Risco de imagem, baixo crescimento e aumento de custos serão obstáculos para quem não investir em ESG, afirma Marcelo Serfaty
Executivo apontou a necessidade de se investir
na agenda ESG durante evento organizado pela Liber sobre o tema
Marcelo Serfaty, CEO da Liber, durante o evento "ESG na cadeia produtiva"/Foto: Divulgação/Liber
São Paulo, setembro de 2022 - A agenda
ESG é uma necessidade inadiável, e sua importância foi reforçada, mais uma vez,
durante o evento "ESG na Cadeia Produtiva", organizado pela Liber,
empresa especialista em Supply Chain Finance, e que contou com a participação
de diversas empresas, como Petrobras, BNDES, JBS, CBA e grupo SOMA.
"O ESG não é mais um 'nice to
have', é um 'must have', pois ele implica em uma mudança definitiva e estrutural
nas relações econômicas dentro da sociedade", explicou Marcelo Serfaty,
CEO da Liber. Durante o evento, na sede da empresa em São Paulo, o executivo
apontou os três principais riscos para as empresas que não investirem nesta
agenda, sendo o primeiro deles a diminuição do crescimento. "Os
exportadores que não se atentarem às práticas ESG correm risco de serem
excluídos do mercado. Isso significa que o potencial de crescimento de quem não
tiver o conteúdo ESG dentro das suas companhias, será reduzido
consideravelmente", prosseguiu.
O segundo risco diz respeito ao aumento
de custos. "O sistema financeiro já não aceita mais esse modelo. Por isso,
empresas que realizarem seu IPO sem atentar a tais práticas terão custos
maiores, o que pode ameaçar, até mesmo, a sobrevivência do negócio",
afirma. "Existe, ainda, um terceiro risco que é o de imagem. Ele pode
provocar um efeito generalizado de perda de credibilidade nestas companhias.
Para aquelas que têm ações na bolsa de valores, o impacto poderá ser refletido
na queda das ações e de valor de mercado, além da confiança junto aos
investidores", completa.
Ainda durante o evento, o executivo
destacou que o investimento em ESG pode gerar ganho potencial de PIB, uma vez
que a adoção dessas práticas pelas empresas brasileiras possibilitará maior
acesso aos mercados internacionais. "Isso, consequentemente, aumentará a
busca por seus produtos por causa de um diferencial competitivo que, ainda, não
está consolidado no mundo. Todos estão avançando nesta direção e não podemos
ficar para trás".
Já Sonia Consiglio, escritora e SDG
Pioneer do Pacto Global da ONU Brasil, falou sobre como a sustentabilidade é
uma agenda estratégica e inadiável. "ESG não é uma sigla, é um novo modelo
de negócio", explica.
A palestrante citou ainda diversas ações
tomadas no âmbito internacional visando a agenda sustentável, como o pacote
bilionário aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos para a agenda climática e
a aprovação pelo Parlamento Europeu de uma série de propostas que visam a
redução do desmatamento. "Isso envolve, essencialmente, a cadeia de
suprimentos e essas ações movimentam a cadeia de fornecedores de todo o mundo.
Portanto, é importante estar atento a essas tendências e investir na ESG",
completa.
Bruno Aranha, diretor do BNDES, falou
sobre as ações adotadas pelo banco de fomento para estimular o desenvolvimento
sustentável no país. "Estamos trabalhando em três verticais:
institucional, recursos e soluções. Então, temos avançado de forma
institucional no que diz respeito a nossas políticas sociais e de governança,
bem como a gestão de pessoas e risco", afirma.
"No caso do pilar de recursos, o
BNDES está saindo de uma posição de mono funding, expandindo novas
possibilidades. Existem muitos fundings disponíveis para sustentar os projetos
socioambientais, e nós estamos tentando aproveitar essas oportunidades por meio
de fundos temáticos e relacionamentos com nossos parceiros. Temos ampliado
nossas soluções de crédito, sempre com a perspectiva da sustentabilidade".
Para Rafael Chaves, diretor de
Sustentabilidade da Petrobrás, a sustentabilidade é um desafio mundial. Apesar
do mundo ainda emitir muito gás carbono, o executivo destacou a necessidade de
se realizar a transição energética, mas de forma gradual e responsável. Para
ele, é necessário investir na descarbonização. "É preciso um forte
incentivo a essas práticas, e a Petrobrás tem ajudado neste processo por meio
de incentivos e patrocínios a eventos que visam a conscientização",
explica.
O executivo listou, ainda, alguns dos
principais artifícios que a Petrobras tem realizado visando essa transição
energética. "A primeira delas é o óleo de baixo carbono, que é ofertado no
mercado e tem uma emissão por barril de 10 kg de CO2 equivalente, enquanto a
média global é 17 kg CO2 equivalente, ou seja, temos uma redução de 70% nas
emissões", explicou.
"Outra iniciativa é na matriz de
transporte. O biocombustível brasileiro tem 25% de conteúdo renovável,
diferentemente da média global, que é de 5%. E a Petrobras, não só apoia, como
investe nessa produção. Inclusive, em nosso plano estratégico, temos a previsão
de construir uma planta para produzir bioQAV, que é conteúdo 100%
renovável", acrescenta.
Já Raquel Montagnoli, coordenadora
corporativa de Sustentabilidade da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA),
ressaltou que a empresa "já fazia ESG muito antes da sigla existir".
A CBA tem um programa de suprimentos sustentáveis e vem buscando estruturar sua
cadeia de fornecedores para alavancar todos os parceiros na agenda ESG.
"Nós acreditamos que só faz sentido se formos todos juntos. Então, não
queremos trabalhar sozinhos nesta agenda, mas trazer toda a nossa cadeia de
valor para esse novo modelo", explica.
"Compreendemos a agenda ESG como
fundamental para o nosso futuro. Por isso, elaboramos uma agenda estratégica
até 2030 com nossos principais objetivos e metas. Ao todo, temos mais de trinta
metas que buscamos alcançar até a próxima década. E a cadeia sustentável faz
parte delas. Nós buscamos fomentar essa agenda não só com nossos fornecedores,
mas também com nossos clientes", afirma.
Dentre os objetivos da CBA, um deles é
ter 100% da base de fornecedores alinhado com a política de Fornecimento
Sustentável da companhia e outra é aumentar em 10% as compras de fornecedores
locais, os PMEs. "Sabemos que não é fácil trabalhar com toda a cadeia de
valor para alavancar isso, mas temos um plano bem desenhado e que tem nos
ajudado nessa missão".
O evento "ESG na Cadeia Produtiva" contou ainda com uma rodada de conversas que uniu CBA, grupo SOMA e Friboi para discutir os principais cases empresariais voltados a tais práticas sustentáveis.
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