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Pesquisa mostra o que jovens esperam do próximo governo e como impacto da pandemia persiste entre as juventudes

  • Levantamento ouviu mais de 16 mil jovens sobre saúde, educação, trabalho, democracia e redução das desigualdades

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  • Para 63% dos participantes, educação deve ser prioridade para os governantes. Fortalecimento do SUS, recuperação econômica e ações contra a fome também são destaque

 

  • A terceira edição da pesquisa é coordenada pelo Atlas das Juventudes com apoio Itaú Educação e Trabalho, GOYN-SP e UNICEF e realizada em parceria com Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Rede Conhecimento Social, Mapa Educação, Porvir, UNESCO e Visão Mundial 

 

São Paulo, setembro de 2022 - Diante dos efeitos da pandemia no país, o que os jovens esperam dos governantes, às vésperas das eleições? Os candidatos que quiserem conquistar os votos dos jovens devem mostrar como pretendem investir em educação, combate à fome, fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e recuperação econômica. Esse é um dos resultados apontados na pesquisa “Juventudes e a Pandemia: E agora?”, que ouviu mais de 16 mil jovens de 15 a 29 anos de todo o país.

 

Esta é a terceira edição da série de pesquisas “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”, realizadas também em 2020 e 2021. As três edições juntas somam mais de 118 mil respostas. Na edição de 2022, foram ouvidos 16.326 jovens de 15 a 29 anos, entre os dias 18 de julho a 21 de agosto de 2022.

 

Após o isolamento social e a vacinação contra Covid-19, o levantamento ouviu as juventudes para entender os impactos, os hábitos adquiridos e as prioridades para a saúde, educação, trabalho e renda. E, diante do período eleitoral, também foram feitas perguntas sobre o fortalecimento dos processos democráticos. [Veja abaixo os principais resultados]

 

A pesquisa foi lançada na última terça-feira, dia 27 de setembro, em debate que reuniu jovens e especialistas das instituições parceiras, com transmissão ao vivo no YouTube do Canal Futura. A terceira edição da pesquisa é coordenada pelo Atlas das Juventudes e realizada em parceria com Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Rede Conhecimento Social, Mapa Educação, Porvir, UNESCO e Visão Mundial, com apoio de Itaú Educação e Trabalho, GOYN-SP e UNICEF.

 

"A maior geração de jovens da história do Brasil demanda propostas concretas e um compromisso real de governantes e candidaturas em 2022. A pesquisa revela alguns dos seus principais anseios e aspirações, além dos impactos da pandemia em suas vidas. Esse é um processo que temos conduzido ao longo de 3 anos com centenas de milhares de jovens e poderá contribuir para a definição de prioridades na escolha de que projeto de desenvolvimento e políticas públicas as juventudes querem para o nosso país.", afirma Marcus Barão, Coordenador Geral do Atlas das Juventudes e Presidente do Conselho Nacional da Juventude.

 

Jovens com ansiedade e que sentem atraso na aprendizagem

De acordo com os jovens, candidatos devem priorizar a educação (63%), a saúde (56%) e a economia, trabalho e renda (49%) e a redução das desigualdades (25%). Se fossem governantes, jovens dizem que investiriam em fortalecimento da educação, combate à fome, fortalecimento do SUS e planejamento para a recuperação econômica.

 

O forte impacto da pandemia na saúde mental de jovens ainda é sentido: 6 a cada 10 participantes passou ou vem passando por ansiedade nos últimos 6 meses e 50% sentem o cansaço e exaustão frequentes como efeitos da pandemia. No levantamento, 18% dos jovens relataram depressão e 9%, automutilação ou pensamento suicida.

 

Na Educação, 55% dos jovens sentem que ficaram para trás em termos de aprendizagem, como consequência da pandemia. E 11% ainda pensam em deixar de estudar nos últimos 6 meses, enquanto 34% já pensaram mas não querem mais parar. Durante os anos da pandemia, parte dos jovens chegou a interromper os estudos em algum momento: em 2020, foram 28%; em 2021, 16% e em 2022, 3%.

