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Na capital do Cerrado, combinação de múltiplo uso do solo e conservação vira negócio em Goiás

Modelo de gestão aplicado no Legado Verdes do Cerrado, Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável no Norte goiano, alia atividades da nova economia e agronegócio

 

Fruto das atividades da nova economia, reserva já soma descobertas científicas de valor para indústria farmacêutica e ao mercado de voluntário de carbono, com a certificação do primeiro projeto de crédito de carbono do Cerrado do país

 

Território de 32 mil hectares da reserva integra região de Área Prioritária Para Conservação do Cerrado no Brasil. Esforços dirigidos à conservação do bioma podem ajudar o país a cumprir suas metas de desenvolvimento sustentável

Foto/Laila Rebecca 

No ranking entre os 10 maiores estados do país por PIB (Produto Interno Bruto) nominal, Goiás tem boa parte das suas riquezas brotando da terra, graças aos cerca de 70% do território do Estado compostos por Cerrado¹. Além de ser um diferencial competitivo econômico, também é uma responsabilidade, sendo o principal desafio a conservação de um dos biomas mais biodiversos e ameaçados do planeta. A procura por soluções e alternativas pode ter um novo caminho pavimentado com o modelo de negócio aplicado no Legado Verdes do Cerrado – Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável de propriedade da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), localizada em Niquelândia (GO) –, que alia o múltiplo uso do solo à conservação.

 

Em 2022, o Legado Verdes do Cerrado completou cinco anos e, com o arranjo inovador do modelo de negócio da Reservas Votorantim, empresa gestora da área, aplicado nos 32 mil hectares de área, implementa uma nova forma de uso e ocupação do solo, onde 20% do território é destinado às economias tradicionais (agropecuária), usados de maneira inteligente e rentável para custear os outros 80%, que representam a mata conservada.

 

“Os avanços que tivemos nos últimos cinco anos com esse modelo de gestão estão gerando impactos positivos para o bioma e ao país. A conservação de um bioma não tem uma única solução, mas a combinação de alternativas tem se mostrado um caminho possível para vencer os desafios, principalmente a perda de áreas naturais para o desmatamento”, diz David Canassa, diretor da Reservas Votorantim.

 

O diretor se refere aos resultados já obtidos que assinalam a efetividade do modelo de negócio.

 

Portfólio de negócios da nova economia  

 

Encabeça a lista dos resultados as atividades da nova economia desenvolvidas na área. Dentre os destaques, está o banco de sementes de espécies nativas do Cerrado, um dos maiores do país, com 1,9 milhão de amostras. O banco é fruto de outra iniciativa: o Centro de Biodiversidade – que une pesquisa científica com a produção de espécies nativas da flora.

 

Inaugurado em 2018 e ampliado em 2019, o espaço tem capacidade de produção de 200 mil mudas/ano e, atualmente, atende a demanda de projetos de reflorestamento, principalmente nos estados de Goiás e Minas Gerais, de parceiros da Reserva, instituições e proprietários rurais, além de prefeituras em projetos de recuperação da flora e paisagismo urbano. Hoje, já foram catalogadas 1.500 espécies, o que representa 12.5% de toda flora do Cerrado no país inteiro.

 

“O Brasil se comprometeu com a meta de restaurar 12 milhões de hectares de áreas degradas até 2030. Deste total, 5 milhões estão localizados no Cerrado. Portanto, iniciativas, como o banco de sementes e o Centro de Biodiversidade são essenciais para contribuir com as metas nacionais e internacionais de desenvolvimento sustentável, como as elencadas pela Década da Restauração, instituída pela ONU [Organização das Nações Unidas]”, acrescenta Canassa.

 

Neste ano, um importante e recente resultado se destaca: a CBA e a Reservas Votorantim certificaram o primeiro projeto de REDD+ do Cerrado, que monetiza o estoque de carbono por desmatamento evitado. O projeto contempla uma área de 11,5 mil hectares do Legado, com 350 mil toneladas de carbono já certificadas.

 

No portfólio, também integra o Arrendamento de Reserva Legal, que oferece a possibilidade de “alugar” áreas do Legado Verdes do Cerrado a quem precisa cumprir o requisito de Reserva Legal, dentro da modalidade de compensação, como é previsto no Código Florestal. Em outras palavras, para imóveis rurais no Cerrado, o percentual de Reserva Legal exigido, ou seja, cobertura de vegetação nativa, é de 20% da propriedade. O imóvel que tem déficit de Reserva Legal, pode compensá-la em outra área do mesmo bioma, pagando para mantê-la de pé e conservada. Atualmente, 10 mil hectares estão disponíveis para esse produto no Legado.

 

Outra iniciativa da nova economia realizada pelo Legado Verdes do Cerrado é o projeto de agrofloresta, que une a produção agrícola com o cultivo de espécies nativas em uma área de 6 hectares, principalmente o baru e o cajuzinho do Cerrado. Implantado em 2018, o projeto abriga aproximadamente 2 mil árvores e continua em expansão.

 

“Todas essas atividades são desenvolvidas junto à pecuária e à agricultura no Legado Verdes do Cerrado. Esses resultados são evidências de que agronegócio e conservação do Cerrado podem caminhar juntos. Hoje, a demanda por commodities no Brasil conta com diferentes tecnologias que promovem mais eficiência produtiva e menor pressão por desmatamento. Com a implementação de novas alternativas, é uma oportunidade para aproveitar o potencial produtivo do bioma, restaurar e conservar as áreas naturais. Por isso, reforçamos o modelo de negócio do Legado Verdes do Cerrado como uma oportunidade para o bioma e para a economia”, acrescenta David Canassa.

