho
energético, entre outras ações.
Mais do que crédito ou
débito, neutralizar nossas emissões é urgente e uma atitude de respeito com o
próximo e com o planeta.
*Rafael Garcia Pereira Bellini é Bacharel em Direito e Chefe de Gabinete na Presidência da ABIMAQ/SINDIMAQ
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