 

Já em termos de hábitos adquiridos durante a pandemia na educação, quase 7 a cada 10 citam o uso de tecnologias para estudar, e 5 a cada 10 relatam usar a internet para aprofundar os assuntos além do que é trabalhado em sala de aula pelos professores. Para enfrentar os efeitos da pandemia no mundo do trabalho, jovens citam como ações prioritárias a oferta de cursos para a qualificação profissional e editais para fomento de projetos das juventudes.

 

Veja as principais conclusões da pesquisa “Juventudes e a Pandemia: E agora?”

Vida Pública:

  • 9 a cada 10 jovens defendem a Democracia e 8 a cada 10 concordam que a pandemia deixou as pessoas mais atentas à política.
  • 82% irão votar nas próximas eleições, mas quase 7 a cada 10 estão pessimistas em relação ao comprometimento dos políticos com a sociedade.
  • A carreira política, no futuro, atrai apenas 4% dos jovens.
  • Segundo as juventudes, os candidatos devem priorizar a educação (63%), a saúde (56%), a economia, trabalho e renda (49%) e a redução das desigualdades (25%).
  • Se fossem governantes investiriam em plano de fortalecimento da educação (32%), ações de combate à fome (30%), ações para fortalecimento do SUS (27%) e plano para a recuperação econômica (27%).

 

Saúde:

  • Observa-se forte impacto da pandemia do Coronavírus na saúde mental das juventudes. Para 82% dos jovens a pandemia ainda não acabou e para quase 5 a cada 10, a principal preocupação permanece relacionada ao receio de perder familiares ou amigos. E quase 4 a cada 10 se preocupam com a possibilidade de outras pandemias ou tem receio de passar por dificuldades financeiras.
  • Diante dessas preocupações, 6 a cada 10 jovens pesquisados passaram ou vem passando por ansiedade nos últimos 6 meses. Mais de 5 a cada 10 relatam que a pandemia também intensificou o uso exagerado de redes sociais. E 50% sentem cansaço e exaustão frequentes como efeitos da pandemia. E 44% vivem a falta de motivação para as atividades cotidianas.
  • O agravamento da saúde mental levou quase 3 a cada 10 a utilizar aplicativos de saúde mental nos últimos 3 meses. E as atividades que eles mais demandam para conseguir manter a saúde mental estão relacionadas à psicoterapia, enquanto 1/4 cita atividades de socialização, como encontrar amigos, e 4 a cada 10 citam atividades físicas.
  • Quando questionados sobre ações prioritárias para que instituições públicas e privadas ajudem jovens a lidar com efeitos da pandemia, 47% sinalizam o acompanhamento psicológico especializado em jovens na saúde pública. E 39% citam o acompanhamento psicológico nas escolas. E ¼ pedem ações para garantir uma alimentação segura para os mais vulneráveis.
  • Para 74% das juventudes, um dos aprendizados da pandemia é a importância da atenção à saúde mental. No entanto, 64% estão pessimistas em relação à saúde pública.
  • Os e as jovens relataram a manutenção de importantes hábitos adquiridos na pandemia: Mais de 6 a cada 10 vão utilizar a máscara quando estiverem doentes e 7 a cada 10 permanecerão utilizando o álcool em gel ou lavando as mãos com mais frequência. E quase 7 a cada 10 manterão as vacinas em dia.

 

Educação e aprendizado:

