Na Semana Mundial do Investidor, especialistas trazem dicas sobre as mais promissoras e inovadoras frentes de investimento
Celebrada
neste ano de 3 a 9 de outubro, a iniciativa tem como foco fomentar a
educação financeira e a proteção aos investidores
Para além dos investidores,
abaixo especialistas buscam orientar também empreendedores que buscam
investimentos para seus negócios
São Paulo, setembro de 2022 – A World Investor Week (WIW), ou Semana
Mundial do Investidor, é uma campanha global promovida em mais de 100 países
pela Organização Internacional das Comissões de Valores (IOSCO). Neste ano, a
sexta edição acontecerá de 3 a 9 de outubro, mantendo o foco de disseminar
educação financeira e proteção aos investidores. No Brasil, a campanha é
coordenada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade vinculada ao
Ministério da Fazenda, responsável por disciplinar, fiscalizar e desenvolver o
mercado de valores mobiliários.
De acordo com especialistas, a capacitação
em torno do universo dos investimentos se faz cada vez mais necessária, uma vez
que o número de brasileiros interessados não só em aplicações tradicionais como
também em inovadoras, tem crescido.
São diversos os critérios que devem ser
avaliados antes de começar a investir, independente de qual seja a classe de
ativos e, neste cenário, iniciativas que buscam fomentar o conhecimento sobre
como investir com segurança e responsabilidade são bastante bem-vindas.
Abaixo, especialistas brasileiros
destacam as principais dicas sobre algumas das mais promissoras e inovadoras
frentes de investimentos, como também apontam iniciativas que podem ser
adotadas por empreendedores que buscam investimentos para seus negócios.
Investimento em fundos de venture
capital
Ao longo dos últimos anos, a procura de
investidores brasileiros por investimentos em startups de forma direta ou via
fundos de venture capital tem sido crescente. A alocação de uma parcela do
portfólio de investimentos em startups pode ser bastante interessante,
dependendo do perfil de risco e horizonte de tempo do investidor. Entretanto,
cabe avaliar as diferenças, vantagens e desvantagens de se investir diretamente
nas empresas ou via fundos de venture capital.
Nemer Rahal, sócio executivo da Mindset Ventures,
gestora brasileira de venture
capital que conecta investidores a empresas de tecnologia
localizadas nos Estados Unidos e em Israel, argumenta que, investimentos via
fundos oferecem diversificação do risco, na medida em que os recursos são
alocados em múltiplas empresas, ao contrário do investimentos direto no qual o
risco é concentrado em uma ou poucas startups. "Ao investir em fundos de
gestores bem estruturados, o investidor passa a contar com uma equipe de especialistas
conectada neste mercado, com acesso a um fluxo muito maior de oportunidades por
ano e com processos de análise e seleção que tendem a aumentar
significativamente a chance de sucesso do investimento”, diz.
Universo promissor das criptomoedas
Há mais de 21 mil criptomoedas em
circulação no mercado, de acordo com a consultoria especializada CoinMarketCap.
Com as mais variadas funcionalidades, esses ativos acabam sendo ofuscados pelos
criptos mainstream, mais famosos e que recebem grande atenção da mídia.
Entretanto, para Orlando
Telles, diretor de research da Mercurius Crypto,
holding de inteligência focada em criptoativos, mesmo com a grande oscilação do
mercado cripto, a partir de uma análise fundamentalista, é possível identificar
criptomoedas com grande potencial de investimento para além das famosas Bitcoin
e da Ethereum.
“A chuva de informações pode prejudicar
bastante as decisões dos investidores, principalmente no início, quando ainda
há tantas dúvidas. Além disso, o mercado de criptoativos vai muito além do que
se imagina”, diz o especialista ao destacar que ainda há quem pense que o
mercado de cripto se resume a moedas virtuais. “O setor cripto tem inúmeros
modelos de negócios, que podem e devem ser analisados como qualquer outra
classe de ativos”, diz. Entre as principais dicas que Telles destaca para
aqueles que estão chegando no universo cripto, está entender o funcionamento da
blockchain; começar investindo em ativos nos quais se conhece a fundo; montar
uma tese de investimento; e aprender a custodiar seus ativos.
Para Ramon Silva, empreendedor em série e
especialista em tecnologia, antes de iniciar o investimento em
qualquer setor, principalmente, em criptomoedas, o interessado deve se educar,
e existem duas questões importantes a serem entendidas. A primeira é que essa
modalidade exige um maior conhecimento técnico, por conta da inovação
tecnológica por trás das criptomoedas, o investidor precisa entender o porquê
do investimento e não ser guiado pelo hype. Em segundo, é preciso atentar-se às
questões referentes à regulação, já que trata-se de um mercado descentralizado.
Por fim, Ramon afirma que é de extrema
importância investir com base em fundamentos e entender porque aquela
criptomoeda faz sentido para investimentos. “Por exemplo, o Bitcoin é um ouro
digital, uma reserva de valor, ele não serve para praticamente nada mais além
disso. A Ethereum, por sua vez, é bem mais poderosa, pois atua como se fosse um
computador com múltiplos propósitos, proporcionando várias aplicações
descentralizadas”, finaliza.
