Dia dos Idosos: o poder da 'economia prateada' e como se planejar para ter independência financeira e longevidade ativa
Segundo pesquisa os idosos estão consumindo
mais e movimentando cerca de R$ 1,6 trilhão por ano. Especialista ressalta que
as empresas precisam valorizar o potencial econômico desta faixa etária. Além
de dar dicas para as pessoas se programarem para poderem usufruir bem do
dinheiro depois dos 60+ e terem condições para pagar um suporte para manter a
autonomia
O Dia Internacional
do Idoso, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), é celebrado
em 1º de outubro e de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) aponta que pessoas com 60 anos ou mais representam 14,7% da
população brasileira no ano de 2021. Por causa desse público consumidor cada
vez maior, há alguns anos nasceu o conceito de “economia prateada”, que indica
esse mercado de produtos e serviços voltados a idosos.
Márcia Sena, especialista em longevidade
ativa e fundadora e CEO da Senior Concierge, empresa que pratica um modelo de
atenção integrada para dar suporte as pessoas com mais de 60 anos, pontua que a
maior longevidade dos brasileiros e brasileiras acaba refletindo em toda a
estrutura da economia.
Idosos consumindo mais
Também chamado de “economia da
longevidade”, o mercado de consumo para idosos é bastante grande no Brasil. A
agência de relações públicas e marketing norte-americana FleishmanHillard
indica que os idosos movimentam cerca de R$ 1,6 trilhão por ano.
Apesar do alto valor, que corresponde a
quase 20% do consumo do país, as pessoas com mais de 60 anos enxergam vários
problemas ao fazerem compras de produtos e serviços. Na mesma pesquisa da
FleishmanHillard, 72% dos idosos entrevistados disseram que reconhecem um
despreparo nas lojas e outros 65% disseram que não acreditam na adequação de
marcas para atender às suas necessidades. Enquanto isso, 52% afirmaram ter
dificuldades para encontrar produtos que atendam suas vontades.
Márcia Sena argumenta que os
empreendimentos ainda voltam toda a comunicação e linguagem para públicos mais
jovens. Nesse caso, a publicidade é voltada principalmente para os “millenials”, que são aquelas
pessoas que nasceram entre meados de 1981 e 1995, e que tem hoje entre 41 e 27
anos.
“Como essa faixa representa a maior
fatia da população economicamente ativa do país, as empresas acabam focando
seus esforços para tentar fazer com que essas pessoas consumam seus produtos.
Isso gera um descaso muito grande com os idosos, que seguem consumindo e
representam um mercado trilionário”, salienta a especialista.
A falta de ações comerciais específicas
para quem tem mais de 60 anos resulta em uma falta de senso de pertencimento.
Um levantamento da Pipe.Social com a Hype60+, chamado de “Tsunami Prateado”,
salienta que 52% dos idosos não são fieis a nenhuma marca, por exemplo. Com o
público acima dos 75 anos esse número é ainda maior: 74% dizem não ter marca
favorita.
“Do outro lado, essa falta de
representatividade gera oportunidades. Empresas que adotarem estratégias
colocando os idosos como foco terão um adicional competitivo bastante grande,
já que esse público crescerá muito nos próximos anos e décadas”, defende Sena.
Empreenderismo na terceira idade
A especialista em envelhecimento
ressalta que o aumento dos anos de atividade faz com que muitas pessoas
invistam em outras profissões ou até em negócios próprios para ampliar a renda.
De acordo com os dados do Sebrae (Serviços Brasileiro de Apoio às Micros e
Pequenas Empresas) dos 20 milhões de empreendedores do Brasil, 10% deles estão
na terceira idade.
“Aposentadoria não é mais sinônimo de
estagnação na vida. Com idosos mais saudáveis e vivendo, em média, até quase 80
anos, se aposentar aos 60 e poucos anos não significa deixar de ser uma pessoa
economicamente ativa. Muito pelo contrário. As empresas estão percebendo que
idosos têm demandas e necessidades como qualquer outra faixa etária, o que tem
feito com que seja criado todo um novo setor comercial”, afirma.