  • Nos últimos 6 meses, 34% já pensaram em parar de estudar e 11% ainda pensam.
  • 55% desses jovens sentem que ficaram para trás, em termos de aprendizagem, como consequência da pandemia.
  • 82% pretendem continuar estudando após a conclusão da etapa que estão atualmente.
  • Contudo, durante os anos da Pandemia boa parte dos jovens chegou a interromper os estudos em algum momento: em 2020, foram 28%; em 2021, 16% e em 2022, 3%.
  • 52% sentem que desenvolveu ou intensificou a dificuldade de manter o foco, 43% de se organizar para os estudos e 32% para falar em público, em função do período remoto.
  • Em termos de hábitos adquiridos, quase 7 a cada 10 citam o uso de tecnologias para estudar. Cinco a cada 10 citam o uso da internet para aprofundar os assuntos e ir além do que é trabalhado em sala de aula pelos professores. Além do uso de ferramentas interativas para a aprendizagem. E 48% relatam que adquiriram o hábito de ler mais.
  • Quase 5 a cada 10 jovens consideram que os conteúdos mais importantes para a escola, estão relacionados a preparação para o mundo do trabalho, e atividades para trabalhar as emoções. Para 1/3, as estratégias para organizar o tempo de estudo são essenciais.
  • Mais de 7 a cada 10 estão otimistas em relação ao seu desenvolvimento nos estudos. E para cada 6 a cada 10 o otimismo prevalece em relação à qualidade do ensino e conexão da educação com o mundo do trabalho. Em relação aos aprendizados que a pandemia deixou para a educação, 9 a cada 10 concordam que as pessoas entenderam que há várias formas de aprender, que a tecnologia está sendo mais bem utilizada na educação e que novas dinâmicas de aula e de avaliação foram adotadas.
  • Pensando no futuro da educação e nas prioridades para apoiar jovens a lidar com os efeitos da pandemia, são destacados, novamente, o apoio psicológico, desta vez para toda a comunidade escolar, a bolsa de estudo e auxílio estudantil e a ampliação de oportunidades para a educação profissionalizante.

 

Trabalho e Renda:

  • Em relação ao tema de trabalho e renda, quase 8 a cada 10 jovens estão otimistas em relação a oportunidades de qualificação profissional e surgimento de novas formas de trabalho.
  • Pensando no futuro na área de trabalho e renda, são muitas as ações prioritárias para instituições públicas e privadas ajudarem jovens a lidar com efeitos da pandemia. As mais citadas foram: oferta de cursos para a qualificação profissional e editais para fomento de projetos das juventudes.

 

Perfil de jovens respondentes

  • Dos 16.326 jovens (15 a 29 anos) que responderam a pesquisa, houve respostas de todos os estados do país.
  • Há uma participação majoritária de mulheres (64%) em relação a homens (35%). E 1% se identificam como não binários ou outro gênero. Quase ¼ se consideram LGBTQIAP+.
  • 42% são brancos, 56% negros (40% pardos e 16% pretos), 1% amarelos e 1% indígenas. 3% são jovens com deficiência. 13% são responsáveis por filhos ou enteados.
  • Moram principalmente na zona urbana (93%). Poucos moram em territórios ou comunidades tradicionais (2%). Moram principalmente em capitais (36%) e interiores (36%).
  • 81% dos jovens respondentes estavam trabalhando quando responderam a pesquisa (proporção muito maior do que a taxa de empregados nessa faixa de idade no Brasil hoje); desses, 63% têm contrato de aprendizagem. E a renda familiar desses respondentes é semelhante à média da população: 2% não tem renda familiar, 40% têm até R$2.200 mensais, 26% têm entre R$2.201 e R$4.400 mensais, 18% têm mais de R$4.401 mensais.
  • 64% estavam estudando no momento em que responderam ao questionário. Destes, 4% estavam matriculados nos Anos Finais ou Educação de Jovens e Adultos (EJA); 29% no ensino médio regular; 2% no ensino médio EJA e 5% no médio técnico. 37% na graduação e 14% na pós-graduação.
  • Os jovens respondentes são amplamente engajados com grupos ou instituições: 72% integram ou já integraram grupos religiosos, coletivos ou movimentos juvenis, organizações sociais, conselhos ou partidos políticos.

 

Metodologia

Por meio da metodologia PerguntAção, da Rede Conhecimento Social, foram conduzidas oficinas online para construção coletiva de todas as etapas da produção de conhecimento: a definição das perguntas norteadoras, a concepção do questionário, a mobilização para a coleta de respostas, a análise dos resultados e a disseminação de resultados para comunicação e advocacy. Jovens de diferentes realidades e territórios são bolsistas colaboradores da iniciativa.

Questionário

Hospedado na plataforma online SurveyMonkey e respondido entre os dias 18 de julho a 21 de agosto de 2022. Contou com 70 perguntas distribuídas entre cinco principais blocos: perfil socioeconômico, saúde, educação, trabalho e renda e vida pública.

Amostra

Amostragem por conveniência, com monitoramento referenciado pela distribuição populacional de jovens. Ponderação por faixa etária e Unidade da Federação, com base na Pnad Contínua de 2022.

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