Pós The Merge: especialistas discutem o futuro da Ethereum
Na madrugada de 15 de setembro (horário
de Brasília), aconteceu oficialmente o The Merge da Ethereum, definindo a
mudança do mecanismo de consenso de Proof-of-Work (Prova-de-Trabalho) para
Proof-of-Stake (Prova-de-Participação).
Segundo a Ethereum Foundation, a rede
Ethereum deve se tornar mais eficiente em 99,95% em termos de gastos
energéticos logo, diminuindo a emissão de carbono, e deve preparar futuras
soluções de dimensionamento, como soluções de sharding, que consistem em
particionamento de banco de dados. No entanto, dados da CoinGecko mostram que o
valor do Ethereum caiu, chegando ao valor de U$1.428,87 após o The Merge.
Com a mudança, todos estão atentos aos
próximos passos para a Ethereum no mercado. A seguir, especialistas de grandes
empresas discutem o que esperar no Pós The Merge.
Análise do cenário
Para Rafael Izidoro, é
importante destacar que os fatores externos também influenciam diretamente os
preços dos ativos. O CEO e fundador da fintech Rispar
acredita que, no caso do ETH, apesar do sucesso da fusão, duas principais
notícias podem ter influenciado o sell-off:
“Em primeiro lugar, devemos ter em conta
a inflação americana, que pode levar o Fed a subir (novamente) a taxa de juros.
Além disso, o comentário de Gary Gensler (SEC) sobre cripto staking ser
considerado ativo mobiliário - o que inclui o novo formato proof-of-stake do
Ethereum -, também infere nesse momento”, explica Izidoro.
Benefícios para a comunidade
Para Cesário Martins, CPO da LoopiPay, em 15 de Setembro de 2022, a rede
Ethereum, a segunda maior blockchain que existe, fez um upgrade de sucesso e
alterou sua forma de trabalhar. Esse upgrade foi planejado por 6 anos e a fusão
que aconteceu na semana passada representa uma adoção oficial do Proof-of-Stake
(PoS) como novo algoritmo de consensos entre os nós validadores da rede. Esse
upgrade traz benefícios claros para a comunidade:
1 - A rede Ethereum agora é muito mais
amigável ao ambiente, trazendo uma redução de energia de 99.95%. Com isso, além
de ser melhor para a sociedade, abre espaço para que empresas e instituições
que estão ligadas a investimento em ESG participem da rede.
2 - O protocolo agora vai pagar um
retorno "risk free" para os validadores da rede. Atualmente, esse
retorno é de 4.1% ao ano. Esse é o chamado bond nativo da internet.
3 - Qualquer pessoa pode virar um
validador se tiver 32 ETH, sem precisar investir em máquinas pesadas, ou pode
fazer stake de uma quantidade menor de ETH em um validador para participar
dessa nova economia e aumentar a segurança da rede.
A fusão também provou ao mundo que a
rede Ethereum, apesar de ser um protocolo descentralizado, consegue se
organizar para evoluir sua tecnologia. O novo algoritmo de consenso está
preparando a rede para um futuro upgrade que deve aumentar a capacidade da
rede, melhorar sua velocidade e diminuir os custos de transação.
Tendência de preços positivos no médio e
longo prazo
O Ethereum passou por
um dos processos mais importantes de sua história, segundo Paulo Boghosian, co-head
do TC Cripto,
já que ele mudou seu mecanismo de consenso de “prova de trabalho” para “prova
de participação”. “Na prova de participação, em vez de haver mineradores
trabalhando para validar as transações, você tem pessoas colocando moedas em
stake (ou lockup) para validar essas transações. Isso significa que há uma
queda de consumo de energia bastante expressivo”.
O ponto é que, com essa atualização, o
Ethereum vai se tornar mais rápido, escalável e a sua taxa de emissão vai
diminuir bastante. “Ou seja, a emissão de novos tokens no protocolo vai cair de
4,5% ao ano para 0,5% ano, aproximadamente. Com isso, a oferta ficará cada vez
mais escassa, e isso tende a ser positivo para o preço, no médio a longo
prazo”, aponta Boghosian.
Outro ponto trazido pelo co-head é que
esse upgrade foi de complexidade super alta, já que foi feito enquanto a
blockchain continuava rodando e de forma impecável.
Mesmo que o preço do token tenha apresentado alta volatilidade próximo ao evento, foi menor do que o esperado. “Existia um posicionamento no mercado futuro muito agressivo, tanto dos shorts quanto de pessoas comprando opções de vencimento pro final do ano ou pro final do mês, a preços bem acima do que hoje o Ethereum foi negociado”, explica Paulo Boghosian.
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