E os investimentos em royalties
musicais, como funcionam?
Enquadrado na categoria de investimentos
alternativos, os royalties musicais são pagamentos que artistas recebem toda
vez que suas músicas são reproduzidas. Ao comprar uma fração do catálogo de um
artista, o investidor passa a ter o direito de receber parte desses rendimentos
mensalmente. Os pagamentos são feitos através das editoras e distribuidoras,
com ações vinculadas ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição
(ECAD), que recebe os valores e os repassa ao artista.
De acordo com Pedro Nasser, CEO da Brodr,
primeiro marketplace do Brasil dedicado a royalties musicais, essa modalidade é
bastante atrativa para investidores que buscam diversificação de carteira,
possibilitando, inclusive, que fãs se tornem sócios de seus artistas favoritos.
“Outro ponto positivo no investimento em royalties musicais é a acessibilidade.
Diferente de outras modalidades, que por vezes exigem um investimento inicial
muito grande, os royalties musicais, não. Na Brodr, por exemplo, é possível
investir a partir de R$ 186,97, sendo que a média de retorno para os clientes
gira em torno de 16% de Taxa Interna de Retorno (TIR), por vezes maior que a
poupança, CDB e Renda Fixa”, destaca.
Investimento anjo
É aquele efetuado por pessoas físicas
que utilizam o capital próprio para aplicar em negócios de outros
empreendedores. Bruno
Pinheiro, CEO da Turn2C, é investidor anjo há mais de
um ano e conta com quatro startups em seu portfólio. Segundo Pinheiro, ser
investidor anjo é assumir um risco maior, especialmente relacionado ao retorno
do investimento, pois as estatísticas costumam apontar que o dinheiro não será
recuperado. No entanto, quando a iniciativa funciona, é possível alcançar
múltiplos maiores do que qualquer outro investimento, com um lucro dez ou vinte
vezes maior que o valor investido.
Pinheiro explica que para ser investidor
anjo é preciso ter em mente que a maioria dos seus investimentos não vão dar
certo, e que para ter lucros, tudo depende da escolha da startup. “Tem que
avaliar alguns fatores como: qual é a solução que a startup está trazendo para
o mercado? É uma dor real? A startup está resolvendo essa dor? O produto tem
potencial para ser grande? A ideia ou o produto estão prontos ou ainda existe
trabalho para ser feito? É preciso levar essas questões em consideração antes
de investir em uma empresa”, diz.
Investimento em energia solar
São muitos os motivos para se investir
em energia solar, entre eles estão a grande economia na conta de luz, proteção
contra os aumentos de luz, valorização do imóvel, sustentabilidade e o retorno
do investimento. Pensando nisso, a SolarVolt
Energia, maior integradora de energia solar de Minas Gerais
e uma das principais do país, desenvolve projetos e soluções para energia solar
fotovoltaica e infraestrutura para recarga elétrica veicular.
De acordo com Gabriel Guimarães,
sócio-fundador e diretor Comercial da SolarVolt Energia, as estruturas solares
são capazes de gerar até 100% do consumo, além de produzirem uma energia limpa,
ou seja, sem impactos ao meio ambiente. “Em média, o retorno financeiro de uma
pessoa que inicia esse investimento ocorre em até quatro anos, considerando
que, quanto maior o valor investido, menor o prazo para esse retorno”, explica.
E para os empreendedores, quais as
melhores formas de buscar investimento?
Assim como investir, empreender e captar
recursos para o negócio é uma tarefa árdua e que demanda grandes esforços por
parte dos empreendedores. Além disso, é preciso administrar a alta
competitividade por novos clientes, as expectativas de crescimento acelerado, a
estabilidade no mercado e ainda se destacar frente aos fundos de investimento é
um grande desafio, principalmente para as startups.
Michael Citadin, cofundador e CPO da Unicorn
Factory, venture builder que ajuda startups a serem
bem-sucedidas por meio de soluções inovadoras, conhecimento e uma rede efetiva
(smart) de acreditadores, mentores e investidores, destaca que para atrair bons
investidores e, desta forma, fomentar o crescimento do empreendimento é
essencial absorver conselhos e feedbacks dos parceiros de negócios, avaliar se
aquele é o melhor momento para colocar a ideia em prática; estudar o contexto
macroeconômico; ter planejamento financeiro e cultura organizacional.
“Todo investidor busca sucesso em suas
aplicações. Cabe ao empreendedor mostrar que seu negócio está estruturado e
pronto para receber tal investimento. Percebemos que muitas empresas jovens
esbarram nos mesmos desafios, como se posicionar no mercado, identificar oportunidades
no segmento de atuação, planejamento de recursos financeiros e processos
relacionados às questões regulatórias, jurídicas e de compliance. Ter essas
questões alinhadas sem sombra de dúvidas deixa o empreendimento mais atrativo
para investidores”, aponta.