 

Área Prioritária Para Conservação

O Cerrado é a savana tropical mais rica do mundo, abriga cerca de 5% de toda a biodiversidade do planeta. O bioma também concentra 30% dos diversos seres vivos encontrados no Brasil, além de oito das doze bacias hidrográficas, essenciais para abastecer os lares de milhões de brasileiros e a indústria nacional².

 

Mesmo com toda essa importância, o bioma já perdeu cerca de metade da sua cobertura original. Somente em Goiás, na última década, o desmatamento dizimou quase 1 milhão de hectares². Mesmo assim, somente 3% das áreas naturais do Estado estão sob alguma proteção de Unidades de Conservação4.

 

Por isso, diversas regiões de Goiás (e do Brasil, onde o bioma ocorre) foram classificadas como Áreas Prioritárias Para Conservação do Cerrado no Brasil, e hotspot mundial de biodiversidade, ou seja, que necessitam de proteção e conservação para assegurar a sua riqueza biológica. A região de Niquelândia, onde o Legado Verdes do Cerrado está inserido, é uma delas5. “O valor e a importância do território da Reserva vêm se provando ao longo dos últimos anos. Temos compromissos e objetivos bem delineados com o desenvolvimento sustentável não só do Legado, mas de todo o entorno, valorizando e aproveitando o potencial dessa região única”, finaliza o diretor.

 

Legado Verdes do Cerrado em dados e fatos

 

Além dos resultados com as atividades da nova economia, o valor do território possibilitou descobertas relevantes para a conservação do bioma, por meio das pesquisas científicas realizadas na Reserva. Dentre os resultados das pesquisas e características do território da Reserva, os destaques são:

 

- O Legado Verdes do Cerrado é a primeira Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável desse bioma no país;

- É a maior reserva privada de Cerrado de Goiás;

- Já foram registradas 1.500 espécies da flora nativa, sendo 60 que só são encontradas nessa região e 30 com propriedades para fármaco e indústria de cosméticos, como óleos essenciais;

- Dentre as espécies, está uma nova, descoberta no Legado em 2021: a Erythroxylum niquelandense, que pode ter valor para indústria farmacêutica, já que tem propriedades utilizadas em medicamentos para o tratamento de doenças como câncer e Aids;

- O Rio Traíra, que abastece os mais de 40 mil habitantes de Niquelândia, nasce e é protegido pelas matas ciliares da Reserva por cerca de 92 km;  

- Já foram registradas 25 espécies de anuros (sapos, rãs e pererecas). Dessas, sete só são encontradas no Cerrado, além de 20 espécies de outros animais, incluindo a onça-pintada;

- 40 espécies de peixes foram identificadas, sendo duas registradas pela primeira vez em Goiás;

- A Reserva também é Área Prioritária Para Conservação de Cavernas. No território foram descobertas sete cavernas.

 

¹ https://www.goias.gov.br/conheca-goias/geografia.html

² Bioma Cerrado - A savana mais biodiversa do mundo está ameaçada, WWF-Brasil / Bento Viana

³ https://cerradodpat.ufg.br/#/

4 https://uc.socioambiental.org/noticia/119158

5 Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade no Cerrado e Pantanal, WWF-Brasil e Ministério do Meio Ambiente (MMA)

 

Sobre o Legado Verdes do Cerrado

O Legado Verdes do Cerrado, com aproximadamente 80% da área composta por cerrado nativo, é uma área de 32 mil hectares da CBA - Companhia Brasileira de Alumínio, uma das empresas investidas no portfólio da Votorantim S.A. A cerca de três horas de Brasília, é composta por dois núcleos. No núcleo Engenho, nascem três rios: Peixe, São Bento e Traíras, de onde é captada toda a água para o abastecimento público de Niquelândia/GO. Nele está a sede do Legado Verdes do Cerrado onde, em 23 mil hectares, são realizadas pesquisas científicas, ações de educação ambiental e atividades da nova economia, como produção de plantas e reflorestamento; enquanto 5 mil hectares são áreas dedicadas à pecuária, produção de soja e silvicultura. O núcleo Santo Antônio Serra Negra, com 5 mil hectares, mantém o cerrado nativo intocado e tem parte de sua área margeada pelo Lago da Serra da Mesa.

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Sobre a CBA

 

Desde 1955, a CBA - Companhia Brasileira de Alumínio - atua de forma integrada, da mineração ao produto final. Com capacidade de gerar 100% da energia consumida através de fontes renováveis, a CBA fornece soluções sustentáveis para os mercados de embalagens, transportes, automotivo, construção civil e bens de consumo, além de ser líder em reciclagem de sucata industrial de alumínio.  Com a abertura de capital em 2021 (CBAV3), foi a primeira Companhia no segmento a ter ações negociadas na B3. Com receita líquida de R$ 8,4 bilhões em 2021 e R$ 1,5 bilhão de EBTDA ajustado no período, a CBA tem o compromisso de garantir a oferta de alumínio de baixo carbono em parceira com os stakeholders, desenvolvendo as comunidades em que está inserida e promovendo a conservação da biodiversidade.

 

Quer saber mais? Acesse www.cba.com.br

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