Planejamento para garantir autonomia na
velhice
Canva Divulgação |
Além de não ser mais sinônimo de caminho
para o fim como consumidor ativo, a aposentadoria também não indica mais que as
pessoas estão encerrando a vida profissional. Muito pelo contrário. Com a
Reforma da Previdência, por exemplo, a idade mínima para aposentadoria chegará
aos 65 anos para homens (em 2029) e 62 anos para mulheres (em 2031).
Márcia Sena lembra que um dos reflexos
do alongamento da vida das pessoas é justamente a manutenção das atividades
profissionais. Mesmo atualmente, boa parte das pessoas continuam trabalhando
mesmo após receberem o benefício do INSS. Dentre os motivos para isso está o
fato de que muitas vezes o dinheiro é insuficiente para manter um padrão de
vida desejado.
“Por isso é essencial que as pessoas
realizem um planejamento para envelhecer com antecedência. É preciso se
programar para usufruir bem do dinheiro na velhice e ter condições de ter um
suporte para manter a autonomia”, diz.
Nos Estados Unidos – já que o fenômeno
do aumento de expectativa de vida é praticamente global – existem profissionais
específicos que realizam consultoria financeira para quem quer chegar na
terceira idade com boas reservas.
A pesquisa How Well Do Retirees Assess The Risks They Face In
Retirement?, ou “Como os aposentados avaliam os riscos que
enfrentam na aposentadoria?”, realizada pelo Centro de Pesquisa de
Aposentadoria da Boston College, aponta questões que devem ser levadas em
consideração para quem quer ser financeiramente independente depois dos 60
anos:
- É preciso avaliar os riscos de
saúde: ou seja, se planejar para
gastos emergenciais por causa de problemas médicos;
- É preciso avaliar os custos
políticos: a mudança de governos acaba
muitas vezes alterando também a direção de benefícios sociais como a
Previdência Pública. Por causa disso, é essencial estar atento aos rumos
das políticas sociais;
- É preciso avaliar a própria
longevidade: muitas vezes, as pessoas agem
com expectativas muito baixas em relação a própria longevidade. Por isso,
o indicado é sempre realizar um planejamento esperando uma vida mais
longa;
- É preciso avaliar o mercado:
as decisões políticas, por exemplo, acabam afetando o mercado, gerando
eventos em cadeia que desvalorizam (ou valorizam) a moeda. Para quem está
pensando a longo prazo, é importante entender a volatilidade da economia
para saber quais os investimentos mais adequados, prazos, riscos e etc.
- É preciso avaliar questões
familiares: além de pensar na própria
condição, quem se planeja para ter uma aposentadoria tranquila precisa
colocar na equação o risco familiar. Saber que está exposto a questões
como morte na família, divórcios, desemprego ou doença de filhos, pais e
cônjuges pode ser um diferencial na hora de elaborar um plano.
“Ponderar todas essas coisas pode
garantir aos 60+ não apenas uma boa condição financeira, mas consequentemente
uma boa saúde e bem-estar físico e emocional”, finaliza Márcia Sena.
Sobre Márcia Sena
É fundadora e CEO da Senior Concierge e
especialista em qualidade de vida na terceira idade. Tem MBA em Administração
na Marquette University (EUA) e experiência em várias áreas da indústria
farmacêutica.
Criou a Senior Concierge a partir de uma
experiência pessoal de dificuldade de conciliar seu trabalho como executiva e
cuidar dos pais que estão envelhecendo. Se especializou nas necessidades e
desafios da terceira idade e desenvolveu serviços com foco na manutenção da
autonomia dos idosos no seu local de convívio, oferecendo resolução de
problemas de mobilidade, bem-estar, tarefas domésticas do dia a dia e
segurança.
Sobre a Senior Concierge
É uma empresa com um novo jeito de dar suporte aos 60+, com um modelo de atenção integrada e centrada nas reais necessidades dos adultos maiores. Uma resposta dos novos tempos para um modelo que se esgotou, que é o modelo curativo baseado nas doenças, praticado por outras empresas de home care. Com a proposta de garantir um envelhecimento prazeroso, proporcionando qualidade de vida e bem-estar aos familiares.
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