De acordo com o boletim do Mapa de
Empresas, o primeiro quadrimestre de 2022 registrou a abertura de mais de 1,3
milhão de empresas no país. São milhares de novos negócios que, eventualmente,
podem atrair a atenção de investidores. Neste contexto, Fernando Senna,
cofundador da Start Empreendedor, edtech criada por
empreendedores para empreendedores, com o propósito de apoiar em todas as
etapas da jornada de uma startup, da fase inicial a aqueles que já estão prontos
para escalar o seu negócio, onde muito deles surgem em momentos de crise, o
empreendedor atrativo é aquele movido por desafios, que busca constantemente
resolver problemas por meio de soluções criativas e inovadoras, muitas ideias
boas surgem em momentos adversos.
“O ideal é se preparar antes de
empreender, para que assim as suas chances de sucesso aumentem. Para começar,
vamos falar sobre um bom planejamento financeiro pessoal. É bom já ter um
investimento inicial logo de cara, seja próprio ou de algum investidor, de
alguém que está acreditando no negócio. Evite ao máximo começar a sua empresa
com empréstimo. O segundo ponto é ter o pitch deck bem preparado. Tenha em
mente que é necessário comunicar o seu negócio de forma simples, facilmente
entendível e óbvia. E por fim, não entrar em contato com os fundos apenas na
hora de captar. Levantar capital dá trabalho e toma tempo, por isso, busque
iniciar os relacionamentos com os investidores mesmo se não estiver captando”,
diz Fernando.
Ainda neste cenário, Candice Pascoal,
fundadora e CEO da Você.Expert, edtech que tem como
objetivo formar especialistas em negócios digitais e desgourmetizar o
empreendedorismo no Brasil, a primeira regra para captar investidores é nunca
iniciar a captação quando se precisa com urgência do dinheiro. Da mesma forma
como o animal pode perceber quando um humano está com medo, o investidor
também.
Segundo Candice, existem diversos tipos
de investimentos, então é importante pesquisar com atenção o perfil de cada
investidor e aplicar apenas nos que estiverem alinhados com a sua proposta,
pois o processo do primeiro contato e o recebimento do valor é longo e requer
grande troca de informações.
“O medo de não fechar um investimento ou
o desespero em receber o valor rapidamente, significa jogar todas as cartas de
negociação fora. Portanto, mantenha os custos baixos, não gaste antes de
receber e nunca considere qualquer investimento fechado antes que ele esteja de
fato na conta", afirma. Ainda como alternativa para captação de recursos,
a especialista destaca a modalidade de crowdfunding que, de acordo com dados do
Ministério da Economia divulgados no segundo trimestre de 2022, registrou
aumento de 139% no número de investidores em um ano. “Em um país onde é cada
vez mais difícil conseguir investidores, o crowdfunding surge como uma
alternativa simples e sem burocracia para alavancar o poder de criar e
transformar do brasileiro, transformando-o em uma forte fonte de receita e
mobilização social”, acrescenta.
Pedro Signorelli, especialista no método OKR (Objectives and Key Results -
Objetivos e Resultados Chave) e fundador da Pragmática
Gestão, destaca que empreender é uma tarefa bastante trabalhosa,
na qual é preciso persistir e ajustar a rota enquanto aprende ao longo do
caminho. Segundo Signorelli, hoje mais do que nunca, startups nascem e morrem,
antes mesmo de atrair investidores, porque não conseguiram se adequar às
novidades. Como dica, ele destaca o uso de ferramentas que proporcione clareza
de direção, facilite o alinhamento das equipes em torno do que é mais
importante, e que permita o alinhamento da rota do negócio rapidamente, seja
por questões internas, como descobertas e evolução do seu produto, ou externas,
como vimos recentemente com a pandemia de Covid-19 e guerra na Europa.
“A gestão por OKR atende a essas
premissas. É uma ferramenta que oferece uma administração participativa, todos
da companhia têm pleno conhecimento de como suas atividades contribuem para
entregar a estratégia da empresa, o que, inclusive, aumenta o grau de
satisfação de cada um, tem foco no resultado e, dentre outros pontos
importantes, permite ajustes constantes nos rumos da empresa. É uma ferramenta
de gestão, que exige tempo de uso e aplicação para que se possa extrair todo o
potencial contido nela”, aponta o executivo.
Além disso, por ser ano de eleição, é normal que dúvidas surjam envolvendo os próximos meses, fazendo com que muitas pessoas fiquem perdidas e sem saber como investir. Para João Victorino, especialista em finanças pessoais e idealizador do canal A Hora do Dinheiro, essa dúvida não deverá ocorrer. "Nossa posição não é diferente das ocorridas nas eleições passadas. Aliás, não é diferente do nosso dia a dia. As pessoas se preocupam bastante em tentar antecipar o que vai acontecer ao invés de procurarem estar bem posicionadas financeiramente para qualquer resultado. Esteja sempre com seu planejamento em dia e olhando para o longo prazo. As chances de ter bons resultados em investimentos são sempre maiores no longo prazo, acredite em mim”, conclui o executivo.
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